Blitz ofensiva e título estadual pelo Palmeiras consolidam Abel Ferreira na história

Técnico chega a quinto troféu e cresce como um dos nomes mais importantes do clube

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São Paulo

Abel Ferreira preparou uma blitz ofensiva contra o São Paulo no segundo jogo da final do Paulista. A razão mais óbvia para isso era a necessidade. A desvantagem era de dois gols após a derrota por 3 a 1 no Morumbi. Mas o português também queria provar um ponto: seu time tem repertório ofensivo, ao contrário do que dizem alguns críticos.

O sucesso dessa empreitada deu ao Palmeiras o título paulista, consolidou uma das melhores fases da história alviverde e colocou o português como um dos treinadores estrangeiros mais importantes do futebol brasileiro em todos os tempos.

Em 18 meses no Palestra, ele já conquistou cinco títulos. Além do estadual, neste ano já havia vencido a Recopa Sul-Americana. Ganhou a Copa do Brasil de 2020 e, mais importante de tudo, duas edições da Copa Libertadores.

Abel Ferreira segura seu quinto troféu no Palmeiras - Eduardo Knapp - 3.abr.22/Folhapress

"Ele está do lado dos jogadores e explica tudo o que acontece. O que ele diz que vai acontecer em campo acontece", definiu o goleiro Weverton após a goleada por 4 a 0 sobre o São Paulo no último domingo (3).

Não é a primeira vez. Na semifinal da Libertadores de 2020, diante do River Plate, em Buenos Aires, ele explicou ao elenco por que seria necessário jogar com três zagueiros para conter a linha de meias do adversário e atuar no contra-ataque. Antes disso, já tinha lido livros sobre Marcelo Gallardo, técnico argentino, para saber como ele pensava. O Palmeiras venceu por 3 a 0. Repetiu o esquema na decisão de 2021 contra o Flamengo.

Após empatar por 1 a 1 nas quartas de final do torneio sul-americano do ano passado com o São Paulo, Abel se trancou por uma semana na Academia de Futebol antes da partida de volta. Mais uma vez, queria provar algo. No caso, não apenas que seu time era superior mas que ele era melhor do que Hernán Crespo, comandante da equipe do Morumbi.

O Palmeiras fez 3 a 0 no Allianz Parque e avançou.

Antes da decisão do estadual de domingo, uma das ideias que aprovou foi a de gravar depoimentos dos atletas a serem exibidos a eles mesmo antes de entrarem em campo. Cada um disse que conselho daria, se pudesse, a si próprio com oito anos de idade. O técnico sentiu que aquilo tocaria os atletas. Nos dias anteriores à final, comentou ser fundamental que a torcida acreditasse na virada e empurrasse a equipe.

Ele viu, satisfeito, seus atletas se empolgarem com o corredor de torcedores que recebeu a chegada do ônibus da delegação ao estádio.

O título a três dias da estreia na Libertadores tornou a vitória política da presidente Leila Pereira ainda maior. Antes da semifinal contra o Bragantino, em 26 de março, o português assinou renovação de contrato até o final do mandato da dirigente, em dezembro de 2024, com um salário de cerca de R$ 1,8 milhão mensais.

Abel foi o primeiro técnico estrangeiro a ganhar o Paulista depois do húngaro Béla Guttmann, campeão com o São Paulo em 1957. Um nome de outro país não era campeão estadual pelo Palmeiras desde que o uruguaio Ventura Cambom levou a equipe ao título em 1950. No ano seguinte, ele seria o treinador da conquista da Copa Rio, o troféu que o palmeirense reivindica como o seu mundial, não reconhecido pela Fifa até agora.

O português é o primeiro europeu campeão pelo Palestra Itália desde o italiano Caetano De Domenico em 1940. Abel Ferreira é também quem tem mais conquistas internacionais pela agremiação.

Mas ele não é o estrangeiro com mais títulos na história do futebol nacional. A marca é dividida pelo uruguaio Felix Magno e pelo argentino Juan Celly. Cada um foi campeão estadual nove vezes.

Magno ganhou o Catarinense pelo Avaí em 1943 e 1944, o Mineiro pelo Atlético em 1946 e 1947 e o Paranaense pelo Coritiba em 1951, 1954, 1956, 1957 e 1959. Celly marcou época no futebol sergipano, onde venceu por três times em quatro décadas diferentes. Levantou a taça por Sergipe (1964, 1982 e 1984), Confiança (1965 e 1990) e Itabaiana (1973, 1978, 1979 e 1980).

Nesta temporada, no cenário dos sonhos palmeirense, Abel pode se aproximar e chegar a oito troféus. A equipe estreia na Libertadores nesta quarta-feira (6), contra o Deportivo Táchira (VEN). O Brasileiro se inicia no sábado (9), diante do Ceará. No próximo dia 19, começa a participação na Copa do Brasil, com o Juazeirense como rival.

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