Brasil define base para Paris-2024, e presidente do COB planeja mais medalhas

Paulo Wanderley diz ter estudo que permite imaginar crescimento em relação a Tóquio-2020

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Salvador

O mais curto ciclo olímpico da história será, para o COB (Comitê Olímpico do Brasil), um dos mais concorridos. O intervalo entre Tóquio-2020 (edição realizada em 2021) e Paris-2024 será de inéditos três anos. A distância menor faz com que a concorrência seja mais acirrada com os países europeus por locais de treinamento.

O comitê já definiu que sua base de apoio para a Vila Olímpica será em Saint Ouen, no departamento de Seine-Saint-Denis, nos arredores da capital francesa. Ela vai ser em 2024 o que Chuo, no Japão, foi em 2021.

Paulo Wanderley assumiu a presidência do COB em 2017
Paulo Wanderley assumiu a presidência do COB em 2017 - Wander Roberto/COB

"Eu vou para lá em junho para assinar um convênio com a cidade e fazer uma visita. Fica a cerca de um quilômetro da Vila Olímpica, e a ideia é que seja a base central. Um serviço exclusivo para brasileiros", afirma o presidente do COB, Paulo Wanderley.

Não será a única. Está resolvido que Marselha será a base da vela. O Brasil também terá outros locais fora da França por causa da facilidade de deslocamento e as curtas distâncias.

"Portugal está sempre no nosso radar porque demonstrou ser um [bom] centro de treinamento. Confederações como a do triatlo e do judô fazem muitos treinamentos lá. Então, Portugal certamente será uma base", completa.

A preocupação e a pressa são para driblar o interesse de outros países, principalmente os europeus que têm, em tese, mais facilidade para encontrar lugares de preparação. Mas a logística será bem mais sossegada para Paris do que foi para Tóquio.

"Japão tinha fuso horário louco, a distância também. Na França, vai ser mais fácil, mas mais concorrido. Os europeus são muito entrosados entre eles, são mais amigos, conseguem as coisas com mais facilidades e conhecem mais o terreno. Mas nós temos muitas modalidades que têm o hábito de fazer treinamentos na Europa. Isso é um facilitador", avalia.

Na presidência do COB desde outubro de 2017, o judoca, técnico e presidente da Confederação Brasileira de Judô gosta de definir este seu período no esporte como o de alguém "que adquiriu o péssimo hábito de ganhar sempre" por causa das medalhas olímpicas da modalidade. Ele não quer fazer projeções de qual pode ser o resultado brasileiro em Paris. Diz que em 2023 será possível ter um cenário mais claro.

É certo que ele espera mais pódios do que em Tóquio. O objetivo que fica subentendido, embora não declarado, é terminar entre os dez primeiros colocados. No Japão, o Brasil ficou em 12º, com o maior número de medalhas de sua história. Foram sete de ouro, seis de prata e oito de bronze.

Wanderley afirma que o COB tem um estudo que estima aonde é possível chegar. Mas não quer revelá-lo.

"Nós não vamos ser 20º, mas também não seremos o quinto neste curto espaço de tempo. Mas temos um estudo, sim. A gente está naquele bolo ali do oitavo ao 15º. Eu não pretendo descer um pouquinho. Só quero subir um pouquinho. Falam que às vezes é melhor andar para trás para pegar um impulso, mas é melhor não. Vai que escorrega, não é?"

Isso terá de acontecer sem a presença de Jorge Bichara, que era diretor de esportes do COB e supervisionou o desempenho brasileiro em Tóquio. Ele deixou o cargo nesta terça-feira (22), dois dias após a entrevista do presidente da entidade à Folha. O diretor-geral Rogério Sampaio assumiu o posto de forma interina.

Paulo Wanderley é mandatário do COB desde o afastamento de Carlos Arthur Nuzman, há quase quatro anos e meio. O dirigente saiu do cargo por causa da investigação da Operação Unfair Play, da Polícia Federal, que investigou a compra de votos para escolha do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016 e foi condenado a 30 anos de prisão.

O sucessor assumiu como vice e foi eleito para um novo mandato em janeiro de 2021. Prometeu mudar a imagem do comitê, manchada pelas acusações de corrupção. Acredita ter conseguido. Ao mesmo tempo, crê que sua missão seja fazer o comitê mais conhecido mesmo fora de períodos olímpicos.

"Grandes eventos, eu não vou fazer. Todos já foram feitos. É muito difícil recebê-los de novo em menos de 20 anos. Eu vou vender o produto COB, que vai ser conhecido dos brasileiros muito mais do que era antes, e não apenas pelos Jogos Olímpicos. Eu quero que seja reconhecido pela credibilidade e pela responsabilidade com o país. Meu objetivo é não deixar problemas [para o sucessor]. Não deixar nada para trás", diz.

Mas, se puder ser admirado pelos resultados olímpicos também, melhor ainda. Mesmo que admita poder ser um processo frustrante, com alegrias e tristezas inesperadas.

"Há muitas variáveis que não estavam previstas e acontecem [nas Olimpíadas]. A questão do [resultado ruim] do vôlei, por exemplo. Todo o mundo tem uma expectativa com o vôlei porque é um esporte em que estamos acostumados a ganhar. E nós temos essa cultura também de que só vale o primeiro. Mas não é bem assim. Tire pelo nosso próprio exemplo. Ficamos em 12º, e quantos países tinham lá [em Tóquio-2020]? Foram 206. Para mim, é um baita índice positivo."

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