Descrição de chapéu Seleção Brasileira

Anvisa teve reunião com Argentina na véspera, mas não informou sobre deportação

Agentes do órgão interromperam o jogo deste domingo (5) com o Brasil, que terminou suspenso

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São Paulo e Brasília

Às vésperas de Brasil e Argentina se enfrentarem pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo, agentes da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) foram neste sábado (4) ao hotel em Guarulhos no qual os argentinos se hospedavam e não trataram sobre qualquer possibilidade de deportá-los.

Somente horas antes de a partida começar, a Anvisa mudou o posicionamento e afirmou, em nota publicada em seu portal neste domingo (5) às 12h43, que quatro atletas da equipe alviceleste descumpriram regras de quarentena contra a Covid-19 e não poderiam atuar contra o time brasileiro.

São eles o goleiro Emiliano Martinez, os meias Emiliano Buendia e Giovani Lo Celso e o zagueiro Cristian Romero. Todos atuam em clubes da Premier League.

A atitude desagradou jogadores argentinos e a cúpula da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Ao saber da presença dos agentes da Anvisa e da Polícia Federal na Neo Química Arena, o capitão Lionel Messi disse no vestiário que, se o quarteto fosse impedido de pisar no gramado, o time não jogaria.

Messi ganhou o apoio de todo elenco, inclusive do técnico Lionel Scaloni.

“Em nenhum momento nos notificaram que [os quatro jogadores] não podiam jogar a partida. Queríamos disputar o duelo, e os jogadores do Brasil, também”, disse Scaloni.

Argentinos e brasileiros acreditavam que um acordo informal entre as confederações sul-americanas e a Conmebol evitaria a autuação da Anvisa. Em nota após a suspensão do jogo, a AFA (Associação de Futebol Argentino) disse que, assim como a CBF, se surpreende com a atuação da Anvisa após o apito inicial do árbitro.

“A delegação alviceleste se encontrava no território brasileiro desde o dia 3 de setembro, às 8 horas, cumprindo todos os protocolos sanitários em vigor regulamentados pela Conmebol para realização das Eliminatórias”, afirma a nota da AFA. “Os relatos dos dirigentes da Conembol e do árbitro da partida serão encaminhados à Fifa, órgão competente de acordo com o regulamento [das Eliminatórias para Copa do Mundo].”

Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF em exercício, criticou a decisão tardia dos agentes, que entraram no gramado antes ainda dos dez minutos de partida.

“Todos levaram um susto [com a presença dos agentes da Anvisa]. Primeiro dizer que é lamentável um episódio desse tipo. Um jogo entre Brasil e Argentina desperta interesse de todo mundo. Há três dias, prepostos da Anvisa estavam acompanhando a seleção da Argentina. Portanto, se estavam acompanhando, causou estranheza deixar para o momento em o que jogou iniciou", afirmou.

"Uma situação dessa, em momento algum a CBF foi parte em qualquer negociação para tirar ou permitir a entrada de atleta", completou o mandatário interino da confederação, em entrevista ao SporTV.

A notificação formal dos quatro jogadores da Argentina só teria ocorrido dentro do estádio, neste domingo, segundo alegações da PF. Os policiais não poderiam agir até que a Anvisa fizesse essa notificação, conforme a instituição.

Notificados os jogadores, a polícia poderia, então, tomar as medidas administrativas requisitadas pela Anvisa, como garantir o isolamento desses atletas e o cumprimento de medidas sanitárias em vigor no país.

Os jogadores argentinos só foram ouvidos pela PF no aeroporto de Guarulhos e notificados a deixar o Brasil. O avião com a delegação argentina deixou o país logo em seguida, às 21h.

Já o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, afirmou à Folha, na noite deste domingo, que a seleção da Argentina foi informada, no sábado, de que os jogadores que vieram do Reino Unido ao Brasil seriam deportados. De acordo ele, não houve nenhum acordo para que os jogadores pudessem sair do isolamento para ir à partida.

"Então a nossa primeira impressão [após reunião com Conmbebol, CBF e delegação argentina] é de que haveria o acatamento do que foi determinado, que é 'mantenha-se isolado e prepare-se para a deportação'", disse Barra Torres. "Foi isso que foi recomendado."

Barra Torres disse que a Polícia Federal foi acionada apenas neste domingo de manhã, embora o caso já tivesse sido debatido entre a agência e cartolas do futebol.

"A Polícia Federal não é acionada cada vez que alguém chega em situação sanitária inadequada. Se fosse assim, a gente precisaria ter uma Polícia Federal do tamanho do exército da China, talvez", afirmou.

Segundo a Anvisa, os atletas deram informações falsas e ocultaram que estiveram no Reino Unido nos últimos 14 dias. Viajantes que passaram recentemente por este e mais alguns locais (África do Sul e Índia) devem cumprir uma quarentena de 14 dias para poder circular no Brasil, conforme determinação do governo para evitar a disseminação de variantes da Covid-19.

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