Paralimpíadas de Inverno, em máxima tensão, convivem com guerra

Pequim abre Jogos com conflito em andamento e atletas russos vetados

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São Paulo

Há exatamente um mês, os Jogos Olímpicos de Inverno tiveram sua cerimônia de abertura realizada em um clima de tensão política, com movimentos simbólicos de líderes internacionais. Nesta sexta-feira (4), em um ambiente que já vai bem além da tensão e do simbolismo, foram abertos oficialmente os Jogos Paralímpicos de Inverno.

Enquanto a chama era acesa no estádio Ninho de Pássaro, em Pequim, na China, a Ucrânia continuava a ser bombardeada pela Rússia. Se havia no início de fevereiro o temor de que o estresse na relação entre atores da geopolítica pudesse atingir maiores níveis, agora há a inapelável realidade de uma guerra em andamento.

Atletas ucranianos adentram o Ninho de Pássaro na cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos de Inverno
Atletas ucranianos adentram o Ninho de Pássaro na cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos de Inverno - Mohd Rasfan/AFP

No mês passado, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, esteve na abertura e formalizou com o presidente chinês, Xi Jinping, uma aliança contra políticas ocidentais. Desta vez, enquanto conduz seu país em meio a uma invasão, iniciada em 24 de fevereiro, o líder russo não viajou a Pequim. Também não estiveram no estádio seus compatriotas atletas.

Os russos foram vetados das competições, assim como os esportistas da Belarus, aliada da Rússia. O CPI (Comitê Paralímpico Internacional) chegou a anunciar a permissão a esses competidores, apontando que a proibição só seria possível após uma assembleia geral. Porém, pressionada, a entidade teve de recuar.

Competidores e comitês nacionais de vários países criticaram bastante a decisão original. Assim, o presidente do CPI, o brasileiro Andrew Parsons, vetou russos e belarussos "para preservar a integridade dos Jogos e a segurança de todos os participantes". "Garantir a segurança dos atletas é de suma importância para nós", justificou o comitê.

Foi nesse clima que se realizou a abertura dos Jogos Paralímpicos de Inverno, que começam em um clima político ainda mais tenso do que o observado nos Jogos Olímpicos de Inverno. Na solenidade desta sexta, a delegação ucraniana foi uma das mais aplaudidas. Celebrados pelos presentes no Ninho de Pássaro, alguns atletas ergueram o punho como um sinal de resistência à guerra com a Rússia.

O presidente do CPI, Andrew Parsons, durante o discurso de abertura dos Jogos Paralímpicos de Inverno
O presidente do CPI, Andrew Parsons, durante o discurso de abertura dos Jogos Paralímpicos de Inverno - Peter Cziborra/Reuters

No discurso que inaugurou as Paralimpíadas de Pequim-2022, Andrew Parsons, que havia aplaudido de pé a entrada dos atletas ucranianos no estádio, clamou pela paz.

"Nesta noite, quero começar com uma mensagem de paz. Como líder de uma organização que tem a inclusão em seu cerne, na qual a diversidade é celebrada e as diferenças, abraçadas, estou horrorizado com o que está acontecendo no mundo neste momento. O século 21 é tempo de diálogo e diplomacia, não de guerra e ódio", disse o brasileiro.

"Um oponente não precisa ser um inimigo. O movimento paralímpico convoca as autoridades mundiais a se juntarem, como os atletas fazem, para promover a paz, o entendimento e a inclusão", continuou Parsons, que encerrou o discurso com um "Muito obrigado" seguido por um grito de "Paz!".

Os porta-bandeiras do Brasil foram Aline Rocha e Cristian Ribera, ambos do esqui cross-country. Também fazem parte da delegação verde-amarela Guilherme Cruz Rocha, Robelson Moreira Lula e Wesley dos Santos, outros que praticam o esqui cross-country, e André Barbieri, que estará na disputa do snowboard.

É o maior grupo levado pelo país a uma edição das Paralimpíadas de Inverno. Os brasileiros estrearam na edição de 2014, em Sochi, na Rússia, com dois participantes. Em 2018, em Peyongchang, na Coreia do Sul, foram três. O número foi dobrado em Pequim, onde se busca o primeiro pódio.

"É uma honra imensa representar o meu país nos Jogos e ainda por cima ser porta-bandeira", afirmou Aline Rocha. O sentimento é compartilhado por ​Cristian Ribera, que, depois de experimentar o orgulho de carregar o símbolo de seu país, agora busca se orgulhar também de seu desempenho. "Sei quanto treinei, quanto trabalhei. Sonho alto."

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