Esquiadora brasileira sofre acidente automobilístico e perde Jogos de Inverno

Bruna Moura, 27, teve fraturas no braço e nos pés após a van em que estava bater na Itália

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São Paulo

A esquiadora Bruna Moura, 27, convocada para representar o Brasil nos Jogos de Inverno de Pequim-2022 na modalidade cross-country, sofreu fraturas em um acidente automobilístico e não poderá participar da competição.

De acordo com o COB (Comitê Olímpico do Brasil), o acidente aconteceu perto de Obervintl, na Itália. A atleta seguia em uma van para a Alemanha, após um período de treinos na Áustria, e esperava embarcar daqui a poucos dias para a China. A cerimônia de abertura dos Jogos será em 4 de fevereiro.

Esquiadora em ação na neve
Bruna Moura representaria o país no esqui cross-country - Odd Andersen - 24.fev.21/AFP

"Bruna sofreu fraturas na ulna (osso do antebraço) e nos pés e se encontra hospitalizada. O COB e a Confederação Brasileira de Desportos na Neve (CBDN) estão prestando todo o suporte à atleta", afirmou o comitê em nota.

"Eu estava sentada no banco de trás e com o cinto de segurança. Os médicos falaram que foi isso o que me salvou. Eu não vou para as Olimpíadas de Inverno desta vez, mas estou viva", ela disse à Globo.

"Quando eu acordei do acidente, ainda lá na van, acordei assustada, porque acordei sentindo muita dor, vendo muita gente tentando me tirar da van. Não entendi o que estava acontecendo, estava completamente confusa. Estava difícil de respirar, doía muito, mas eu estava contente, porque sabia que, se eu estava sentindo dor, não tinha perdido meus movimentos. Não tinha lesionado a coluna de uma forma perigosa", detalhou ao blog Olhar Olímpico, do UOL.

Segundo os relatos, a van se chocou com um caminhão na estrada. O motorista que conduzia o veículo, contratado por aplicativo, morreu no acidente.

Quando Bruna receber alta, viajará para a Holanda, onde vive, e fará as cirurgias necessárias no país.

A sua participação nas Olimpíadas estava em dúvida desde a semana passada. No dia 17, quando soube da convocação para Pequim, ela também recebeu o diagnóstico de Covid-19 e entrou em quarentena na Áustria. A expectativa era que a esquiadora se recuperasse até o fim desta semana e pudesse viajar à China no dia 1º.

Agora, ela será substituída por Eduarda Ribera, terceira colocada entre as atletas que disputaram as duas vagas do Brasil. Duda, 17, deverá embarcar para a China nesta sexta (28) e competir ao lado de Jaqueline Mourão, 46. A veterana, que foi mentora de Bruna tanto no ciclismo mountain bike como no esqui, participará de sua oitava edição de Jogos Olímpicos, a quinta de inverno.

Natural de Caraguatatuba (litoral de São Paulo), Bruna começou a pedalar num projeto capitaneado por Jaqueline quando tinha por volta de 15 anos e foi considerada uma jovem promissora. Em 2011, porém, ela recebeu o diagnóstico de comunicação interatrial, uma condição cardíaca congênita que a obrigou a se afastar das práticas esportivas.

"Depois que eu tive o diagnóstico, entrei em depressão. Eu não conseguia olhar ciclistas treinando na rua, eu virava a cara. O médico me falar que eu não podia praticar esporte porque poderia ter uma morte súbita tirou o meu chão", relatou a atleta ao Olympics.com.

A condição cardíaca demandava uma cirurgia de altíssimo custo, mas Jaqueline conseguiu que a operação fosse feita de graça num programa de pesquisa hospitalar em São Paulo.

Quando a jovem foi autorizada a voltar para o esporte, recomeçou pelo rollerski (esqui com rodas), alternativa para os meses sem neve apresentada a ela também por Jaqueline. Depois foi convidada pela CBDN para entrar no esqui cross-country e desde então evoluiu na modalidade de inverno.

Neste ciclo olímpico, pupila e mentora conseguiram somar pontos para que o Brasil tivesse duas representantes nos Jogos. Elas esperavam realizar juntas o sonho de competir na prova de duplas, algo inédito para o Brasil, como já haviam feito no último Campeonato Mundial.

"Foi uma emoção muito grande na chegada, nós nos abraçamos. As pessoas achavam até que a gente tinha ganhado a prova, mas não estavam entendendo quanto a gente ganhou nesse dia. As nossas experiências são sempre explosivas e estão sendo ainda hoje", relembrou Jaqueline à Folha na semana passada.​

"A Bruna é uma bola de energia. Desde o primeiro dia em que eu a vi, é uma menina muito dedicada, centrada e batalhadora", completou.

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