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Russell vence GP São Paulo de F1, e 'brasileiro' Hamilton completa dobradinha da Mercedes

Inglês vence 1ª etapa da carreira; prova teve toque entre Hamilton e Verstappen

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São Paulo

O inglês George Russell, da Mercedes, conquistou a primeira vitória de sua carreira no GP São Paulo de F1 neste domingo (13). Uma vitória incontestável na qual o britânico liderou de ponta a ponta e terminou à frente do seu colega de equipe, Lewis Hamilton, e do espanhol Carlos Sainz, da Ferrari.

Dito isso, foi a simbiose entre Hamilton e os fãs brasileiros o que mais chamou a atenção no autódromo de Interlagos.

George Russell (direita) cumprimenta Lewis Hamilton no pódio do GP São Paulo de F1
George Russell (direita) cumprimenta Lewis Hamilton no pódio do GP São Paulo de F1 - Ricardo Moraes/Reuters

O heptacampeão largou da segunda posição, mas sofreu com uma batida do holandês Max Verstappen, da Red Bull, e teve que fazer uma corrida de recuperação para consolidar a dobradinha da Mercedes no pódio. Já o holandês, campeão da atual temporada com quatro corridas de antecedência, terminou em 6º lugar.

A vitória tranquila de Russell não reflete a temperatura do circuito em Interlagos neste domingo.

Logo após a largada, o australiano Daniel Ricciardo, da McLaren, e o dinamarquês Kevin Magnussen, da Haas, bateram na primeira volta.

Depois que o safety car saiu da pista, Russell segurou a liderança, enquanto Lewis Hamilton e Max Verstappen travaram um duelo à parte, com direito ao toque do holandês no carro do inglês.

A colisão rendeu uma punição de cinco segundos para Verstappen —o mesmo para Lando Norris, da McLaren, depois de ter batido na Ferrari de Charles Leclerc, que rodou na pista e voltou com o bico quebrado.

O público brasileiro passou a ser ainda mais duro com o holandês, que correu sob vaias. Para Hamilton, aplausos. Nesse cenário, o inglês chegou a assumir a liderança provisória da corrida no momento em que Russell foi para os boxes.

"É a melhor torcida que já vi aqui. Tem sido uma semana arrebatadora, vou lembrar para sempre", retribuiu Hamilton após a corrida.

No final da prova, os torcedores invadiram a pista em direção aos boxes e o pódio. Equipe de segurança do GP tentou contê-los, mas todo o esforço não seria suficiente.

Além da primeira vitória de Russell, esta também foi a primeira dobradinha da Mercedes. Aos 24 anos e na F1 desde 2019, Russell deixou o carro bastante emocionado e, na hora do hino britânico, foi às lágrimas.

"É um sentimento maravilhoso. Agradeço muito minha equipe, fizeram todo o possível. Foi uma montanha-russa de emoção", disse o piloto da Mercedes.

Antes de levantar a taça, ele ainda fez uma vídeo-chamada com Toto Wolf, diretor da Mercedes e que não veio ao GP São Paulo neste ano. "Foi uma corrida muito difícil, eu estava sob muita pressão, mas estou muito feliz de ter vencido", disse o campeão.

O inglês George Russell lidera pelotão durante o GP São Paulo de F1, em Interlagos
O inglês George Russell lidera pelotão durante o GP São Paulo de F1, em Interlagos - Nelson Almeida/AFP

A atuação de Russell em Interlagos foi elogiada por Hamilton. "Tenho que dizer parabéns para o meu companheiro, que fez uma corrida maravilhosa hoje, e uma classificação espetacular ontem [sábado]. Ele merece", disse o heptacampeão. "Muito orgulho da minha equipe também, esse resultado foi realmente incrível para nós, trabalhamos muito neste ano para conseguir uma dobradinha."

Tão celebrado neste domingo, Hamilton estreitou ainda mais o seu vínculo com o Brasil nesta semana. O britânico recebeu, na segunda (7), o título de cidadão honorário brasileiro e foi tietado na Câmara dos Deputados.

Em Brasília, o piloto agradeceu a honraria e, mais uma vez, falou da sua idolatria por Ayrton Senna e enalteceu a diversidade brasileira. "O brasileiro vê em mim alguém parecido, talvez com valores parecidos, que gosta de pensar em ser uma boa pessoa, de se importar com mais do que apenas correr", disse Hamilton em entrevista à Folha.

Ao contrário do clima de harmonia na Mercedes, a Red Bull terá de lidar com uma crise entre seus dois pilotos. O mexicano Sergio Pérez, que briga pelo vice-campeonato, não contou com uma possível ajuda de Verstappen para tomar o lugar de Fernando Alonso (5º).

"Isso mostra quem ele [Verstappen] realmente é. Se ele tem títulos é graças a mim", disparou o mexicano, pelo rádio.

O engenheiro Gianpiero Lambiase, da Red Bull, chegou a questionar a atitude de Verstappen, que estava irredutível. "Não me pergunte isso de novo, estamos claros sobre isso? Eu dei minhas razões", afirmou o holandês pelo rádio.

Coube a Emerson Fittipaldi, 75, primeiro brasileiro a vencer na categoria e a conquistar o Mundial de Pilotos (1972), a missão de dar a bandeira final. "É algo que traz uma lembrança muito forte desde que eu comecei a correr em Interlagos, desde que eu corri de motocicleta, das tantas corridas que eu fiz", disse Fittipaldi, que neste ano concorreu a uma vaga no Senado da Itália, mas não foi eleito.

O GP São Paulo neste domingo, realizado duas semanas depois das eleições mais tensas do país, transcorreu de forma tranquila. O momento mais quente ocorreu logo depois que a cantora Iza, acompanhada da Orquestra Sinfônica de Heliópolis, cantou o hino nacional do Brasil. Parte do público deu início ao grito de "Mito", e a outra respondeu com "Lula".

Essa disputa verbal entre os apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durou poucos minutos, até o momento em que foi dada a largada.

Antes de a corrida começar, a reportagem localizou dois homens próximos de um dos portões de acesso ao autódromo distribuindo folhas, em formato A4, com a bandeira do Brasil e a mensagem #BrazilWasStolen [O Brasil foi roubado]. No material, a frase Ordem e Progresso foi substituída por "Censura não!".

Os manifestantes, que não quiseram revelar seus nomes, explicaram que o objetivo é aproveitar a corrida de F1 para mostrar à mídia mundial o quanto os apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) estão sob censura.

A campanha obteve adesão de uma minoria. O ponto mais alto talvez, foi no momento em que alguns fãs de F1 levantaram os cartazes e chamaram o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de ladrão. "Ninguém é mau perdedor, a contestação é porque não teve transparência e só queríamos eleições justas", disse a empresária Letícia Feller Pereira, 27.

Segundo a organização do GP São Paulo, o total de espectadores foi de 235.617 pessoas ao longo dos três dias neste ano, superior aos 181.711 contabilizados em 2021.

A próxima e última corrida da F1 será no domingo (20), em Abu Dhabi.


Confira o resultado do GP São Paulo

  1. George Russell - Mercedes
  2. Lewis Hamilton - Mercedes
  3. Carlos Sainz - Ferrari
  4. Charles Leclerc - Ferrari
  5. Fernando Alonso - Alpine
  6. Max Verstappen - Red Bull
  7. Sergio Pérez - Red Bull
  8. Esteban Ocon - Alpine
  9. Valtteri Bottas - Alfa Romeo
  10. Lance Stroll - Aston Martin
  11. Sebastian Vettel - Aston Martin
  12. Pierre Gasly - AlphaTauri
  13. Guanyu Zhou - Alfa Romeo
  14. Mick Schumacher - Haas
  15. Alexander Albon - Williams
  16. Nicholas Latifi - Williams
  17. Yuki Tsunoda - AlphaTauri

Não completaram a prova:
Daniel Ricciardo - McLaren
Kevin Magnussen - Haas
Lando Norris - McLaren

Classificação do Mundial de Pilotos

  1. Max Verstappen, 429 pontos
  2. Charles Leclerc, 290 pontos
  3. Sergio Pérez, 290 pontos
  4. George Russell, 265 pontos
  5. Lewis Hamilton, 240 pontos
  6. Carlos Sainz, 234 pontos
  7. Lando Norris, 113 pontos
  8. Esteban Ocon, 86 pontos
  9. Fernando Alonso, 81 pontos
  10. Valtteri Bottas, 49 pontos
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