Descrição de chapéu Copa do Mundo 2022

Na estreia do Brasil na Copa, Fan Fest em SP tem beijo gay e amarelo 'não bolsonarista'

Estrutura do evento no vale do Anhangabaú incluiu telão com 645 metros quadrados

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São Paulo e Rio de Janeiro

Diferentemente de quem assistiu ao jogo no Qatar, a estreia do Brasil na Fan Fest de São Paulo teve cerveja e teve beijo gay.

O evento no Vale do Anhangabaú, patrocinado pela Brahma —prima da Budweiser, da mesma Ambev—, distribuiu 25 mil ingressos. E, apesar de vários espaços vazios no início do jogo, o espaço foi se enchendo durante o confronto.

Jean-Pierre Toledo e Ítalo Cabral na Fan Fest do Vale do Anhangabaú (SP), no jogo de estreia do Brasil na Copa
Jean-Pierre Toledo e Ítalo Cabral na Fan Fest do Vale do Anhangabaú (SP), no jogo de estreia do Brasil na Copa - Sandro Macedo/Folhapress

A seleção venceu a Sérvia por 2 a 0, com dois gols de Richarlison.

"O espaço está maravilhoso, mais seguro, e o telão está incrível, muito maior", comemorou Jean-Pierre Toledo, depois de beijar Ítalo Cabral no intervalo do jogo. Aos 32 anos, Toledo é quase um veterano de Fan Fest: esteve em 2014 e 2018.

De acordo com a organização do evento, o telão de mil polegadas é o maior do mundo para eventos esportivos, com 645 metros quadrados. Mesmo a turma do fundão tinha boa visibilidade da grande tela acima do palco.

Outro telão grande ficava atrás do palco e atendia bem quem estava mais na frente. Outros dois telões laterais completavam a estrutura, mas estes estavam com a imagem levemente tremida.

Enquanto esperava por um gol, que veio no segundo tempo, Toledo lamentava a perseguição à comunidade LGBTQIA+ no país da Copa. "Acho absurdo o que acontece lá. No Brasil também tem preconceito, mas o retrocesso lá é fora do normal", disse.

Ambos estavam com camisas amarelas. E comemoravam o fato de poder usar a cor sem nenhuma referência politica.

Toledo só lamentou o fato de a seleção brasileira não expressar nenhuma solidariedade aos grupos LGBTQIA+ no Qatar, diferentemente do que aconteceu com as seleções europeias. "Adorei o que a Dinamarca fez", comentou, referindo-se ao escudo da seleção "invisível".

Depois da demora para sair o gol, quem estava comemorando era Marcos Paulo Cabral de Lima, 48, o Cássio do Farol, que assistia à estreia do Brasil contra a Sérvia segurando uma réplica da taça da Fifa. Antes do inicio ele estava mais otimista. "Vai ser 6 a 1 para o Brasil, e de virada."

Como bom técnico, comentou que Tite deixou alguns nomes importantes fora da lista. "Faltou o Cássio, o Scarpa, o Dudu e o Gabigol... e eu", ponderou alegremente. No intervalo, ele já desconfiava de sua previsão inicial: "Tá osso".

Diferentes pontos da grande área vendiam cerveja, como a lata de Brahma Duplo Malte, por R$ 10 (no copo plástico) e o chope Brahma, por R$ 13. Consultado, o editor do blog Copo Cheio (coincidentemente o mesmo autor desta reportagem), da Folha , apontou que a Brahma Duplo Malte é melhor que a Bud, a cerveja não disponível na Copa.

Antes do início da partida, a apresentadora da Band Carina Corsato entreteve o público e recebeu Belletti. O lateral reserva da Copa de 2002 lembrou que "a Arábia Saudita já ganhou da Argentina, o Japão já ganhou da Alemanha, isso serve para o Brasil entrar mais ligado". Depois, deu seu palpite, "3 a 0".

Depois da vitória de 2 a 0 do Brasil, já no fim da tarde, algumas pessoas foram embora. Mas muitos ficaram para os shows que ocorreriam a seguir, de Gustavo Mioto e de Léo Santana.

No Rio, festa tem problemas técnicos

O tempo fechado e a previsão de chuva desanimaram cariocas e turistas que se prepararam para assistir ao jogo na praia de Copacabana, na zona sul do Rio, palco da Fan Fest na cidade.

A expectativa era de que 20 mil pessoas participassem do evento. Os ingressos gratuitos se esgotaram ainda na terça-feira (22). Mas, durante todo o jogo, havia muitos espaços vazios na Arena Brahma Rio. A estrutura foi montada na areia, perto da avenida Princesa Isabel, na altura do Posto 2.

A cidade do Rio entrou em estágio de mobilização à tarde por causa da previsão de chuva forte.

A estudante Valeska Nunes, 24, contou que quase mudou os planos. "Como o dia já amanheceu com muita chuva, eu e meus amigos chegamos a planejar ir para outro lugar. Mas vimos que não estava mais chovendo no início da tarde e resolvemos manter a programação. A gente mora perto, mas quem vem de longe com certeza se desanimou", disse.

Após o jogo, a organização resolveu liberar a entrada para quem não havia se inscrito pelo site. Do palco, o mestre de cerimônia anunciou no microfone: "Você que está aí fora e está me ouvindo, vai lá para a entrada principal e vem para cá curtir o evento".

De qualquer parte da areia, os torcedores puderam acompanhar a transmissão em um telão de 645 metros quadrados, mil polegadas e alta definição, mesma medida do usado em São Paulo.

Durante toda a partida, no entanto, a tela apresentou problemas técnicos, deixando os torcedores apreensivos.

A tela ficou toda preta pelo menos seis vezes. Em certo momento, a imagem chegou a ficar cinco segundos sem aparecer, e o público vaiou. Algumas pessoas cogitaram ir para um bar assistir o restante do jogo.

Procurada, a assessoria do evento informou que apuraria o ocorrido.

Além da transmissão ao vivo, o evento em Copacabana contou com shows de Ferrugem e Dudu Nobre.

Como em São Paulo, havia na Fan Fest carioca torcedores comemorando o fato de que podiam usar a camisa amarela da seleção sem que fossem vistos como apoiadores de Bolsonaro. Já entre os apoiadores de Bolsonaro houve aqueles que decidiram nem ver a partida da seleção.

Em Jundiaí, por exemplo, em frente ao 12° GAC (Grupo de Artilharia de Campanha), ocorreu durante o jogo mais uma manifestação golpista que contestava o resultado das últimas eleições e pedia intervenção militar. Na porta do quartel, ao lado da rodovia Anhanguera, centenas ignoraram o duelo entre Brasil e Sérvia. Vaias foram ouvidas quando fogos anunciaram os gols de Richarlison.

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