Descrição de chapéu Ásia

Conheça Eileen Gu, chinesa nascida nos EUA que deve brilhar nos Jogos de Inverno

Esquiadora multicampeã aos 18 anos também se destaca como modelo e nos estudos

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Eileen Gu, esquiadora de 18 anos nascida e criada nos Estados Unidos, reúne vários atributos para se tornar a grande sensação das Olimpíadas de Inverno de Pequim-2022. A começar pelo fato de ser uma atleta da casa. Sim, Gu disputará os Jogos como representante da China, país de origem de sua mãe.

A nacionalidade não é o único aspecto curioso sobre a jovem fenômeno do esqui, que já possui uma série de conquistas, patrocinadores e nos últimos anos se dividiu com excelência entre o esporte e os estudos, além de trabalhos como modelo.

Saiba mais sobre Eileen Gu e por que você ainda deverá ouvir falar muito sobre ela.

Esquiadora faz manobra no ar em meio ao céu azul e à pista de neve
Eileen Gu é considerada um fenômeno do esqui aos 18 anos - Sean M. Haffey - 8.jan.22/AFP

Títulos precoces em série

Os Jogos de Pequim, a partir de 4 de fevereiro, serão o primeiro megaevento da carreira de Gu, mas nos últimos anos ela mostrou os motivos por que chegará badalada à competição.

A chinesa compete no esqui estilo livre, disciplina que reunirá 13 eventos em Pequim-2022. É possível que Gu participe de três deles: halfpipe, slopestyle e big air. Todos são provas de notas, nos quais os atletas são avaliados por suas manobras e habilidades técnicas.

Em 2021, ela conquistou duas medalhas de ouro no Campeonato Mundial de Aspen, no halfpipe e no slopestyle (modalidade que lembra o skate street, com rampas, mesas e corrimões), além de uma medalha de bronze no big air (modalidade de saltos). Foi um desempenho inédito no esporte, obtido mesmo com um dedo fraturado.

No mesmo ano, a jovem também se tornou a primeira mulher a ganhar três medalhas em sua primeira aparição nos X Games e a primeira atleta da China a ser campeã do tradicional evento de esportes radicais.

Em 2020, Gu disputou os Jogos Olímpicos da Juventude de Lausanne e conquistou também três medalhas, dois ouros (halfpipe e big air) e uma prata (slopestyle).

Escolha pela China em meio a tensão com os EUA

Eileen Gu nasceu em San Francisco, na Califórnia, em 2003. Ela foi criada pela mãe e pela avó, ambas chinesas, e ficou fluente tanto em inglês quanto em mandarim.

A mãe de Gu, Yani, que migrou para os EUA para estudar e também foi esquiadora, apoiou a carreira da filha. Durante o crescimento da atleta, a família continuou viajando à China com frequência.

Em junho de 2019, aos 15 anos, Gu anunciou sua decisão de competir pelo país-sede dos Jogos de Inverno. "Tenho orgulho da minha herança e igualmente da minha educação americana. A oportunidade de ajudar a inspirar milhões de jovens onde minha mãe nasceu é uma oportunidade única na vida de ajudar a promover o esporte que amo", afirmou em uma publicação no Instagram na época.

A escolha fez com que ela se tornasse uma celebridade dos esportes de inverno em dois mercados gigantescos, mas também gerou controvérsia e ataques nas redes sociais.

Como a política da China é de não reconhecer casos de dupla cidadania, ficou no ar a dúvida sobre a manutenção da sua cidadania americana. Recentemente, o jornal The Wall Street Journal tentou ouvir a equipe de Gu sobre o tema, mas não obteve resposta.

A frase diplomática que a esquiadora gosta de usar sobre o assunto é: "Quando estou nos EUA, sou americana; quando estou na China, sou chinesa".

Esquiadora chinesa com roupas pesadas e touca sorri com dois troféus nas mãos
Eileen Gu com troféus conquistados em uma competição preparatória para os Jogos de Pequim - Maddie Meyer - 8.jan.22/AFP

Segundo o WSJ, não estão disponíveis dados sobre quantos cidadãos dos Estados Unidos renunciaram à sua cidadania para se tornar chineses, mas é raro que os americanos renunciem à cidadania de uma forma geral, já que o país permite mantê-la ao adquirir uma nova.

O que torna a história de Gu ainda mais curiosa é que EUA e China vivem um momento de considerável tensão política, econômica e social.

​O governo de Joe Biden, assim como os de outras nações aliadas, vai boicotar diplomaticamente os Jogos de Pequim, sem enviar representantes políticos ao país para o evento. A medida é tratada como uma resposta às violações de direitos humanos cometidas pela ditadura chinesa, especialmente contra a minoria étnica dos uigures em Xinjiang.

Futuro na política?

Eu realmente tenho interesse em me envolver em alguma política governamental, talvez como embaixadora na China, porque tenho alguma experiência cultural entre os dois países. Obviamente, sou bilíngue. Então acho que isso pode ser muito empolgante para mim depois de esquiar, modelar e todas as coisas que quero fazer enquanto sou jovem. Tenho muito tempo para descobrir

Eileen Gu

ao Olympics.com em 2021

Estudante dedicada

Na série documental "Everyday Eileen", produzida pela Red Bull sobre a vida da atleta, a esquiadora conta que os estudos sempre foram a prioridade de sua família. Ela é grata por ter permanecido numa escola tradicional em vez de migrar para o ensino a distância ou para escolas dentro de academias de esqui, como fazem outros atletas em ascensão.

"Foi importante estar em uma classe em que ninguém esquiava e sabia o que eu fazia. Eu não era a Eileen esquiadora, era só a Eileen da aula de matemática, e isso foi bom", disse.

Seu desempenho estudantil é tão notável quanto os feitos no esporte. Em 2020, ela concluiu dois anos acadêmicos comprimidos em um para poder antecipar o fim do equivalente ao ensino médio a tempo de se preparar exclusivamente para os Jogos de Pequim.

Antes disso, a chinesa não esquiava mais de 65 dias por ano. Seus concorrentes costumam treinar o dobro do tempo.

A dedicação aos estudos deu resultado. A nota dela no SAT (espécie de Enem dos EUA) esteve entre as melhores do país e a fez ser aceita na Universidade Stanford, conquista com a qual a atleta já sonhava bem antes de sonhar com as Olimpíadas. Gu pretende iniciar a vida acadêmica neste ano, passada a temporada esportiva.

Capa de revistas

No perfil da atleta no Instagram, ela lista seus principais feitos no esqui e também o fato de ser uma modelo representada pela IMG Models.

Gu já foi capa das revistas Elle e Vogue e fez trabalhos para grandes marcas, como Tiffany, Louis Vuitton e Victoria's Secret.

Em 2019, ela participou da Paris Fashion Week a convite de uma marca chinesa.

"Eu acho que é muito importante ter uma vida completa e ser capaz de fazer várias coisas diferentes. Fui à Paris Fashion Week em 2019, que foi provavelmente a melhor semana da minha vida… Sem ofensas, esqui!", afirmou Gu ao Olympics.com.

Ativismo contra xenofobia

A chinesa quer que sua própria experiência multicultural sirva de exemplo para combater a xenofobia. Ela costuma se posicionar contra o preconceito e a violência sofridos pela população asiática nos EUA, problema que se acentuou na pandemia.

No seu Instagram, há uma aba fixa com os stories que ela já publicou sobre o assunto, assim como mensagens de apoio ao movimento Black Lives Matter.

"Não foi a pandemia que criou esses problemas. Eles sempre existiram e agora estão revelados em uma grande escala", afirmou em uma das postagens.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.