Descrição de chapéu mídia jornalismo

Edgard Alves, jornalista referência no esporte olímpico, morre aos 73 anos

Colunista da Folha, ele cobriu sete edições de Olimpíadas e estava no jornal desde 1967

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Morreu nesta sexta-feira (4) o jornalista e colunista da Folha Edgard Alves, vítima de infarto aos 73 anos.

O velório acontecerá neste sábado (5), primeiro em São Paulo na parte da manhã e, entre o fim da tarde e início da noite, em Botucatu, onde ele nasceu. O sepultamento será no domingo (6), na cidade do interior paulista.

Ao longo de sua trajetória no jornalismo, Edgard participou da cobertura in loco de sete Olimpíadas (Montréal-1976, Moscou-1980, Atlanta-1996, Sydney-2000, Atenas-2004, Pequim-2008 e Rio-2016) e de cinco edições de Jogos Pan-Americanos.

O jornalista iniciou sua trajetória na Folha em dezembro de 1967 e era um dos colaboradores mais antigos do jornal. Atuou como repórter e chefe de reportagem e estreou como colunista há exatos dez anos, em 4 de fevereiro de 2012.

Edgard Alves cobriu sete edições de Olimpíadas in loco
Edgard Alves cobriu sete edições de Olimpíadas in loco - Caio Guatelli - 14.fev.2008/Folha Imagem

"A ideia da coluna é acompanhar, do ponto de vista estritamente jornalístico, sem mau humor, todo o movimento na área dos esportes olímpicos", afirmou na ocasião.

Dono de um conhecimento multiesportivo raro, Edgard era capaz de discutir em detalhes a atuação de um atleta ou o bastidor político de uma decisão tomada em alguma confederação. Gostava especialmente de basquete, atletismo e boxe. Tinha um arsenal de histórias para contar, do esporte e da própria Folha.

Na Redação do jornal, era conhecido pela generosidade, pela gentileza e pela integridade. Ensinava pacientemente as novas gerações e defendia ardorosamente pontos que julgava importantes para a cobertura esportiva, como a publicação de fichas técnicas das partidas.

Sua última coluna na Folha saiu na segunda-feira (31) e tratou dos preparativos para os Jogos de Inverno de Pequim-2022, que tiveram sua cerimônia de abertura realizada justamente nesta sexta.

Edgard Alves brinca com o boxeador Evander Holyfield no embarque em Atenas, após os Jogos Olímpicos de 2004
Edgard Alves brinca com o boxeador Evander Holyfield no embarque em Atenas, após os Jogos Olímpicos de 2004 - Arquivo Pessoal

Fora do esporte, gostava de falar sobre sua participação na cobertura do incêndio do edifício Joelma, em 1974. Edgard conseguiu entrar no prédio, próximo à Folha. "Naquele dia tenebroso eu senti, de fato, a dor de uma catástrofe", contou ele em um texto publicado no jornal em 2011.

"Pense em alguém sério. Em alguém correto. Em alguém ético. Em alguém competente. Perfeccionista. Intransigente", escreveu o também colunista da Folha Juca Kfouri em seu blog no UOL. "Era raro vê-lo sem boina, e absolutamente impossível não encontrá-lo solidário com quem precisasse."

O Comitê Olímpico do Brasil também lamentou a morte do jornalista. "Conhecido pelos inúmeros amigos que fez no jornalismo pela alcunha de 'Degas', tinha paixão pelo basquete. Gostava de contar histórias de épocas importantes da modalidade, como os anos 1970, 1980 e 1990, e de passagens com grandes nomes das quadras. Mas também distribuía conhecimento sobre todos os demais esportes olímpicos", diz a nota do comitê.

"Edgard foi um mestre para gerações de jornalistas esportivos, especialmente os que se especializaram nos esportes olímpicos. Generoso, ensinou muitos profissionais durante anos, décadas. E eu me incluo entre seus alunos. Graças a ele, temos jornalistas mais bem preparados para escrever, falar, analisar e cobrir outros esportes além do futebol", afirmou Renato Ribeiro, diretor de esportes do Grupo Globo.

Magic Paula, campeã mundial e medalhista de prata olímpica com a seleção brasileira no basquete, tinha Edgard como amigo. A ex-atleta lamentou a morte do jornalista que tantas vezes a entrevistou.

"Hoje é um dia bem triste. O Edgard é uma referência para mim. Ele deixou todo um legado de ética, de ser correto, de ajudar aqueles que estavam se destacando, de valorizar os atletas. É um dia triste para o esporte de maneira geral, em especial para o basquete", disse Paula.

Corintiano, o jornalista será homenageado com um minuto de silêncio antes do duelo entre Ituano x Corinthians, domingo (6), às 18h30, pelo Campeonato Paulista.

Edgard deixa dois filhos, Aline e Leandro, dois netos, Pietra e Victor, e a esposa, Yara.

Velório em São Paulo

  • Quando 5.fev, das 9h às 13h
  • Onde rua São Carlos do Pinhal, 376, Bela Vista

Velório e sepultamento em Botucatu (SP)

  • Quando velório: 5.fev., das 18h às 20h, e 6.fev., das 8h às 10h | sepultamento: 10h
  • Onde Cemitério Portal das Cruzes - rua Carlino de Oliveira, S/N
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.