Descrição de chapéu Folhajus

Comissão reconhece assédio de Caboclo e aumenta punição de presidente da CBF

Dirigente acusado por funcionária vê pena subir para 21 meses de afastamento; decisão precisa ser ratificada

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São Paulo

Após não ter reconhecido assédio nas ações de Rogério Caboclo com uma funcionária da CBF, a Comissão de Ética da entidade reviu sua posição nesta segunda-feira (20) e decidiu aumentar a punição de afastamento do presidente de 15 para 21 meses.

A informação foi publicada inicialmente pelo UOL e confirmada pela Folha.

O presidente foi acusado por sua secretária de assédio moral e sexual e foi afastado do cargo em 6 de junho. Inicialmente, no entanto, a comissão entendeu apenas que ele havia tido uma “conduta inapropriada” e o suspendeu por 15 meses do comando da entidade.

Rogério Caboclo, presidente afastado da CBF - CBF/Divulgação
Essa decisão inicial abria espaço para que Caboclo retornasse ao cargo ainda durante o seu mandato, que acaba apenas em abril de 2023. Com a nova punição, descontando o tempo já cumprido desde o início do afastamento, o mandatário regressará a um mês do fim de sua gestão.

Nesta segunda-feira (20), a comissão mudou seu entendimento e interpretou que houve, sim, violação do artigo da CBF que trata sobre assédio sexual e moral.

A alteração veio um dia depois de o Fantástico levar ao ar entrevista com a funcionária. No programa da Rede Globo, exibido no último domingo (19), ela confirmou as acusações feitas e falou sobre o impacto do assédio na sua vida: “Uma dor que não acaba. É uma dor que hora nenhuma sai de mim”.

“Minha depressão chegou a um nível que eu pensei: vou morrer. No dia seguinte, achava que não seria tão ruim, precisava do emprego. Só que eu chegava [à CBF] e era pior”, disse em trecho do depoimento.​

A Comissão de Ética, formada por Carlos Renato de Azevedo Ferreira, Amilar Alves e Marco Aurélio Klein, afirma, em documento obtido pela Folha, que a mudança de postura se deu após pedido de revisão por parte da secretária.

"Reconheço provadas as imputadas notícias de infrações éticas de assédio sexual e moral cometidas [por Rogério Caboclo]", diz trecho da argumentação de Ferreira.

Para que tenha validade, a decisão precisa ser ratificada pela Assembleia Geral da CBF (composta pelas 27 federações estaduais de futebol).

Procurada pela Folha, a CBF afirmou que não vai se manifestar. Já Rogério Caboclo, por meio de sua assessoria, falou sobre a decisão.

"A mudança de opinião da comissão de ética da CBF não existe no mundo jurídico e acontece 'coincidentemente' 24 horas após a parcial entrevista veiculada em programa de TV. Ela é mais um episódio da armação construída por adversários para retirar Rogério Caboclo da presidência e permitir, assim, que antigos dirigentes corruptos voltem a comandar a entidade", diz a equipe de comunicação do dirigente, em nota enviada à reportagem.

Em áudios gravados por essa funcionária, divulgados pelo Fantástico em julho, e que culminaram no seu afastamento, é possível ouvir o cartola questionando se ela se masturbava e se tinha um romance com outro empregado da instituição.

O mandatário também é investigado pela Comissão de Ética em outros dois processos. Um por assédio moral e sexual e outro por assédio moral.

Caboclo acredita que sua retirada da presidência seja resultado de uma sequência de ações orquestradas por Marco Polo Del Nero nos bastidores. O ex-mandatário da entidade, banido do futebol após escândalo de corrupção em 2015, ainda é figura muito influente na CBF.

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