Descrição de chapéu tênis

Bia busca título do Australian Open e fim de jejum após jornada inesperada

Com parceria recém-formada, ela pode ser 1ª brasileira campeã de Slam desde Maria Esther

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São Paulo

Beatriz Haddad Maia está a um jogo de uma conquista inédita para ela e que o tênis feminino brasileiro não alcança desde 1968, com Maria Esther Bueno.

Neste domingo (30), à 1h (de Brasília), a dupla formada pela brasileira com a cazaque Anna Danilina desafiará as principais favoritas da chave, as tchecas Barbora Krejcikova e Katerina Siniakova, na decisão do Australian Open. A ESPN transmite.

Siniakova, 25, é a líder do ranking de duplas. Logo atrás vem Krejcikova, 26, quarta colocada em simples e vencedora de Roland Garros no ano passado. A parceria entre elas já rendeu três títulos de Grand Slam e a medalha de ouro nos Jogos de Tóquio.

As tenistas comemoram em quadra
Bia Haddad e Anna Danilina na vitória que garantiu vaga na decisão - Brandon Malone - 27.jan.22/AFP

O currículo das rivais, entrosadas e vencedoras, dimensiona o tamanho do desafio que Bia e Danilina terão na final. Mas até aqui as desafiantes conseguiram se dar bem justamente contra as probabilidades.

No fim de dezembro, Bia, 25, viajou à Austrália confiante para o início da temporada. Estava embalada por um ano de recuperação no ranking em 2021, com a volta ao top 100 (sua melhor posição foi 58ª, em 2017) e a vitória mais expressiva da carreira, diante da então número 3 do mundo Karolina Pliskova.

A paulista voltaria a jogar a chave principal de um Grand Slam após dois anos e meio. Nesse período, ela ficou dez meses suspensa por um caso de doping —sua defesa conseguiu provar que houve contaminação cruzada em suplementos alimentares—, viu a pandemia suspender o calendário e recomeçou praticamente do zero.

A prioridade de Bia sempre foi o jogo de simples, em que ocupa a 83ª posição do ranking. As duplas podem ser um bom complemento esportivo e financeiro, e ela já possui três títulos do circuito mundial nessa modalidade, mas era apenas a 150ª colocada antes do Australian Open.

Em Melbourne, a tenista parou na segunda rodada em simples, derrotada pela romena Simona Halep. Nas duplas, a ideia inicial era atuar ao lado de Nadia Podoroska. Com a lesão da argentina, porém, Bia precisou refazer os planos.

"Procurei uma parceria que tivesse um ranking parecido com ela, uma situação em que desse para entrar na lista. A Anna estava jogando um ITF [torneio de nível menor] na Tunísia e topou na hora. Aí perguntei se ela não queria vir antes, para jogarmos Sydney também, e nós fomos as últimas a entrar lá", contou.

As últimas se tornaram as primeiras no torneio WTA 500 de Sydney, com a conquista do título mais expressivo da carreira de ambas.

Danilina, 26, nasceu na Rússia, mas representa o Cazaquistão desde 2011. Ela jogou tênis no circuito universitário dos EUA de 2015 a 2018, enquanto se graduava em economia. Seu melhor ranking de simples foi a 269ª posição, em 2020. Nas duplas, vem em ascensão desde o ano passado, quando entrou no top 100, e era a 53ª antes do Australian Open.

"Eu a conheço desde o juvenil, até perdi para ela na final da Copa Gerdau. Eu sei que a gente se completa muito em quadra", disse Bia.

Em Sydney, o sucesso da parceria inesperada incluiu uma vitória sobre as favoritas japonesas Shuko Aoyama e Ena Shibahara. Elas voltaram a se enfrentar nas semifinais do Australian Open, novamente com triunfo da brasileira e da cazaque sobre as cabeças de chave número 2. Foi a nona vitória consecutiva da dupla.

Bia se tornou apenas a terceira atleta do país a chegar à decisão de um dos torneios do Grand Slam, os quatro mais importantes do esporte.

As outras foram Cláudia Monteiro, vice-campeã nas duplas mistas de Roland Garros em 1982, e Maria Esther Bueno. Vencedora de 19 troféus desse nível (11 em duplas, 7 em simples e 1 em duplas mistas), Maria Esther conquistou um deles na Austrália, em 1960, e o último em 1968, no US Open.

Quebrar esse período de 54 anos sem que uma brasileira seja campeã de um Slam também estará em jogo para Bia neste domingo.

O Australian Open é o "major" com menos conquistas para o Brasil. Além de Maria Esther, apenas Bruno Soares fez o país triunfar nas chaves profissionais do torneio, nas duplas masculinas e mistas, em 2016.

"Quando temos as coisas claras, elas acontecem cedo ou tarde. Não me surpreende o que está acontecendo, eu confio muito no meu tênis e acredito na minha equipe e na minha família, e isso é o suficiente para mim", disse a tenista.

A confiança que ela tem demonstrado não só nas declarações, mas principalmente dentro de quadra nas últimas partidas, é um bom sinal para quem entrará na decisão em busca de novamente surpreender as favoritas. E, quem sabe, fazer história.

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