Herói senegalês reforça o Chelsea no Mundial após conquista na África

Time inglês encara o Al Hilal por direito de enfrentar o Palmeiras na decisão

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São Paulo

No dia seguinte à vitória de Senegal sobre o Egito na final da Copa Africana de Nações, a cidade de Dakar amanheceu em festa. Centenas de torcedores foram às ruas da capital senegalesa para festejar o inédito título da seleção, recebida com uma grande festa ao retornar ao país na segunda-feira (7).

Durante a comemoração, ouviam-se as famosas vuvuzelas, buzinas de carros e gritos de euforia. Em meio ao mar de pessoas vestidas com roupas vermelhas, amarelas e verdes, cores da bandeira do país, muitos exibiam também faixas com os rostos dos ídolos nacionais. A face do goleiro Édouard Mendy, que brilhou na disputa de pênaltis, era uma das que mais se destacavam.

Aos 39 anos, o atleta se transformou em símbolo de sucesso e esperança para seus compatriotas. Essa condição foi reforçada com o título pela seleção, mas construída também com a camisa do Chelsea, time pelo qual conquistou a Champions League de 2020/21 —a campanha credenciou a equipe inglesa a disputar pela segunda vez o Mundial de Clubes.

O goleiro Mendy é um dos pontos fortes do Chelsea para a disputa do Mundial
O goleiro Mendy é um dos pontos fortes do Chelsea para a disputa do Mundial - Adrian Dennis - 23.nov.21/AFP

Nesta quarta (9), o time londrino estreia na semifinal da competição diante do Al Hilal, da Arábia Saudita, às 13h30 (de Brasília) —a Band e o BandSports transmitem o jogo, que define o adversário do Palmeiras na decisão. Vice-campeã em 2012, quando foi superado pelo Corinthians na decisão, a formação azul luta pelo inédito, assim como a equipe saudita.

Mesmo chegando aos Emirados Árabes alguns dias depois de seus companheiros, Mendy será titular no duelo. Do alto de seu 1,97 m, ele conquistou uma posição cativa na equipe pelas grandes atuações que teve em 2021, quando venceu a concorrência do espanhol Kepa Arrizabalaga, contratado por 71 milhões de libras (R$ 512 milhões).

"Édouard [Mendy] é o nosso número um, e merece ser o número um. Não dá para esconder a opinião. As coisas têm que ser claras, e não podemos ter medo disso", disse o técnico do Chelsea, Thomas Tuchel.

O reconhecimento vai além da comissão técnica. Em janeiro, foi eleito pela Fifa o melhor goleiro do mundo. A vitória no prêmio The Best, organizado pela entidade, foi um feito e tanto para um jogador que até 2020 passou boa parte da carreira atuando nas equipes B do Olympique e do Reims, na França, além de passar um período desempregado, durante o qual precisou receber um auxílio do governo francês.

Contratado em 2020 pelo time inglês, o goleiro ganhou a confiança de Tuchel principalmente nos jogos da Champions League, na qual se transformou no primeiro atleta da África negra de sua posição a chegar à final do principal torneio de clubes europeu. Ele é ainda o segundo goleiro negro a ir tão longe. Antes, só o brasileiro Dida, campeão em 2003 e 2007 e vice em 2005 pelo Milan (ITA), havia chegado à fase decisiva.

Para o senegalês, porém, a recente conquista por seu país tem um peso maior. "[Ganhar a Copa Africana] é dez vezes mais do que a Champions. Perdão, é incomparável", definiu, poucos minutos após defender uma das cobranças de pênalti do Egito —os senegaleses venceram a disputa por 4 a 2.

Nascido na França, o jogador defende a seleção de Senegal e tem uma forte ligação com o país por causa de sua mãe, que é senegalesa. Ele também entende que exerce hoje um papel de inspiração para os seus compatriotas, sobretudo aqueles que querem trilhar a mesma trajetória que ele.

"É uma responsabilidade ser o melhor, jogar em seu nível mais alto, dar essa oportunidade e abrir portas a outros goleiros negros", afirmou em um vídeo recente que ele gravou ao lado do também goleiro Lawrence Vigouroux. O atleta do Oriente Leyton, da quarta divisão inglesa, alvo de ataques racistas na internet, disse que Mendy era uma inspiração para superar o preconceito.

"Eu olho para Mendy no Chelsea e vejo que ele realmente pavimentou o caminho para os goleiros negros. Podemos olhar para ele como uma referência", disse Vigouroux. Na conversa, o goleiro do Chelsea contou já ter sido vítima de racismo nas redes sociais. "Temos que denunciar todo tipo de abuso", defendeu.

Enquanto inspira outros goleiros e ajuda a combater o preconceito, o camisa 16 também vai construindo sua idolatria no time inglês, pelo qual terá agora a chance de conquistar seu primeiro título de nível mundial. A primeira tarefa será parar o ataque do Al Hilal, que avançou à semifinal após golear o Al Jazira, por 6 a 1. Mesmo com o Chelsea sendo favorito, Mendy não deverá ter vida fácil, mas está preparado.

Seleção de Senegal é recebida com festa em retorno ao país após título da Copa Africana de Nações
Seleção de Senegal é recebida com festa em retorno ao país após título da Copa Africana de Nações - John Wessels/AFP
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