Léo Ortiz queria o futsal, mas pode levar a Sul-Americana pelo Bragantino

Zagueiro e capitão da equipe paulista disputa final continental contra Athletico

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São Paulo

Se o Red Bull Bragantino conquistar o título da Copa Sul-Americana neste sábado (20), Léo Ortiz, 25, vai levantar a taça. O zagueiro que começou tarde no futebol, tornou-se capitão cedo. No ano passado, era o mais jovem da Série A do Campeonato Brasileiro.

A equipe do interior de São Paulo faz a partida mais importante de sua história contra o Athletico, no Estádio Centenário, em Montevidéu.

Léo Ortiz comemora o primeiro gol do Red Bull Bragantino contra o Flamengo, pelo Campeonato Brasileiro
Léo Ortiz comemora o primeiro gol do Red Bull Bragantino contra o Flamengo, pelo Campeonato Brasileiro - Carla Carniel-6.out.21/Reuters

Seria uma recompensa para o jogador que até o início de 2019 estava no Sport, com poucas oportunidades. Era uma época em que a carreira de Ortiz poderia até parecer não ir para lugar algum. Tinha sido difícil até ali. Ele estreou como profissional na zaga de um Internacional muito cobrado pela torcida por estar na Série B, em 2017. Era uma fogueira para o garoto de 21 anos.

No ano seguinte foi para o Sport que vivia crise técnica e financeira e acabou rebaixado à segunda divisão.

"Em qualquer clube grande a pressão é grande. Às vezes, as coisas sobravam para mim. Mas eu aprendi muito. Tirei muita coisa dali. Meu primeiro ano no Inter valeu como se fossem três ou quatro de um jogador que chega aos profissionais com o time em boa fase Eu precisava de um lugar em que as pessoas confiassem em mim", afirma.

O chamado de Antonio Carlos Zago, o técnico que lhe deu a primeira chance no Inter e comandava o então Red Bull Brasil, representou o que ele queria. Ortiz entrou na zaga da equipe de melhor campanha na primeira fase do Paulista de 2019. Meses depois, a empresa fechou parceria com o Bragantino, disputou a segunda divisão do Brasileiro e conseguiu o acesso.

"Quando o Tiago (Scuro, CEO do Red Bull Bragantino) me ligou, disse haver a possibilidade dessa parceria e de jogar a Série B", afirma o defensor.

Dois anos depois, ele foi convocado por Tite para a seleção brasileira na Copa América.

Foi tudo rápido e não pela primeira vez. Léo Ortiz não praticava futebol de campo até os 16 anos. Apenas salão. Ele é filho de Ortiz, um dos maiores jogadores da história do futsal brasileiro.

"Sempre tive muita vontade de jogar futsal. Minha infância inteira foi assim. Nunca foi minha ideia jogar campo. Sempre acompanhei meu pai."

Ele apenas resolveu calçar chuteiras porque aos 16 anos não tinha mais clube para atuar no Rio Grande do Sul. André Jardine, seu técnico no salão e que depois comandaria a equipe brasileira medalha de ouro nas Olimpíadas de Tóquio-2020, o levou para as categorias de base do Internacional.

Léo Ortiz recomeçou como volante. Mudou de posição dois anos depois e se tornou zagueiro. Em 2020, reinventaria-se como capitão e líder de elenco que tinha como planejamento se classificar para a Copa Sul-Americana da temporada seguinte.

Não só deu certo como o Red Bull Bragantino está na final.

"Eu aprendi com diferentes estilos de liderança. Atuei com o D’Alessandro no Inter, um jogador muito intenso, que falava e cobrava muito. Fui companheiro do Durval e do Magrão [no Sport], duas pessoas que são líderes diferentes, mais calados. Ser capitão foi algo que veio de maneira natural para mim", explica.

Se não for negociado com o exterior (a venda é uma possibilidade), Léo Ortiz pode dar sequência à sua história de capitão do Bragantino em 2022 na Copa Libertadores. Há dois caminhos possíveis: ser campeão da Sul-Americana ou terminar o Brasileiro entre os seis primeiros. Atualmente, está em quarto.

A posição na tabela poderia ser ainda melhor. O defensor reconhece que a expectativa de disputar a decisão continental pode ter influenciado o desempenho no Nacional. Nas últimas cinco rodadas, o Red Bull ganhou um jogo e perdeu quatro.

É um aprendizado, ele acredita. Saber como disputar essas competições internacionais e conciliá-las com um torneio em pontos corridos, como o Brasileiro, é algo que leva tempo. No início da Sul-Americana, houve a impressão de que o Red Bull Bragantino não iria longe. Nas três primeiras rodadas da fase de grupos, foram duas derrotas.

"Sul-Americana é muito diferente. Você enfrenta escolas diferentes de futebol e precisa aprender a jogar isso. No começo, sofremos um pouco porque a gente achou que só na técnica venceria e não é assim. Percebemos que tínhamos de competir mais. Foi quando tudo começou a dar certo", acredita.

Mas certo mesmo terá dado se Léo Ortiz, como capitão, erguer a taça em Montevidéu no sábado.

"A ansiedade está muito grande. Não tem como negar. E ela só está aumentando."

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