Descrição de chapéu surfe

Filme reforça forte ligação de Italo Ferreira, do surfe, com Baía Formosa

Documentário narrado por amigo reconstrói juventude do surfista e trajetória até as conquistas

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São Paulo

A prancha de isopor, o sonho de ser campeão mundial, as dificuldades enfrentadas ao longo de sua trajetória e, sobretudo, a importância das ondas de Baía Formosa (Rio Grande do Norte) são elementos que costuram a narrativa do documentário “A Curiosa História de Italo Ferreira”, lançado nesta quarta-feira (8) na Red Bull TV.

A partir desta quinta-feira (9), Italo disputa a última e decisiva etapa do Mundial de Surfe, em Lower Trestles, nos Estados Unidos. A final será entre os cinco melhores do ranking mundial, que conta com três brasileiros: ele (2º lugar), Gabriel Medina (1º) e Filipe Toledo (3º).

O filme pode ser dividido em três partes, e é na primeira que é dado o tom da narrativa, em duas frentes: a construção da ideia de que o surfista brasileiro vem de uma cidade pequena e pacata e a pesquisa sobre a infância e a juventude dele.

Cena do documentário "A Curiosa História de Italo Ferreira" mostra o surfista Italo Ferreira ao lado de uma criança, os dois sentados, com as pranchas de surfe no colo, em uma praia de Baía Formosa
Cena do documentário "A Curiosa História de Italo Ferreira" - Reprodução

Filmado durante cerca de um mês em 2021, o documentário conta a história de Italo a partir de Baía Formosa, a pequena cidade litorânea voltada à pesca, onde ele nasceu e aprendeu a surfar.

Para tal, o documentário adota o ponto de vista de pessoas do local: os pais do atleta, um vendedor de lanches, jovens surfistas e, sobretudo, os amigos. Buxexa, um de seus mais antigos parceiros, é o narrador.

A narrativa reconstrói uma espécie de história oral sobre a juventude e o início da carreira do potiguar, por meio dos relatos dos personagens, com algumas poucas falas do próprio atleta.

As passagens sobre as quais não se tem registro são ilustradas com simpáticas animações, inspiradas na cultura do cordel. A trilha sonora, que traz ritmos tradicionais do Nordeste, ajuda na ambientação do filme.

Para inserir o espectador dentro da realidade de Baía Formosa, a equipe de filmagem acompanhou o dia a dia de Italo por lá. Entre entrevistas e desenhos, aparecem imagens dele jogando dominó, brincando com crianças, andando pela cidade e, claro, surfando.

O documentário resgata ainda boas imagens de arquivo do surfista quando jovem, por exemplo durante uma viagem para o México, época na qual ele ainda era uma promessa de 13 anos de idade.

Além das mais conhecidas histórias sobre ele, o documentário também conta causos menos populares, como a origem de seu nome ou a rivalidade entre os potiguares e os cearenses no surfe.

Já na segunda parte do filme, mais voltada à carreira profissional de Italo, ganham peso comentários de figuras importantes do surfe mundial, como Mick Fanning —que é também um dos ídolos do brasileiro.

A narrativa torna-se mais factual e cai, em alguns momentos, na exaltação da superação e do herói, que por mais que seja verdadeira, pouco acrescenta ao filme.

Acontece, por exemplo, quando defende que a história do brasileiro é de cinema, que ele vive o seu sonho, que gosta de desafiar novos limites —ideias que se aplicam tanto à trajetória do surfista como a tantas outras no esporte.

Se na primeira parte do filme é o cotidiano local (o cabeleireiro, o pai limpando o peixe, a peixaria) que dá o sabor da narrativa, na segunda isso sai de cena. É aí que entram as clássicas (e impressionantes) imagens em câmera lenta de manobras de surfe, em diferentes ângulos –exageradamente utilizadas.

Mais interessante são os momentos que mostram um Italo Ferreira temperamental, que contrasta com a imagem tranquila e pacata dele quando está em sua cidade. Aparecem cenas de pranchas quebradas após derrotas e até de um banheiro químico que "anda" enquanto o surfista, dentro, grita e pula comemorando um feito.

O clímax não foge do comum quando se trata de documentários esportivos: as conquistas. Aqui entram o título mundial de 2019 e a medalha de ouro nas Olimpíadas de Tóquio.

Entre o relato dos triunfos profissionais e os detalhes particulares da história de Italo, o documentário mira não só o público (brasileiro e estrangeiro) que conheceu o surfe e o surfista nos Jogos Olímpicos, mas também quem já está mais familiarizado com o personagem.

Apesar do que sugere o título (que coloca a história contada quase como exótica ao dizer que ela é “curiosa”), o filme consegue dar a dimensão de por que a cidade natal é tão importante para o atleta acostumado a dar aéreos em ondas pelo mundo todo.

E no contraste entre a pequena Baía Formosa e as grandes conquistas, o documentário chega a sua terceira parte ao voltar-se ao personagem de um jovem surfista local ao lado do multicampeão.

Conclui, assim, o argumento de que o sucesso de Italo é construído também por aqueles que o cercam (os amigos, os familiares e os conterrâneos) e que ele é quem é graças às suas origens.


A Curiosa História de Italo Ferreira

Ano: 2021
Direção: Luiza de Moraes
Produção: O2 e Billabong
Duração: 49 minutos
Exibição: https://www.redbull.com/br-pt/discover, de graça

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