Descrição de chapéu tênis

Bia Haddad desaponta a si mesma e cai na estreia em Wimbledon

Derrotada na primeira rodada, brasileira evita desculpas e diz que adversária teve mais coragem

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo e Londres

Com dois títulos e uma semifinal na grama nas últimas três semanas, Beatriz Haddad Maia evitou criar grande expectativa em torno de sua campanha em Wimbledon. Ela jamais foi além da segunda rodada em um campeonato da série Grand Slam e, mesmo com o excelente retrospecto recente, procurou deixar as previsões mais otimistas de lado.

Ainda assim, a brasileira de 26 anos saiu da chave de simples do mais tradicional torneio de tênis decepcionada. Sua participação durou apenas uma hora e 56 minutos, o tempo que resistiu diante de Kaja Juvan, 21, na noite inglesa de segunda-feira (27). Mais constante ao longo do confronto, a eslovena triunfou por 2 sets a 1, parciais de 6/4, 4/6 e 6/2.

"Na verdade, estou bem insatisfeita e triste comigo, porque hoje eu não fiz o que tinha que fazer, não fui a competidora que vinha sendo. E me dói até dizer, mas é a verdade, eu tenho que dizer. Eu tenho que dizer a verdade e hoje estou desapontada comigo", disse à Folha a paulistana, que chegou ao campeonato com o melhor ranking de sua carreira, na 28ª posição.

Bia Haddad disse estar 'insatisfeita e triste' com sua atuação - Hannah McKay/Reuters

​​Bia teve o nome gritado quando pisou na quadra 12, com boa presença brasileira no público. O apoio não foi suficiente diante de uma adversária que soube se defender de seu jogo agressivo. Juvan, número 62 do mundo, apostou em uma variação maior de golpes, com muitos "slices", e se aproveitou de erros não forçados da rival.

"Deixa eu organizar os pensamentos", pediu Haddad, chateada, porém serena.

Após uma pausa, ela observou que a eslovena esteve mais confortável em quadra.

"A gente está em um Grand Slam, aqui todo o mundo está muito bem preparado. E, na grama, ganha quem é mais agressivo. Desde o começo ela foi mais agressiva, teve mais coragem, desfrutou muito mais do jogo do que eu e competiu muito melhor. Então, não tenho muito o que dizer. Ela foi mais competente, e eu não consegui fazer o que vinha fazendo nas últimas semanas", afirmou.

Apesar do revés, junho foi mesmo um mês especial para Bia. Em Nottingham e Birmingham, ela conquistou seus dois primeiros torneios de nível WTA. Semifinalista em Eastbourne, entrou pela primeira vez no grupo das 30 melhores do mundo e chegou a Wimbledon como cabeça de chave número 23.

De acordo com a brasileira, a sequência grande de partidas não a prejudicou. O físico, disse ela, não foi um problema contra Juvan. Nem o vento, embora ele a tenha enganado em diversos pontos. "O vento estava para as duas. Não interessa. Isso não é desculpa. Eu venho competindo bem no terceiro set. Também fiz isso abaixo. Tudo o que trabalhei bem foi abaixo, inclusive a movimentação."

O saldo do mês, de qualquer maneira, pode ser considerado bastante positivo para a tenista paulista, que vive período de afirmação no circuito mundial. Com os bons resultados vêm a pressão e a expectativa, algo com que ela ainda está aprendendo a lidar. Por enquanto, procura deixar isso longe de seus pensamentos.

"Eu não sou uma pessoa que fica ativa lendo o que falam sobre mim. Eu era uma pessoa que me preocupava muito mais com os outros. Hoje, eu me preocupo comigo e com as pessoas que são parte da minha equipe, da minha família. Mas, mesmo assim, não é fácil ser brasileiro. A gente acaba sentindo, sabe que o brasileiro acaba sendo carente de ídolos", afirmou.

"Acaba existindo uma expectativa, mas é das pessoas sobre mim, não é de mim comigo. A gente tinha muito claro nosso objetivo aqui. Nunca passei mais de uma rodada em um Grand Slam. Então, seria muita falta de humildade da minha pessoa falar algo diferente de querer lutar e me entregar", acrescentou.

Ainda nessa linha, Bia evitou estabelecer metas de títulos e posições a ser conquistadas no ranking. Seu único plano é dar sequência ao esforço que a fez viver o melhor período de sua carreira até aqui.

"Para mim, não muda nada. Para ter essas semanas que tive, precisei trabalhar muito duro. Para continuar, conseguir manter o nível, vou ter que trabalhar mais duro ainda. Então, a única coisa que muda é que a minha responsabilidade aumenta, o profissionalismo, a parte física. Tudo tem que aumentar quando você convive em torneios maiores que exigem alto nível", observou.

"Meu objetivo é terminar o ano saudável. Tenho que cuidar bastante do meu corpo. E acredito que [seja outra meta] construir um jogo agressivo. Meu objetivo é, sim, construir uma mentalidade agressiva e concretizar esse padrão de jogo. Mas, em relação a ranking e resultados, eu não controlo. Assim como não sabia que ganharia 12 jogos seguidos na grama", concluiu.

Haddad continua em Wimbledon para as chaves de duplas –ao lado da polonesa Magdalena Frech na disputa feminina e com o compatriota Bruno Soares no campeonato misto. Na disputa de simples, Laura Pigossi estreará nesta terça (28), contra a eslovaca Kristina Kucova. Entre os homens, Thiago Monteiro caiu na estreia: 3 sets a 0, com 6/2, 6/4 e 7/5, para o espanhol Jaume Munar.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.