Descrição de chapéu F1

Mercedes apresenta carro com o qual tentará manter hegemonia na F1

Novo modelo da escuderia será pilotado por Lewis Hamilton e George Russell

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São Paulo

Desde que a F1 entrou na era dos motores híbridos em 2014, a Mercedes construiu uma hegemonia quase inabalável. Foram sete títulos de pilotos —seis de Lewis Hamilton e um de Nico Rosberg—, além de oito de construtores, em uma série que fez a equipe superar um recorde histórico da Ferrari, campeã seis vezes de forma consecutiva entre 1999 e 2004.

Pela primeira vez, no entanto, esse domínio pode estar com os dias contados. A equipe alemã apresentou nesta sexta-feira (18) o W-13, modelo concebido já sob o novo regulamento da F1, que prevê uma série de mudanças nos carros, as mais pro fundas desde o início da fase de ouro da escuderia.

A principal delas é a volta do "efeito solo", responsável por acelerar o ar que passa por baixo do carro para que haja mais aderência e velocidade. O chassi foi bastante modificado, como o formato do bico e da asa traseira, com desenhos projetados para reduzir a turbulência entre veículos, de forma a facilitar uma maior aproximação entre eles nas pistas. As novas rodas, de 18 polegadas, também chamam a atenção.

Em vez da cor preta adotada, adotada desde 2020, a equipe alemã voltou ao prata, que rendeu à equipe o apelido de "flechas de prata". O heptacampeão Lewis Hamilton e o seu novo companheiro George Russell estiveram presentes na apresentação, dando fim à especulação em torno de uma possível aposentadoria do experiente britânico.

Mercedes apresentou o W13, seu modelo para a temporada 2022 da F1
Mercedes apresentou o W13, seu modelo para a temporada 2022 da F1 - Mercedes/Divulgação

"Eu nunca disse que ia parar. Eu amo fazer o que faço. É um privilégio estar com esse grupo de pessoas e sentir que faz parte de uma família, não há nada como isso", afirmou Hamilton.

Ele reconheceu, contudo, que precisou refletir sobre seu futuro na F1 devido à forma como perdeu o título de 2021, na volta final do GP de Abu Dhabi. Na ocasião, ele foi prejudicado por uma série de decisões não previstas no regulamento feitas pela diretor de provas Michael Masi —nesta semana, após investigar todo o ocorrido, a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) afastou o australiano do cargo.

"Foi obviamente um tempo difícil para mim. Eu precisei mesmo me afastar e tirar um tempo para focar no presente", disse o inglês. "Cheguei em um ponto no qual decidi que queria atacar de novo", emendou.

Antes da Mercedes, outras sete equipes apresentaram seus veículos, incluindo a Red Bull, com o modelo RB18, com o qual Max Verstappen vai defender seu título —Haas, Aston Martin​, McLaren, Williams, Ferrari e Alpha Tauri são os times que já revelaram seus carros. Faltam Alpine e Alfa Romeo fazerem o mesmo.

A escuderia do holandês, porém, optou por não revelar muitos detalhes, em uma apresentação realizada num cenário escuro, escondendo aspectos importantes do carro. O próprio chefe da escuderia, Christian Horner, admitiu que a versão "é um protótipo, que deverá ser bem diferente do que será levado à pista."

O mistério faz sentido em um esporte em que a disputa esportiva tem enorme dependência da evolução tecnológica. Daí o fato de que uma transformação como a prevista no regulamento a partir deste ano põe em dúvida o domínio da Mercedes.

"Eu imagino, dado que os carros serão tão novos e diferentes, que um ou dois carros do grid vão acabar sendo bem ruins e terão um ano terrivelmente doloroso", disse o diretor técnico da equipe alemã, James Alisson. "Imagino que todos nós, em certa medida, deixamos coisas passarem porque nós simplesmente não prevíamos", acrescentou.

Segundo James, o novo livro do regulamento tem o dobro de páginas da versão anterior e existe uma série de possibilidades que as equipes podem explorar. "Mas também, claro, existe perigo", alerta sobre o risco de uma interpretação equivocada do texto levar uma equipe a um erro na projeção do carro.

A dose de cautela dos profissionais faz sentido num esporte que movimenta bilhões de dólares ao longo de cada temporada. Mas não é de se esperar que, mesmo com as mudanças profundas, uma equipe do porte da Mercedes passe a andar no meio do grid. Além do histórico recente, o volume de investimento em relação aos rivais não indica isso.

Os alemães investiram pesado nos últimos anos para se manter na ponta, levando a F1 a criar um teto de gastos justamente para diminuir o abismo entre as dez escuderias do grid. Neste ano, o limite é de U$ 142 milhões (R$ 734 milhões). Em 2021, esse valor foi de US$ 145 milhões (R$ 749 milhões).

Para Toto Wolff, chefe da Mercedes, a imposição do teto, além da redução no valor, trará um equilíbrio para a F1. Ele acredita que cinco ou seis equipes vão brigar por vitórias. "Não haverá mais uma equipe andando um segundo à frente das outras."

Desde 2014, a escuderia que ele comanda andou bem mais do que um segundo à frente dos adversários. E os números mostram isso. Nos últimos oito anos, o time alemão venceu 111 das 160 provas disputadas, além dos títulos de pilotos e construtores que conquistou.

Novo carro da escuderia alemã será pilotado pelos britânicos Lewis Hamilton e George Russell
Novo carro da escuderia alemã será pilotado pelos britânicos Lewis Hamilton e George Russell - Mercedes/Divulgação

Ao todo, a Mercedes já conquistou 124 vitórias ao longo de sua história na categoria, sendo a terceira que mais vezes teve um piloto cruzando a linha de chegada na frente, atrás apenas de Ferrari (238) e McLaren (183).

Mesmo na temporada passada, em que Max Verstappen venceu a disputa com Lewis Hamilton, a equipe do heptacampeão venceu o Mundial de Construtores e só não levou também o de pilotos novamente por causa do decisivo e polêmico GP de Abu Dhabi, em que o britânico acabou ultrapassado pelo holandês na volta final.

Ao anunciar o novo regulamento da F1, a categoria informou que as mudanças tinham como objetivo dar um equilíbrio maior às corridas. Depois de uma disputa tão acirrada como no último ano, é isso que todos os torcedores esperam, sobretudos aqueles das equipes acostumadas a vencer.

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