Descrição de chapéu skate

Pâmela Rosa reaviva sonho de medalha olímpica após bi no Mundial de skate

Brasileira supera frustração de Tóquio, já mira Paris-2024 e elogia 'talento raro' de Rayssa

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São Paulo

Para quem começou a acompanhar competições de skate a partir da febre gerada pelas Olimpíadas de Tóquio talvez ainda não estivessem claros os motivos pelos quais Pâmela Rosa, 22, chegou ao Japão como líder do ranking e maior favorita do Brasil a uma medalha no esporte.

A não classificação da paulista de São José dos Campos à final da competição olímpica inicialmente foi um choque, mas ganhou explicação na sequência, quando a atleta publicou em suas redes sociais uma foto do tornozelo esquerdo completamente inchado.

Quatro dias antes de embarcar, ela havia rompido um ligamento. Precisou competir no sacrifício, ficou pelo caminho e distante do pódio da modalidade street, composto pelas adolescentes Momiji Nishiya, Rayssa Leal e Funa Nakayama.

Pâmela, de camiseta preta e boné branco, com os cabelos loiros para fora do boné, sorri
Pâmela Rosa venceu no último fim de semana o Super Crown e tornou-se bicampeã mundial - Mike Ehrmann - 14.nov.21/AFP

Quatro meses depois, Pâmela mostrou que permanece em condições de dominar o cenário internacional ao vencer o Super Crown, etapa final da Street League Skateboarding que tem o peso de um Campeonato Mundial.

No último domingo (14), em Jacksonville (Flórida), ela desbancou Rayssa, que havia vencido as duas etapas anteriores da SLS, e a campeã olímpica Nishiya para ficar com seu segundo título da competição —o primeiro foi conquistado em 2019, em São Paulo, também numa dobradinha com a compatriota.

A vitória foi garantida nas duas últimas manobras, quando Pâmela conquistou ótimas notas (7,7 e 8,1) que a fizeram ultrapassar Rayssa e saltar para a primeira posição. A concentração para acertar os movimentos rapidamente deu lugar à emoção pela conquista de lavar a alma.

"Estava voltando de lesão e treinei muito para chegar bem fisicamente. Vem na hora a lembrança da família. Passa realmente aquele filme na cabeça de todas as dificuldades financeiras que passamos. A renda dos meus pais era de R$ 1.200, e mesmo assim eles sempre acreditaram no meu sonho, que era ser uma atleta profissional e poder viver do skate", ela afirma à Folha.

Pâmela reconhece que não foi fácil lidar com a frustração vivida nos Jogos de Tóquio. Na ocasião, também lamentou não poder contar com a presença de seu técnico e empresário, Hamilton Freitas, tema que gerou atritos entre a atleta e a Confederação Brasileira de Skate. Por causa das restrições impostas pela pandemia da Covid-19, a entidade optou por levar ao Japão apenas os treinadores contratados para as seleções.

Após as Olimpíadas, além de passar pelo processo de recuperação do tornozelo, Pâmela conta ter buscado forças para se reerguer na terapia. Reconhece não ter sido fácil.

"O Hamilton sempre me disse para acreditar em mim. Mesmo nos momentos mais difíceis. A preparação mental que fiz com a Carla Di Pierro [sua psicóloga] foi algo que me ajudou muito neste fim de temporada. Todos os familiares e pessoas próximas que sempre acreditaram no meu trabalho me apoiaram demais nessa reta final", diz.

A temporada 2021 da SLS, iniciada no fim de agosto, mostrou que o nível técnico da competição feminina cresceu após a estreia olímpica do esporte. Um desafio adicional para Pâmela, que relatou não estar 100% fisicamente no começo. "Em Utah ainda sentia muitas dores. No Arizona bem menos, mas estava uns 75% e sem ritmo. Utilizei as etapas para pegar confiança e retornar à minha melhor forma física na Flórida."

De volta ao topo do street, a brasileira começa a traçar novos planos. O ápice, se tudo correr bem, será daqui a três anos, quando ela espera estar pronta e sem impedimentos para brilhar nos Jogos de Paris-2024. "Esse sonho de ser medalhista olímpica está mais vivo do que nunca!", avisa.

Para isso será preciso seguir em alto nível num cenário cada vez mais competitivo. Nishiya, 14, e Rayssa, 13, demonstram ter uma longa curva de evolução pela frente.

As meninas estão treinando e se cobrando mais, com isso o nível só aumenta. Essa evolução não vai parar. A Rayssa e a Momiji são muito técnicas. Mais jovens do que eu, mas com talento raro. Só isso já é o suficiente para me inspirar e me manter sempre no mais alto nível

Pâmela Rosa

skatista

"As meninas estão treinando e se cobrando mais, com isso o nível só aumenta. Essa evolução não vai parar. A Rayssa e a Momiji são muito técnicas. Mais jovens do que eu, mas com talento raro. Só isso já é o suficiente para me inspirar e me manter sempre no mais alto nível", afirma.

Pâmela voltou ao Brasil nesta semana e desfilou em carro aberto pelas ruas de São José dos Campos, mas ainda terá mais duas competições em 2021.

Seu próximo compromisso será nos Jogos Pan-Americanos Júnior, em 26 de novembro, na Colômbia. É uma competição nova e voltada principalmente para atletas de base (até 22 anos, com variações conforme o esporte), mas que no skate ganhará outro peso com a participação dos brasileiros.

Além da campeã mundial de street, outro skatista que se destacou em Jacksonville, Lucas Rabelo, vice-campeão do Super Crown, representará o país no evento.

"Tenho muito orgulho de servir meu país. Amo o Brasil! Fui convidada meses atrás e aceitei na hora. Se tiver oportunidade de representar o Brasil, seja em qualquer competição, quero estar presente sempre", diz.

No início de dezembro, ela ainda terá pela frente o STU Open, no Rio de Janeiro, antes de finalmente conseguir descansar do seu intenso 2021.

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