Descrição de chapéu surfe

WSL começa sem Medina, mas com novos surfistas, regras e etapas

Temporada 2022 do circuito mundial de surfe tem início no Havaí neste sábado (29)

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São Paulo

A temporada 2021 da WSL (World Surf League) foi excepcional para os atletas brasileiros. Gabriel Medina, Filipe Toledo e Italo Ferreira ocuparam as três primeiras posições do torneio masculino, e Tatiana Weston-Webb levou o vice-campeonato entre as mulheres.

Repetir esse desempenho no circuito mundial de surfe em 2022 já não seria tarefa simples. Ficou mais difícil após Medina anunciar, na segunda-feira (24), que não estará no Havaí para as duas primeiras etapas da temporada que começa neste sábado (29), em Pipeline. A primeira chamada está prevista para as 15h (de Brasília).

Surfistas mostram troféus e sorriem no pódio
Tatiana Weston-Webb e Filipe Toledo, vice-campeões em 2021, devem brigar mais uma vez pelo título - Cait Miers - 10.mai.21/World Surf League

Além do domínio no mar, o tricampeão mundial teve o último ano marcado por polêmicas e conflitos familiares. Nesta semana, soube-se que seu casamento com Yasmin Brunet chegou ao fim. Esse conjunto de perturbações fez com que o paulista de 28 anos decidisse se afastar das competições para preservar a saúde mental.

"Eu já estou me tratando e vou priorizar a minha saúde neste momento. Estou empenhado e focado para voltar bem e encontrar vocês assim que eu estiver pronto", afirmou o atleta, que também se recupera de uma lesão no quadril.

Sem dar prazo para o retorno nem garantir que ele ocorrerá ainda neste ano, Medina deixou aberto o favoritismo na corrida pelo título.

Italo Ferreira, 27, campeão mundial em 2019 e medalhista de ouro olímpico, e Filipe Toledo, 26, que no ano passado conquistou seu melhor resultado no circuito com o vice-campeonato, deverão brigar nas cabeças novamente.

A maior ameaça ao domínio brasileiro é o havaiano John John Florence, bicampeão mundial (2016 e 2017) e que teve as três últimas temporadas atrapalhadas por lesões. Ele mostrou estar recuperado no fim de 2021, com duas vitórias consecutivas no Havaí pela divisão de acesso, e torce para que os joelhos não voltem a tirá-lo de ação.

A desistência de Medina foi recebida com surpresa no mundo do surfe, mas o brasileiro recebeu apoio de seus rivais e também da WSL em suas declarações públicas. A liga espera que as novidades planejadas para o ano despertem interesse e ajudem a superar, ao menos parcialmente, a ausência por tempo indeterminado de seu maior astro.

A principal mudança de regulamento foi a criação de uma linha de corte no meio da temporada. Em maio, após a disputa de 5 das 10 etapas classificatórias para as finais, o número de competidores fixos no ranking cairá de 34 para 22 entre os homens e de 17 para 10 entre as mulheres.

Os surfistas remanescentes garantem permanência na elite em 2023 e vão continuar na briga pelas cinco vagas nas finais do circuito —os cortados terão que disputar os eventos da divisão de acesso para tentar retornar no ano seguinte.

Assim como em 2021, o título será decidido em apenas uma etapa, no mês de setembro, em Lower Trestles, na Califórnia.

Além de Gabriel, Filipe e Italo, o Brasil terá mais seis competidores fixos na elite masculina: Yago Dora, Deivid Silva, Jadson André, Miguel Pupo, Samuel Pupo e João Chianca. Os dois últimos são estreantes.

"É uma responsabilidade grande tentar continuar o legado de surfistas brasileiros incríveis, mas me sinto lisonjeado de poder estar nessa posição", afirma Samuel Pupo, 21, contente também por dividir espaço com o irmão Miguel, 30.

Apelidado de "Chumbinho", Chianca também tem um irmão no surfe profissional, o especialista em ondas grandes Lucas Chumbo, e recebeu apoio da família desde cedo.

"Ao longo dos três anos em que eu venho buscando evolução e competindo em eventos grandes, sinto que toda a torcida no Brasil já tinha me entregue essa responsabilidade de promessa, de corresponder às expectativas e entrar no circuito. A responsabilidade vai crescendo gradativamente e a gente vai conseguindo lidar melhor com isso", diz.

Serão 11 estreantes no total, maior renovação dos últimos anos. Na outra ponta da carreira, Kelly Slater, 11 vezes campeão mundial, vai para mais uma temporada, mas esta poderá ficar marcada negativamente. O lendário surfista norte-americano, que completará 50 anos em 11 de fevereiro, provavelmente não poderá viajar a alguns países, entres eles a Austrália, por não querer se vacinar contra a Covid-19.

A favorita entre as mulheres é a havaiana Carissa Moore, 29, que é pentacampeã mundial, medalhista olímpica de ouro e defenderá seu título.

Tati Weston-Webb, 25, conta que levou um tempo para processar o vice no ano passado após estar mais próxima do que nunca do troféu. "Eu não fiquei satisfeita com esse resultado, especialmente porque ser campeã mundial sempre foi um grande sonho. Quando eu cheguei tão perto, foi mais difícil para realmente engolir", admite.

Tati dá um salto com a prancha na areia, observada por Italo, que segura sua prancha
Tatiana Weston-Webb e Italo Ferreira em Tsurigasaki, local do surfe nas Olimpíadas de Tóquio - Lisi Niesner - 22.jul.21/Reuters

Passados alguns meses, porém, a gaúcha radicada no Havaí se vê mais tranquila. O objetivo é ficar entre as cinco melhores e só depois pensar na final. "Durante os treinos eu peguei Covid, e meu corpo estava me pedindo para descansar mais do que treinar. Então descansei bastante, mas surfei bastante também e fiquei mais ou menos livre. Queria só aproveitar as férias mesmo", afirma.

Além da linha de corte na metade da temporada, outra novidade em que a WSL aposta para 2022 é a unificação de todo o calendário das categorias masculina e feminina nos mesmos locais, incluindo as etapas de Pipeline e do Taiti, antes disputadas apenas pelos homens.

A Indonésia voltará ao circuito mundial após 24 anos, e El Salvador fará a sua estreia. Após dois anos sem a realização da etapa brasileira, a expectativa é que a elite do surfe retorne a Saquarema em junho.

Também houve mudança nos direitos de transmissão das competições, adquiridos pela Globo. Todas as etapas terão exibição gratuita na plataforma de streaming Globoplay até as oitavas de final e passarão para o SporTV a partir das quartas. A Globo também promete exibir flashes na TV aberta quando algum brasileiro vencer um evento. A transmissão oficial da WSL, em seu site e aplicativo, continuará disponível.

Calendário da WSL em 2022

1ª etapa - 29.jan a 10.fev - Pipeline, Havaí (EUA)
2ª etapa - 11.fev a 23.fev - Sunset Beach, Havaí (EUA)
3ª etapa - 3.mar a 13.mar - Peniche (Portugal)
4ª etapa - 10.abr a 20.abr - Bells Beach (Austrália)
5ª etapa - 24.abr a 4.mai - Margaret River (Austrália)

Corte do meio da temporada

6ª etapa - 28.mai a 6.jun - G-Land (Indonésia)
7ª etapa - 12.jun a 20.jun - Surf City (El Salvador)
8ª etapa - 23.jun a 30.jun - Saquarema, Rio de Janeiro (Brasil)
9ª etapa - 12.jul a 21.jul - Jeffreys Bay (África do Sul)
10ª etapa - 11.ago a 21.ago - Teahupoo (Taiti)

Finais entre os cinco melhores da temporada

8.set a 16.set - Lower Trestles, Califórnia (EUA)

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