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Nadal renasce após ter a carreira em xeque e quebra recorde de Slams

Espanhol vira batalha contra Medvedev na Austrália, leva 21º troféu e deixa Federer e Djokovic para trás

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São Paulo

De desacreditado a recordista. Numa das maiores partidas de sua carreira, Rafael Nadal transformou uma final quase perdida em virada épica para conquistar o título do Australian Open neste domingo (30).

Mais do que isso, seu 21º troféu em um torneio do Grand Slam consagrou o espanhol como maior vencedor de simples entre os homens, deixando Novak Djokovic e Roger Federer para trás, ambos com 20. É a primeira vez que ele supera o suíço nessa contagem. A lista feminina é liderada pela australiana Margaret Court, com 24.

Nadal bateu Daniil Medvedev por 3 sets a 2, parciais de 2/6, 6/7, 6/4, 6/4 e 7/5, após cinco horas e 24 minutos de confronto.

Nadal de braços erguidos e olhos fechados, vibrando
Rafael Nadal comemora o título do Australian Open - Asanka Brendon Ratnayake/Reuters

Esse foi o segundo título de Nadal na Austrália, 13 anos após o primeiro. Era o único dos quatro maiores torneios do esporte que ele havia ganhado apenas uma vez.

O espanhol também possui quatro vices em Melbourne, um deles após maratona ainda mais longa que a deste domingo. A final contra Djokovic em 2012 durou cinco horas e 53 minutos e teve vitória do sérvio.

Apesar do currículo extenso do multicampeão de 35 anos, foi o russo de 25 que entrou como favorito para a final. Na ausência de Djokovic, o vice-líder do ranking era o tenista mais cotado da chave pelo seu ótimo desempenho na quadra dura e por ter batido justamente o número 1 do mundo na final do US Open de 2021.

Nadal, por sua vez, chegou à Austrália com expectativas moderadas. Ausente do circuito desde agosto do ano passado para tratar uma lesão crônica no pé esquerdo, ele precisou usar muletas e refletiu seriamente sobre sua continuidade no esporte por causa das dores frequentes e dificuldades para treinar. Em dezembro, ainda contraiu Covid-19 e, mesmo devidamente vacinado, relatou ter passado dias difíceis com a doença.

O espanhol retornou no começo deste ano, com o título no ATP 250 de Melbourne. No Grand Slam, ele manteve a sequência vitoriosa, mas não sem sacrifícios. Já havia enfrentado cinco sets para bater Denis Shapovalov, 22, após abrir vantagem de 2 a 0 e sofrer o empate nas quartas de final. Além do jovem canadense, o veterano precisou superar uma desidratação e a perda de 4 kg naquele dia.

"Para ser honesto, há um mês e meio eu não sabia se conseguiria voltar ao circuito e jogar tênis novamente. E hoje, na frente de todos vocês [torcedores] ter esse troféu comigo... Vocês realmente não sabem quanto eu lutei para estar aqui", afirmou um emocionado Nadal na premiação.

O título, o recorde e principalmente as circunstâncias em que tudo ocorreu dão ânimo para que ele persiga novas marcas. Enquanto isso, seus maiores rivais vivem momentos complicados.

Federer está ausente do circuito por lesão no joelho e sem previsão de retorno aos 40 anos. Djokovic, além da imagem desgastada pela deportação da Austrália, terá uma agenda limitada de torneios para disputar caso insista em não tomar vacina contra a Covid-19.

Um dos locais em que o sérvio deverá ter dificuldade para jogar por exigência de passaporte vacinal será a França, palco de Roland Garros. Justamente o Slam que Nadal venceu 13 vezes e onde poderá ampliar suas contagens em junho.

Já Medvedev, derrotado pelo mesmo adversário que o superou em sua primeira final, no US Open de 2019, dá passos cada vez mais sólidos rumo à liderança do ranking. Apesar de ter feito um discurso pacífico na cerimônia, com muitos elogios ao campeão, o russo deixou claro na entrevista coletiva seu aborrecimento com as provocações e vaias que recebeu —e devolveu—​ de parte do público durante o jogo.

Nadal sai das cordas para superar Medvedev

O espanhol começou a final com o objetivo de quebrar o ritmo e encurtar os pontos para que Medvedev não ficasse à vontade na troca de bolas do fundo de quadra. Para isso, apostou mais em slices e subidas à rede, mas não conseguiu sustentar essa estratégia. Teve o saque ameaçado constantemente, foi quebrado duas vezes e perdeu por 6/2.

No segundo set, que teve incríveis 84 minutos, Nadal foi mais paciente e aceitou entrar no tiroteio. Inclusive ganhou o ponto mais espetacular da decisão, após 40 trocas de bola que terminaram com um slice de backhand angulado.

Ele teve chances de empatar a partida, com quebra de saque à frente por duas vezes e ao liderar o tiebreak, mas viu o russo se recuperar em todas essas ocasiões e prevalecer no desempate.

Houve ainda uma invasão de quadra quando Nadal sacava em 5/3. Um homem com uma faixa em protesto contra a detenção de refugiados no país foi rapidamente imobilizado por seguranças e retirado do local.​

Perto de fechar o jogo após abrir 2 a 0, o russo teve três chances de quebra em um 0/40 no sexto game do terceiro set, mas não aproveitou e pareceu se desconcentrar. Passou a errar bolas fáceis e a se incomodar com os barulhos produzidos pelo público entre os seus saques.

Daniil Medvedev na final do Australian Open contra Rafael Nadal - Morgan Sette/Reuters

Nadal, que não desistia de lutar apesar da desvantagem e do cansaço, havia encontrado uma forma de equilibrar as ações e estava mais confiante na definição dos pontos. Quando achou uma brecha, quebrou o saque do rival e sacou para fechar em 6/4.

A vantagem física que Medvedev parecia ter não se refletiu dali para frente. Tanto o quarto quanto o quinto sets ofereceram chances para ambos. Desgastados, eles produziam grandes lances intercalados com erros, mas permaneciam na luta.

Quem levou a melhor na batalha de nervos dos múltiplos break-points foi o espanhol. Ele fechou as parciais derradeiras em 6/4 e 7/5, esta última depois de ser quebrado sacando para o jogo e se recuperar logo na sequência.

TENISTAS COM MAIS TÍTULOS DE GRAND SLAM ENTRE OS HOMENS

1º Rafael Nadal 21
2º Roger Federer 20
2º Novak Djokovic 20
4º Pete Sampras 14
5º Roy Emerson 12
6º Rod Laver 11
6º Björn Borg 11
8º Bill Tilden 10

OS TÍTULOS DE RAFAEL NADAL

Australian Open 2 (2009, 2022)
Roland Garros 13 (2005, 2006, 2007, 2008, 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2017, 2018, 2019, 2020)
Wimbledon 2 (2008, 2010)
US Open 4 (2010, 2013, 2017, 2019)

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