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NBA vive impasse inédito com guerra entre Ben Simmons e Philadelphia

Jogador tem contrato, mas exige ser negociado, não se apresenta e topa perder milhões

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São Paulo

A pouco mais de uma semana do início do campeonato de 2021/22, a NBA vive impasse inédito. Ben Simmons se recusa a vestir a camisa do Philadelphia 76ers e exige ser negociado. O time, porém, não se satisfez com nenhuma das propostas que recebeu e já começou a aplicar multas pesadas no australiano pelo fato de ele não ter se apresentado.

A pré-temporada da liga norte-americana de basquete teve início no último dia 27, e o atleta de 25 anos cumpriu a ameaça de não dar as caras. A relação com os companheiros, com o técnico e com os dirigentes se deteriorou a ponto de o ala avisar que prefere absorver o impacto financeiro de sua decisão a voltar à equipe.

É esse posicionamento que torna a situação sem precedentes. Vários jogadores já exigiram uma transferência –no caso mais recente, James Harden forçou sua saída do Houston Rockets e chegou ao Brooklyn Nets–, mas não com quatro anos de contrato a cumprir e não de fato assumindo perdas milionárias.

Ben Simmons não pretende voltar a usar a camisa 25 dos Sixers - Kevin C. Cox - 18.jun.21/AFP

O Philadelphia não transferiu para a conta de Simmons os US$ 8,25 milhões (R$ 45,5 milhões) que, em condições normais, ele teria recebido no dia 1º de outubro. A diretoria fez um depósito em uma conta de garantia e está tirando dela o valor de cada multa aplicada no australiano, segundo as regras estabelecidas no acordo coletivo da NBA com os atletas.

O dinheiro que Ben tinha a ganhar no início do mês representa um quarto de seu salário anual. Pelo contrato que ele tem com os 76ers, são US$ 33 milhões (R$ 182 milhões) em 2021/22, US$ 35,5 milhões (R$ 195 milhões) em 2022/23, US$ 37,9 milhões (R$ 209 milhões) em 2023/24 e US$ 40,3 milhões (R$ 222 milhões) em 2024/25.

A cada jogo perdido, uma parcela desse dinheiro vai sendo retirada do jogador, e isso inclui os compromissos da pré-temporada. Quando os Sixers disputaram o primeiro amistoso de preparação para o campeonato, na última segunda (4), e o camisa 25 continuava distante, foi aplicada a sanção estabelecida pela liga, equivalente a 1,09% do salário anual.

Assim, só a ausência na partida contra o Toronto Raptors custou ao australiano US$ 360 mil (R$ 2 milhões). Se ele permanecer ausente até o término da pré-temporada, na próxima sexta (15), o preço será de US$ 1,4 milhão (R$ 7,9 milhões). E, mesmo que ele seja negociado, o time que o receber não poderá assumir o pagamento das multas.

A grande questão agora é quem vai ceder na queda de braço. Diante da situação desconfortável, os dirigentes do Philadelphia vão aceitar alguma das propostas de troca que têm na mesa por Simmons? O dono da equipe, Josh Harris, e seu gerente-geral, Daryl Morey, têm procurado mostrar que não cederão à pressão.

Já para o ala, a dúvida é a respeito do dinheiro que ele está disposto a perder até ter seu desejo realizado. O tempo não está ao lado de sua conta bancária. Se os Sixers finalmente toparem negociá-lo, por exemplo, em 19 de novembro, um mês após o início do campeonato, seu prejuízo terá sido de US$ 7,2 milhões (R$ 39,7 milhões).

Não parece haver uma solução simples. O que geralmente ocorre quando um jogador pede para ser negociado é que ele permanece integrado ao grupo, mesmo que atuando sem grande ímpeto. Em algum momento, a direção se livra do embaraço e escolhe a melhor das alternativas que o mercado oferece –como ocorreu com Harden e os Rockets.

Pode ser um caminho para Ben Simmons, mas até agora o atleta e seu empresário, Rich Paul, insistem que ele não vai se apresentar. Houve um esforço inicial por parte dos cartolas, do técnico Doc Rivers e da estrela Joel Embiid na tentativa de aparar arestas, porém Simmons, vivendo em Los Angeles, recusou-se a receber uma comitiva de companheiros que se preparava para visitá-lo.

Ben Simmons tem uma relação difícil com Joel Embiid - Christian Petersen - 13.fev.21/AFP

No primeiro dia da pré-temporada, Rivers e Embiid deram declarações pacíficas, procurando mostrar que o australiano era bem-vindo. Não demorou muito, porém, para a paciência se esgotar. “A situação é decepcionante, quase desrespeitosa com os caras que estão aqui lutando por suas vidas”, declarou Embiid, principal jogador dos 76ers.

Sempre houve questões sobre a relação do pivô com o ala, e o cenário se complicou nos mata-matas da última temporada. Três vezes escolhido para o Jogo das Estrelas e duas vezes incluído na seleção de defesa da NBA, o talentoso Simmons teve um desempenho ruim, demonstrando uma confiança muito abalada nos arremessos.

Os tiros de longa distância nunca foram sua especialidade, mas o australiano chegou a passar a bola quando tinha o caminho livre para uma enterrada no jogo 7 contra o Atlanta Hawks, nas semifinais da Conferência Leste. O Philadelphia foi eliminado, e o jogador se ressentiu das críticas públicas de Embiid e Rivers.

Até agora, não há sinais de reconciliação.

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