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Messi no PSG faz microeconomia girar em Paris

Ida de argentino à capital francesa movimenta mercado de luxo e restaurantes da cidade

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Richard Lough
Paris | Reuters

Para o fotógrafo parisiense Olivier Sanchez, só existe uma história na cidade: a vida nova de Lionel Messi.

Jornais e revistas de todo o mundo assediam a Crystal Pictures, sua agência fotográfica, em busca de imagens do futebolista argentino, sua mulher e seus filhos se assentando na capital francesa, um mês depois de sua chegada.

“Para mim, hoje, é Messi e ninguém mais”, disse Sanchez. “Todo mundo quer alguma coisa sobre ele. Ele é o rei. Simplesmente.”

Messi durante sua apresentação aos torcedores do PSG, no Parque dos Príncipes
Messi durante sua apresentação aos torcedores do PSG, no Parque dos Príncipes - Sarah Meyssonnier - 14.ago.2021/Reuters

Quando o Barcelona, o clube que Messi defendia desde a infância, anunciou que não teria como continuar pagando o jogador, seis vezes ganhador da Bola de Ouro da Fifa, o Paris Saint-Germain se apressou a contratá-lo.

O PSG fechou acordo com um salário de assombrosos 71 milhões de euros (cerca de R$ 440 milhões), de acordo com a mídia, mas o presidente do clube, Nasser Al-Khelaifi, declarou abruptamente que as pessoas ficariam “chocadas” com a receita que Messi traria.

E a trilha do dinheiro vai muito além do clube.

Para corretores de imóveis de luxo e proprietários de restaurantes argentinos, para os paparazzi e concierges, Messi representa uma oportunidade financeira clara.

Sanchez disse que tinha pelo menos dois fotógrafos recebendo informações e instruídos a acompanhar Messi e o PSG para registrar as primeiras fotos da família quando eles enfim decidissem sair do hotel em que estão hospedados.

Em Barcelona, o jogador conquistou a admiração dos moradores locais com seu estilo de vida simples, que incluía acenos aos vizinhos, apreciação por jantares de frutos do mar e passeios com os filhos para visitas a castelos infláveis.

“Se pudermos acompanhá-los a um parque, um passeio pela cidade ou uma visita à Euro Disney, os jornais vão comprar tudo”, disse Sanchez.

Susie Hollands, corretora de imóveis de luxo, está, enquanto isso, vasculhando o mercado em busca de um imóvel digno de um homem definido pela revista Forbes como o segundo mais bem pago entre os atletas do planeta, em 2021. Hollands, a fundadora da Vingt Paris, uma agência de imóveis de luxo, já colaborou com o PSG no passado e está ciente das demandas dos atletas de elite.

“Eles tipicamente querem imóveis de mil metros quadrados –isso quase não existe no centro de Paris– e estacionamento para seus carros”, ela afirmou.

Segurança eficiente e proteção à privacidade também são importantes.

Um jogador do PSG, para o qual Hollands trabalhou na busca de uma moradia, estava pagando aluguel de 35 mil euros (R$ 217 mil) por mês. Ela acrescentou que um contrato de locação dessa ordem lhe valeria entre 50 mil e 60 mil euros em honorários.

“Estamos estudando o mercado para ver se conseguimos encontrar alguma coisa”, disse Hollands, acrescentado ser parte do pequeno grupo de corretores de imóveis com que o clube costuma trabalhar.

Altas causadas por Messi

Desde que o emir do Qatar adquiriu o PSG, em 2011, a empresa de concierges de Yves Abitbol ajudou a acomodar alguns dos jogadores mais famosos contratados pelo clube, organizando sua busca de casas, lidando com questões bancárias e de seguros e encontrando empregados domésticos.

Às vezes ele também atendia às necessidades mais luxuosas dos atletas, entre as quais contatos com concessionárias de automóveis e relojoarias de luxo.

Abitbol disse que sua empresa, a MyConcierge, havia trabalhado em estreito contato com o PSG até que o clube decidiu criar uma equipe interna de concierges, anos atrás, o que o tirou da função. Mas mesmo assim, a agência de viagens de luxo de Abitbol viu um movimento maior no mercado causado pela chegada de Messi.

“Gente do mundo inteiro nos procura pedindo que organizemos estadias de três dias em Paris com ingressos para assistir a um jogo de Messi”, ele disse.

A demanda quentíssima por ver Messi ao vivo –mesmo quando ele estava só acompanhando o time das tribunas, e não jogando– levou o mercado paralelo de ingressos para o segundo jogo do time depois de sua contratação, em casa contra o Strasbourg, a uma cotação de 800 euros (quase R$ 5 mil).

Nesta quarta-feira (15), ele se uniu aos colegas superastros Neymar e Kylian Mbappé para formar um trio ofensivo apavorante contra o Brugge, na Champions League.

A camisa número 30 de Messi, à venda por 108 euros (R$ 669), esgotou os estoques mais rápido do que qualquer outra, anunciou o PSG. A Talkwalker, uma empresa que acompanha o movimento do mercado de mídia social, informou que, da sexta-feira em que o nome de Messi foi ligado ao do clube parisiense pela primeira vez à terça-feira seguinte, quando ele assinou, o PSG conquistou três milhões de seguidores novos na mídia social.

“Vimos um salto na mídia social”, disse Enrique Tirigall, um dos fundadores da cadeia de restaurantes argentinos de luxo Volver, em Paris. O número de reservas para a churrascaria principal da rede, destino muito popular entre os jogadores do PSG, como o argentino Ángel Di María, estourou depois da contratação de Messi.

“Todo mundo quer comer o que ele come”, disse Tirigall.

Tradução de Paulo Migliacci

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