Descrição de chapéu tênis

Primeiro-ministro australiano diz que Djokovic pode ser barrado no país

Segundo Morrison, tenista terá que provar razões pelas quais recebeu dispensa da vacina

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São Paulo

O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, disse nesta quarta-feira (5) que Novak Djokovic pode ser barrado no país se não puder provar as razões pelas quais recebeu uma isenção médica para jogar o Australian Open sem estar vacinado contra a Covid-19.

O tenista sérvio, que conquistou nove títulos em Melbourne, incluindo os três últimos, confirmou na terça-feira que buscará seu 21º troféu de Grand Slam no torneio que começa em 17 de janeiro.

O anúncio de que o número 1 do mundo havia recebido uma isenção médica provocou indignação em Melbourne, que sofreu um longo lockdown nos últimos anos e onde recentemente um surto da variante Ômicron levou o número de casos a níveis recordes.

Djokovic saltando e rebatendo uma bola no fundo de quadra, com o registro de sua sombra na quadra
Novak Djokovic em ação no Australian Open de 2020 - Kai Pfaffenbach - 24.jan.20/Reuters

A autorização foi concedida a Djokovic pelo governo estadual de Victoria, onde está localizada Melbourne, após a aprovação de dois painéis médicos independentes. A medida recebeu duras críticas de grande parte da imprensa local.

Morrison sugeriu que a participação de Djokovic ainda não está fechada e que ele terá de satisfazer o governo federal, que é responsável pelas fronteiras e vistos internacionais e não fez parte do processo de concessão da isenção, responsabilidade dos governos estaduais.

"Se essa evidência for insuficiente, ele não será tratado de forma diferente de ninguém e estará no próximo avião para casa. Não deveria haver regras especiais para Novak Djokovic. Absolutamente nenhuma", disse Morrison em entrevista coletiva.

Morrison, do Partido Liberal, e o premiê de Victoria, Daniel Andrews, do Partido Trabalhista, são adversários políticos e já trocaram acusações sobre vários assuntos. No fim do ano passado, eles se chocaram quando Morrison defendeu que os governos interferissem menos na vida dos australianos e criticou medidas de controle da pandemia adotadas no estado. Nenhum dos dois líderes, porém, se colocou ao lado do tenista sérvio ao longo da novela que já se arrasta por meses.

Os organizadores da Tennis Australia (autoridade do esporte no país) estipularam que todos no complexo de Melbourne Park devem ser vacinados ou ter a isenção para circular no torneio. Com ela, Djokovic não será obrigado a entrar em quarentena e terá as mesmas liberdades de alguém que foi vacinado.

"Novak não vai jogar o Australian Open com isenção porque ele é a maior estrela", disse a ministra do governo de Victoria Jaala Pulford. "Ele está vindo porque conseguiu demonstrar, por meio desse processo, que é elegível de acordo com as regras que se aplicam a todas as outras pessoas do país."

O presidente-executivo da Tennis Australia e diretor do torneio, Craig Tiley, afirmou que os painéis independentes consistem de médicos das áreas de imunologia, doenças infecciosas e clínica geral. Segundo ele, todas as isenções cumpriram as condições estabelecidas pelo Grupo Consultivo Técnico Australiano sobre Imunização.

"Nós entendemos completamente e temos empatia com as pessoas que estão chateadas com o fato de Novak ter vindo, por causa de suas declarações nos últimos dois anos sobre a vacinação", afirmou.

Nas últimas 24 horas, o estado de Victoria registrou 17.636 novos casos de Covid-19 e 11 mortes.

Tiley reconheceu que serão feitas perguntas sobre a isenção e a única pessoa que poderá respondê-las é Djokovic. "Certamente seria útil se Novak explicasse as condições em que buscou uma isenção, mas, em última análise, cabe a ele."

De acordo com a organização, o torneio recebeu 26 pedidos de dispensa de vacina entre cerca de 3.000 participantes e alguns foram aprovados, mas o número exato não foi revelado. A maioria teria sido obtida em razão de contaminação pelo coronavírus nos últimos seis meses.

Lenda do tênis australiano que dá nome à principal arena do Melbourne Park, Rod Laver também criticou a falta de transparência na obtenção da isenção de Djokovic e manifestou preocupação com a reação do público.

"Eu acho que pode ficar feio. Acho que o povo vitoriano pode estar pensando: 'Sim, eu adoraria vê-lo jogar e competir, mas, ao mesmo tempo, há um jeito certo e um jeito errado'. Se ele tem um motivo [para a isenção], então devemos saber disso. Você é um grande jogador e ganhou tantos torneios, então não pode ser físico. Então, qual é o problema?", questionou.

O sérvio recusou-se repetidamente a revelar seu status de vacinação e disse anteriormente que não tinha certeza se iria competir em Melbourne.

Jogar o torneio lhe dará a chance de ficar pela primeira vez à frente de Rafael Nadal e Roger Federer, que também têm 20 títulos de Grand Slam, na lista masculina dos maiores ganhadores.

Com Reuters

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