Destaque do São Paulo, Rigoni praticou ambidestria desde criança

Meia ficou afastado por 20 dias, voltou contra o Inter e deve enfrentar o Bahia neste domingo (7)

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São Paulo

Bastou uma sequência de escanteios e cobranças de falta logo em suas primeiras partidas pelo São Paulo para que torcedores –e um bom número de jornalistas– descobrissem que Emiliano Rigoni, 28, é ambidestro.

A habilidade rara que o argentino tem para bater com os dois pés é uma das características que chamam a atenção em seu repertório técnico, fundamental para a equipe tricolor no Campeonato Brasileiro.

Contratado após a conquista do Paulista, Rigoni é uma das poucas boas notícias do clube do Morumbi neste segundo semestre. Artilheiro do time no Nacional com quatro gols, também distribuiu quatro assistências na competição, números que atestam sua importância na instável campanha são-paulina.

Ele passou cerca de 20 dias afastado por causa de um estiramento na coxa esquerda. Retornou ao time na semana passada, contra o Internacional, e deve ser titular diante do Bahia, às 18h15 deste domingo (7). O jogo será transmitido pelo Premiere.

O desempenho e a qualidade de ambidestro não surpreendem aqueles que acompanharam o surgimento de Emiliano Rigoni no modesto Bochas Sport Club de sua cidade natal, Colonia Caroya, município da província de Córdoba.

"Emi tinha condições naturais que ninguém mais possuía. Com 8 ou 9 anos, já fazia o que faz hoje no futebol profissional. O drible, o 1 contra 1... Batia um escanteio com a esquerda, depois batia outro com a direita", conta à Folha o amigo Maximiliano Parizzia, que hoje trabalha como coordenador de futebol no Bochas.

Os dois se conheceram quando tinham 6 anos de idade e jogaram juntos durante toda a infância pelo clube de Colonia Caroya, que disputava torneios regionais em Córdoba. Assim como Rigoni, todos no grupo de amigos torciam para o River Plate.

O talento inato para pegar na bola foi desenvolvido por um técnico que teria enorme importância em seu crescimento, Osvaldo Solá. Segundo Parizzia, o treinador cobrava de todos os garotos da categoria 1992/1993 que praticassem o jogo com os dois pés.

Junto dos ensinamentos, vieram também as broncas. Não foram raras as vezes que Osvaldo Solá precisou explicar a importância do descanso a Rigoni e seus colegas de equipe. Isso porque aqueles garotos simplesmente não se desgrudavam da bola.

"Passávamos a tarde toda jogando. E ele não sabia, mas saíamos do treino e jogávamos de novo em um campinho que tinha na minha casa. Toda nossa infância foi assim. Mais do que nos brindou como atletas, Osvaldo também nos deixou certos códigos para a vida, aprendizados que nos ajudaram a ser pessoas de bem. Foi sempre uma referência para nós", diz Parizzia.

Solá morreu em 2017, aos 73 anos, e um ano antes recebeu uma homenagem por parte do Bochas Sport Club. Rigoni, que sempre voltou a sua cidade nas férias entre as temporadas europeias, compareceu ao evento e pôde ver pela última vez um de seus mestres.

Emiliano Rigoni, jogador do São Paulo, em visita ao seu primeiro clube, o Bochas, de Córdoba
Emiliano Rigoni, jogador do São Paulo, em visita ao seu primeiro clube, o Bochas, de Córdoba - Bochas Fútbol/Facebook

Outra figura importante em sua trajetória foi o avô Albino, responsável por levá-lo aos testes no Belgrano, onde Rigoni chegou aos 12 anos e clube pelo qual estreou no futebol profissional.

Aprovado no "Pirata", apelido da equipe cordobesa, ele contou com o apoio incondicional de Albino, que se revezava com a mãe do jogador, Silvia, no transporte entre Colonia Caroya a Córdoba, um trajeto com duração de aproximadamente 30 minutos.

"Seu avô foi um gênio, e para todos nós. Quando faltavam bolas, ele comprava para que jogássemos no patio da casa dele ou no pátio da minha. Temos lindas lembranças dele", recorda Emiliano Parizzia, um dos que acompanhou a importância de Albino na carreira do amigo.

"Toda a sua família e o próprio Emiliano fizeram um sacrifício muito grande. O avô o trouxe para os testes, a mãe esperava para levá-lo de volta a Colonia. Gente muito humilde e que fizeram um esforço importante", afirma Federico Bessone, coordenador das categorias de base do Belgrano, à Folha.

Foi no clube de Córdoba, um dos mais importantes da província, que Emiliano Rigoni continuou a desenvolver as características técnicas que já apresentava desde garoto, com Osvaldo Solá, no Bochas.

Rigoni pratica finalização de fora da área, com o pé direito, em treino do São Paulo
Rigoni pratica finalização de fora da área, com o pé direito, em treino do São Paulo - Felipe Espindola/São Paulo FC

"Ele era meio-campista e já era muito técnico, mas teve o estirão físico mais tarde, depois de seus companheiros. Foi um grande orgulho vê-lo estrear no profissional. Depois, no Independiente é onde ele explode, jogando mais como atacante em um 4-3-3. É como ele gosta mais de jogar. Lá [em Avellaneda] encontraram o lugar para ele se desenvolver", completa Bessone.

Após um grande primeiro semestre com o Independiente em 2017, sob o comando de Ariel Holan, Rigoni iniciou sua peregrinação pelo futebol europeu. Zenit (RUS), Atalanta (ITA), Sampdoria (ITA) e Elche (ESP) foram os pontos de parada até chegar ao São Paulo, por indicação de Crespo e de seu auxiliar, Alejandro Kohan, com quem havia trabalhado no Independiente.

A mudança no comando com a chegada de Rogério Ceni não deve tirar de Emiliano Rigoni o protagonismo adquirido nesses poucos meses no Morumbi. Afinal, o treinador precisa de seu melhor atacante, e mais próximo do gol, onde, de Colonia Caroya ao Morumbi, sempre se mostrou mais perigoso.

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