Ceni busca sequência no São Paulo que apenas Diniz teve desde Muricy

Em sua segunda passagem como técnico, ex-goleiro enfrenta o Internacional neste domingo (31)

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São Paulo

Rogério Ceni disse que não voltaria a trabalhar como técnico no São Paulo enquanto Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco (2015-2020), fosse presidente do clube, após ter sua primeira passagem no cargo encerrada em apenas sete meses.

Já Diego Aguirre, hoje no Internacional, deixou o time tricolor, sob a mesma gestão, com o sentimento de injustiça por ter sido demitido no momento em que lutava por uma vaga na Copa Libertadores, a cinco rodadas do fim do Campeonato Brasileiro de 2018.

Neste domingo (31), os dois treinadores se reencontram com o Morumbi, às 18h15, ainda assombrados pela máquina de moer treinadores que fez também outras vítimas no time paulista nos últimos anos.

Rogério Ceni comanda o São Paulo para enfrentar o Internacional, de Diego Aguirre, no Morumbi - Erico Leonan - 27.out.21/saopaulofc.net

Separados por seis pontos, São Paulo e Internacional tentam se encontrar com a regularidade para atravessar esta reta final do Campeonato Brasileiro com chances de beliscar uma vaga na Libertadores do ano que vem.

Em um embolado torneio, o time de Ceni também faz contas para se distanciar das últimas colocações -tem 34 pontos em 28 jogos e iniciou a rodada em 13º. A equipe de Aguirre contabiliza 41 pontos e começou o final de semana em sexto.

Ceni e Aguirre tiveram um desfecho diferente enquanto atletas do São Paulo. Ao contrário do ex-goleiro, que está na galeria dos principais ídolos tricolores, o atacante uruguaio Diego Aguirre fez apenas 17 jogos e marcou sete gols com a camisa do time de julho a setembro de 1990.

Como técnicos da agremiação do Morumbi, porém, o período foi cruel para ambos. Em sua primeira passagem, Ceni ficou apenas sete meses no cargo, mais precisamente 37 jogos à frente do time e com aproveitamento de 49%. Na ocasião foram 14 vitórias, 10 derrotas e 13 empates.

Já Aguirre comandou o São Paulo em 43 partidas, de março a novembro de 2018, obteve aproveitamento de 56% –com 19 vitórias, nove derrotas e 15 empates. A equipe ocupava a 5ª colocação do Nacional no dia em que o uruguaio se despediu do elenco, no centro de treinamento da Barra Funda.

As explicações da diretoria para cada demissão são diferentes. Ceni deixou o time após seis partidas sem vitórias e na zona do rebaixamento. Sobre Aguirre, apesar do rendimento razoável em campo, a cúpula alegou que não pretendia continuar com o uruguaio para a temporada de 2019 e, para dar início ao novo trabalho o quanto antes, rescindiu em novembro o contrato que tinha validade até dezembro daquele ano.

Esse é um sintoma que persiste no São Paulo desde a saída de Muricy Ramalho, em 2015. Raramente um treinador consegue passar ileso por uma temporada no comando do time.

Desde então, Fernando Diniz foi uma exceção ao estrear em setembro de 2019 e ser demitido em fevereiro deste ano. Nesse período, as competições ficaram suspensas por quase quatro meses em razão da pandemia de Covid-19.

Diniz participou de 75 jogos, sendo 34 vitórias, 20 derrotas e 21 empates (54% de aproveitamento). Foi quem mais se sustentou no cargo, algo que profissionais mais experientes como Dorival Júnior e Cuca não conseguiram.

Chegou a liderar o Nacional, mas o time fraquejou na reta final. O treinador deixou o clube sob suspeita de problemas de relacionamento com o elenco.

Nem mesmo Hernán Crespo, que chegou badalado no São Paulo após bom trabalho no Defensa y Justicia (ARG) e tirou o clube tricolor da fila de títulos ao conquistar o Paulista deste ano, conseguiu uma sequência razoável. Foram apenas oito meses na função, com o time entregue perto da zona de rebaixamento do Brasileiro e uma traumática eliminação nas quartas de final da Libertadores para o rival Palmeiras.

Com 57% de aproveitamento, mais baixo só que Muricy (60% de 2013 a 2015), o argentino contabilizou 24 vitórias, 10 derrotas e 19 empates.

Entre Muricy Ramalho e Crespo, o São Paulo teve dez profissionais efetivos –Juan Carlos Osorio, Doriva, Edgardo Bauza, Ricardo Gomes, Rogério Ceni, Dorival Júnior, Diego Aguirre, André Jardine, Cuca e Fernando Diniz.

Osorio, após quatro meses da estreia, aceitou oferta da seleção do México, e Bauza, depois de oito meses, recebeu convite da Argentina. Já a curta passagem de Doriva é, talvez, a mais emblemática nesse período turbulento.

Volante no São Paulo de Telê Santana, Doriva foi campeão da Libertadores e Mundial como jogador. Na beira do gramado, como treinador, chegou ao Morumbi depois de um começo promissor –havia vencido Paulista (com o Ituano, em 2014) e o Estadual do Rio de Janeiro (com o Vasco, em 2015). Porém, não ficou mais que 33 dias no Morumbi –sete jogos. Atualmente, é auxiliar de Sylvinho no Corinthians.

Curiosamente, Muricy está de volta ao clube, agora como coordenador do departamento de futebol, e tenta dar suporte para que Ceni consiga tempo para trabalhar e mostrar resultados.

Com o ex-treinador no banco de reservas e o ex-goleiro de capitão, o São Paulo viveu suas últimas grandes glórias, com os três títulos consecutivos do Brasileiro (2006, 2007 e 2008).

História com a camisa do clube e carinho dos fãs a dupla tem de sobra. Esse prestígio no São Paulo –reflexo também do futebol brasileiro–, no entanto, não é suficiente para preservar o emprego de um técnico de futebol. Os resultados precisam aparecer.

Até o momento, nesta segunda passagem, foram três jogos de Ceni: um empate (Ceará), uma vitória (Corinthians) e uma derrota (Red Bull Bragantino).

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