Startup brasileira de fantasy game recebe aporte de R$ 180 milhões

Rei do Pitaco, plataforma semelhante ao Cartola FC, será o jogo oficial do Campeonato Paulista

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São Paulo

Eles trabalham com futebol, conseguiram um aporte milionário na Série A têm como objetivo de longo prazo alcançar a Série D, estágio no qual poderão angariar ainda mais dinheiro para o seu projeto.

Parece estranho se pensamos, por exemplo, nas divisões do Campeonato Brasileiro, mas no mundo das startups as rodadas de investimento movimentam mais dinheiro à medida que se avança para as Séries B, C, D e E. Para chegar a esses estágios, porém, é preciso já ter um produto consolidado e uma boa base de clientes.

No início deste ano, a startup Rei do Pitaco, plataforma de fantasy game em que o usuário monta seu time virtual e concorre a prêmios (semelhante ao Cartola FC), recebeu um aporte de R$ 180 milhões, provenientes de fundos internacionais, em uma dessas rodadas de negociação na Série A.

Trata-se do maior investimento recebido por uma sportstech do Brasil.

Startup recebeu aporte de R$ 180 milhões em rodada de investimentos
Startup brasileira Rei do Pitaco recebeu aporte de R$ 180 milhões em rodada de investimentos - Rei do Pitaco/Divulgação

Com outros R$ 28 milhões captados no ano passado, a empresa dos paraibanos Mateus Dantas e Kiko Augusto, que conta atualmente com 1,5 milhão de clientes cadastrados, planeja reinvestir o montante captado na melhora do produto e, consequentemente, na conquista de novos jogadores para a plataforma.

A empresa conta atualmente com 75 funcionários. De acordo com a dupla, o aporte milionário recebido fez com que abrissem mais de 20 novas vagas para ampliar a equipe.

"Uma coisa que a gente fala bastante quando vai levantar esses investimentos, principalmente agora que quase todos os nossos investidores são de fora [do país], é sobre quão deficiente é o mercado brasileiro de esporte na parte de tecnologia", diz Kiko, um dos fundadores do Rei do Pitaco.

"A gente vem do digital, nascemos na tecnologia, fomos criados nesse meio. E queremos trazer a tecnologia para o esporte. No Brasil, a galera está criando fintech, banco novo, ou algo relacionado à saúde, healthtech, mas a parte de esportes segue à mercê."

Mateus e Kiko se conheceram em 2015. O primeiro fazia à época um estágio no Google, em Varsóvia, e o segundo vivia na Inglaterra, onde participava do programa Ciência sem Fronteiras. Foram apresentados por um amigo em comum, que trabalhava no Facebook e hoje é companheiro dos dois na startup.

Com a ideia de criar um aplicativo de fantasy game no qual usuários pudessem montar times virtuais com atletas das principais equipes do mundo, fundaram a plataforma em 2019, mas com um produto, segundo eles mesmos, longe do ideal.

"Eu já conhecia esse modelo de fantasy game, que tem premiação em dinheiro e no qual você joga rodada a rodada. Na minha cabeça, era óbvio que aquilo funcionaria no Brasil, questão de tempo para que alguém fizesse dar certo. Um público gigantesco, pessoas apaixonadas por futebol... Era uma conta que, na minha cabeça, fechava", conta Mateus.

Kiko Augusto (esq.) e Mateus Dantas, fundadores do Rei do Pitaco, plataforma de fantasy game brasileira
Kiko Augusto (esq.) e Mateus Dantas, fundadores do Rei do Pitaco, plataforma de fantasy game brasileira - Rei do Pitaco/Divulgação

"Em uma conversa por WhatsApp, a gente decidiu fazer [o Rei do Pitaco]. Três dias depois, lançamos o produto, e não funcionava. Era óbvio: um produto lançado em três dias não ia funcionar. Mas nós dois estávamos apaixonados pela ideia. Em 2019, a gente decidiu largar tudo. Saí da Inglaterra e voltei para o Brasil, o Kiko largou a universidade, e nós nos mudamos para São Paulo. Desde então, o Rei do Pitaco vem numa trajetória de crescimento."

O jogo lembra a fórmula do Cartola FC, fantasy game do Grupo Globo no Campeonato Brasileiro, mas se diferencia, entre outros fatores, pela possibilidade de os usuários montarem times de ligas internacionais. Para chegarem ao produto que desenvolveram, os criadores dizem ter se inspirado em três empresas do ramo: Draft Kings e FanDuel, dos Estados Unidos, e Dream Eleven, da Índia.

A base estatística utilizada para definir as pontuações dos jogadores e das equipes é fornecida pelo Footstats.

Quando algum cliente questiona, por exemplo, o porquê de uma assistência não ter sido contabilizada a um atleta de seu time ou diz que um gol registrado como contra deveria ter sido creditado ao seu atacante, o Rei do Pitaco faz uma análise, que é submetida ao Footstats. Se consideram que a estatística estava de fato errada, fazem a revisão da informação e, depois, dos pontos do usuário.

Neste início de 2022, uma das novidades do Rei do Pitaco é a parceria firmada com a FPF (Federação Paulista de Futebol) para que a plataforma seja o fantasy oficial do Campeonato Paulista.

"Ainda precisamos melhorar bastante o produto. Que funcione mais rapidamente, que a experiência seja mais direta no aplicativo, com menos falhas. E trazer novas funcionalidades que a gente sabe que nosso público vai gostar. Novas formas de jogar, mais competições, premiações mais altas. Essas são as principais melhoras que queremos", completa Mateus.

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