Descrição de chapéu Futebol Internacional

Ex-Corinthians e irmão gêmeo polemizam na Argentina e podem pintar no Barça

Ángel e Óscar Romero estão sem clube após diversas confusões no San Lorenzo

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A bola estava no ar, próximo à lateral do campo, e Ángel Romero a esperava. Quando desceu, o atacante a dominou, abaixou-se e apontou para ela. Era um lance banal, mas a então Arena Corinthians (hoje Neo Química Arena) quase veio abaixo naquele clássico pelo Brasileiro de 2017 contra o São Paulo.

Foi um gesto de afirmação do atacante. Semanas antes, ele havia viralizado na internet por não ter conseguido controlar outra bola, de brincadeira, para uma matéria da Rede Globo. Torcedores zombavam da sua nacionalidade paraguaia.

Ángel (à dir.) e Óscar Romero são apresentados no San Lorenzo, em agosto de 2019
Ángel (à dir.) e Óscar Romero são apresentados no San Lorenzo, em agosto de 2019 - Divulgação/San Lorenzo

Tite, hoje técnico da seleção, comentou com funcionários do CT acreditar que o jogador tinha deficiências não corrigidas nas categorias de base.

Dois anos após ter deixado o Parque São Jorge, Ángel e seu irmão gêmeo Óscar, 29, se tornaram duas das figuras mais polêmicas do futebol argentino e foram cotados como reforços do Barcelona (ESP).

“As críticas a Ángel e Óscar têm muito a ver com preconceito com o povo paraguaio, algo que eu também tive de superar. Há gente que tenta desmerecer o valor que eles têm”, contesta o histórico goleiro paraguaio José Luis Chilavert, titular da seleção do seu país nas Copas de 1998 e 2002, campeão da Libertadores e Mundial de 1994 pelo Vélez Sarsfield (ARG).

Óscar também já esteve nos planos do Corinthians, mas as negociações não deram certo. Ángel ficou no clube por cinco temporadas (2014-2019). É até hoje o maior artilheiro da Arena (27 gols) e o estrangeiro que mais vestiu a camisa do clube (222 jogos).

Ele é um dos personagens mais cults neste século no time paulista. Foi campeão brasileiro em 2015 e 2017 e paulista em 2017 e 2018. Óscar já tinha fama na Argentina depois de uma boa passagem pelo Racing. Os dois queriam atuar juntos, o que se tornou realidade no San Lorenzo, em 2019. Não deu certo.

“Já falei sobre esse assunto e acho que já está superado. Mas eles sabem que não se comportaram bem [na equipe de Buenos Aires]. Isso é de conhecimento de todos no clube”, afirma o meia-atacante Ignacio Piatti, 36, ex-companheiro dos irmãos e atualmente atleta do Racing.

Em entrevistas anteriores, ele disse que o elenco era bom, mas havia sido “apodrecido” pelos Romero e que houve dias em que os outros jogadores queriam “mata-los”.

No intervalo de um confronto com o Talleres, em fevereiro de 2020, o técnico Diego Monarriz quis substituir Óscar. Ángel também não voltou para o segundo tempo, indignado com a mudança.

Este não foi o único problema em que a dupla foi colocada como protagonista. Em janeiro deste ano, o goleiro Fernando Moretti e Ángel brigaram no vestiário após derrota para o Banfield e tiveram de ser separados. Segundo Piatti, os irmãos foram embora do estádio Florencio Sola sozinhos, sem tomar banho e com o uniforme de jogo.

Os dois foram acusados de terem influído decisivamente na demissão de três técnicos. Lance de um simples treino tático, em setembro de 2020, ocasionou fratura na fíbula esquerda do jovem lateral Andrés Herrera, 21, depois de uma entrada de Ángel Romero. Os outros atletas, segundo a imprensa argentina, ficaram revoltados. O paraguaio publicou um pedido de desculpas em sua conta no Instagram.

“Quando isso aconteceu, Mariano [Sosa, técnico] o afastou por uma semana. Mas depois teve de trazê-lo de volta porque recebeu ordens superiores. Isso é de conhecimento geral”, completa Piatti, responsável por tornar público todos os problemas que antes eram apenas comentados informalmente entre atletas, dirigentes e imprensa.

Antes da rescisão, diante das notícias vazadas pelo San Lorenzo de que o acordo estava fechado, eles chamaram os dirigentes de mentirosos e reclamaram estarem com cinco meses de salários atrasados.

Contratados como reforços de peso, Ángel e Óscar custaram, juntos, cerca de US$ 8 milhões (R$ 42,4 milhões em valores atuais). Saíram com um ano de contrato em aberto, de graça, porque não havia mais clima.

Receberão US$ 1,2 milhão (cerca de R$ 6,4 milhões). Mesmo com a janela de transferências europeia fechada, podem assinar com outra equipe do continente porque estão sem contrato.

A ligação entre os gêmeos impressionava os funcionários do Corinthians. Era comum, em semanas que tinha apenas 24 horas de folga, Ángel viajar para a Argentina [Óscar atuava pelo Racing] ou Paraguai para passar o dia com o irmão.

Havia ocasiões que antes mesmo de conversarem, um pressentia que o outro não estava bem. Invariavelmente estavam certos.

A preferência deles é se transferir para a mesma equipe ou, pelo menos, para duas equipes da mesma liga.

A Folha tentou falar com Ángel e Óscar durante a última semana, mas não conseguiu contato.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.