O COI (Comitê Olímpico Internacional) está considerando modificar o formato das Olimpíadas de Inverno, usando uma lista rotativa de cidades-sedes, em vez de eleger um novo local a cada quatro anos, enquanto enfrenta os efeitos das mudanças climáticas.
O comitê disse que vai adiar a escolha dos Jogos de Inverno de 2030 —decisão originalmente prevista para o próximo ano— enquanto seu conselho executivo analisa pesquisas acadêmicas sobre sustentabilidade climática, propostas para alternar as Olimpíadas entre um grupo de sedes e lista critérios climáticos que esses locais precisariam cumprir.
As Olimpíadas de Inverno de 2026 já estão marcadas para Milão-Cortina, na Itália.
Uma possível reformulação das Olimpíadas de Inverno pode ser a mudança mais significativa na logística do evento esportivo global desde que o COI optou por separar esses Jogos de sua contraparte de verão, em 1994. A decisão de adiar a seleção de um anfitrião para 2030 também ocorre em meio ao entusiasmo cada vez menor, principalmente na Europa, por grandes propostas para sediar o evento esportivo.
Octavian Morariu, membro do conselho executivo do COI, que lidera a revisão, disse em um comunicado que "a abordagem nova e flexível para escolher os anfitriões olímpicos foi projetada para que o COI possa responder de forma rápida e eficaz às circunstâncias globais em constante mudança".
Entre as preocupações do COI estão os declínios generalizados na cobertura de neve global, à medida que as temperaturas médias da Terra continuam subindo. Segundo a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica, a agência meteorológica dos Estados Unidos, a cobertura de neve no Ártico americano está abaixo da média há 15 anos consecutivos.
O COI disse que considerará uma proposta de que as futuras cidades-sedes dos Jogos de Inverno "precisarão mostrar temperaturas mínimas médias abaixo de zero grau nos locais de competição de neve no momento dos Jogos durante um período de dez anos".
Três anfitriões anteriores dos Jogos de inverno disseram que estão interessados em potencialmente sediar o evento em 2030, incluindo Salt Lake City, nos EUA, Sapporo, no Japão, e Vancouver, no Canadá.
Em outubro, o ministro das Artes, Turismo e Cultura da Colúmbia Britânica disse que a província canadense não apoiaria uma candidatura de Vancouver, citando bilhões de dólares em custos diretos e riscos de responsabilidade "que poderiam comprometer a capacidade do governo de lidar com as pressões enfrentadas pela população no momento".
Fraser Bullock, executivo-chefe da oferta de Salt Lake City, disse que a decisão de adiar a sede de 2030 foi uma surpresa. "Embora tenha sido decepcionante, o contexto foi bom", disse ele, referindo-se às preocupações do COI sobre a mudança climática.
Bullock disse que Salt Lake City, no estado norte-americano de Utah, continuará preparando uma candidatura para os eventos de 2030 ou 2034, além de se tornar um anfitrião rotativo. "Gostaríamos muito de ser um candidato", disse ele.
Os custos elevados de sediar os Jogos, juntamente com a falta de apoio em referendos públicos, forçaram o COI a repensar seu processo de concessão dos eventos esportivos. A organização, com sede em Lausanne, na Suíça, optou por conceder os Jogos Olímpicos de 2028 a Los Angeles ao mesmo tempo em que cederia os de 2024 a Paris, depois que ambas as cidades disputaram a vaga anterior.
Seis cidades se candidataram originalmente para as Olimpíadas de Inverno de 2022, que acabou sendo sediada por Pequim. Quatro desistiram antes da eleição do COI, deixando as escolhas entre a capital chinesa e Almaty, no Cazaquistão.
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