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22/12/2010 - 07h16

Irregularidades apontadas pela Promotoria e disputas políticas afetam cronograma da Copa

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BERNARDO ITRI
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE E CURITIBA
EDUARDO OHATA
ENVIADO ESPECIAL A RIO DE JANEIRO, BELO HORIZONTE E SALVADOR
MARIANA BASTOS
ENVIADA ESPECIAL A FORTALEZA, NATAL E RECIFE
RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA, CUIABÁ E MANAUS

A tranquilidade de Luciano Ducci (PSB), prefeito de Curitiba, ao falar dos preparativos para a Copa assusta. Nem parece que a maioria das obras necessárias para a cidade abrigar o evento ainda não foi licitada.

"O plano é que tudo esteja pronto no fim de 2012. Até porque é o ano da eleição", diz, sorrindo, o prefeito.

Daniel Marenco - 23.nov.10/Folhapress
Saguão do aeroporto Marechal Rondon, em Cuiabá
Saguão do aeroporto Marechal Rondon, em Cuiabá

Ducci quer continuar no cargo. Para isso, finalizar as obras da Copa, como ampliação de avenidas, às vésperas da eleição será providencial.

A lentidão no processo de Curitiba é acompanhada de perto pelo Ministério Público Estadual. "Tudo parece calmo, mas está atrasado", diz o procurador Arion Pereira.

Essa é só uma mostra de como as sedes da Copa-14 estão correndo contra o tempo.

Se for tomado como base outras licitações, o atraso na elaboração dos editais de Curitiba faz qualquer tranquilidade terminar. Fortaleza é um exemplo do quão arrastado pode ser o processo que viabiliza obras para o evento.

"Hoje, para fazer uma licitação, é uma novela. A nossa deve ter sido interrompida por umas dez ações judiciais, uns 30 recursos administrativos, coisas no tribunal de contas", diz o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), sobre a licitação do estádio do Castelão, em Fortaleza.

A capital do Ceará levou mais de um ano entre a confecção do projeto básico da arena e o anúncio do início da reforma do Castelão, que só aconteceu neste mês.

Antes de lançar o edital, a sede teve que lidar com mudanças de projeto exigidas pela Fifa e pela Assembleia Legislativa do Ceará.

Quando o edital foi lançado, em fevereiro, iniciou-se uma briga de liminares, recursos e questionamentos do Ministério Público que levaram o processo a se arrastar por mais de sete meses. Só em 29 de outubro o consórcio formado por Galvão Engenharia, Serveng Civilsan e BWA foi declarado vencedor.

Mas nenhuma sede sofreu tantas intervenções de órgãos fiscalizadores como Natal, que ainda está sob risco de ser cortada do Mundial. A arena potiguar terá seu edital lançado nos próximos dias. No último processo, não houve empresas interessadas.

A nova licitação já está na mira dos Ministérios Públicos Federal e Estadual, que encontraram irregularidades no último edital e recomendaram alteração de cláusulas na elaboração do novo.

O não cumprimento das recomendações pode incorrer em mais atrasos para o início das obras do estádio.

A Procuradoria solicitou ao BNDES que não aprove financiamento para a reforma da arena até que os problemas no edital sejam corrigidos. O prazo para a correção acaba nesta sexta-feira.

Em Brasília, os grandes imbróglios são o financiamento da obra do Estádio Nacional e sua capacidade.

Segundo o projeto original, a Terracap, empresa dos governos federal (49%) e do Distrito Federal (51%), deve bancar a obra de R$ 696 milhões. Para isso, a instituição venderia terrenos no setor hoteleiro norte, que valem até R$ 700 milhões.

Inicialmente, a diretoria da Terracap aprovou a venda dos terrenos. Mas, em outubro, o conselho da empresa barrou a operação e pediu mais esclarecimentos. Se a venda de terrenos não for aprovada, a cidade terá de apelar para empréstimo do BNDES para erguer a arena.

"A obra não está paralisada. A Terracap recebeu os documentos e vai analisá-los. Temos certeza da reversão", declara Sérgio Graça, da Agecopa, o comitê de Brasília.
Vale lembrar que o ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., já disse que não haverá dinheiro federal nas arenas.

Outro motivo de impasse é a capacidade do estádio, planejado para 70 mil pessoas.
O governador eleito, Agnelo Queiroz (PT), afirmou ser favorável a diminuir o tamanho da arena, mas que o mantém porque a cidade quer a abertura da Copa.

Já o Ministério Público Federal pede a redução para 30 mil pessoas --para 2014, a Fifa exige estádios para pelo menos 40 mil torcedores.

Desde o mês passado, quando foi anunciada pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, como a sede escolhida para receber a abertura da Copa, São Paulo também lida com seus entraves.

Antes disso, a cidade esteve envolvida na disputa envolvendo o Morumbi, rejeitado como sede pela Fifa.

Desde que soube que receberia o jogo inaugural, o projeto do estádio em Itaquera passa por adaptações.

"São várias mudanças. Tentamos correr e, ao mesmo tempo, fazer as coisas com cuidado para entregar o projeto o mais breve possível", diz Antônio Paulo Cordeiro, um dos arquitetos da arena.

Em situação oposta à de São Paulo, Manaus tem uma das obras para a construção de estádio em fase mais avançada. Mas o Ministério Público barrou o desembolso de verba do BNDES para erguer a Arena Amazônia.

Os questionamentos são em relação à falta de detalhamento do projeto e a um suposto sobrepreço de 46% em relação ao custo médio de concreto e ferragens.

Por enquanto, o governo estadual está bancando a obra. Essa estratégia foi escolhida porque havia o temor, em caso de atraso, de a cidade ser excluída da Copa.

OLIMPÍADA

O Rio sofre com o inverso: o excesso de eventos na cidade em curto espaço de tempo e a concomitância das obras.

Autoridades ligadas à organização do Mundial questionam o que serão dos preparativos para a Olimpíada-2016 no período em que a cidade sediar jogos da Copa.

Afirmam que o cronograma de obras terá de ser planejado para não complicar o trânsito durante o Mundial.

Consenso entre autoridades das 12 sedes ouvidas pela Folha é o problema dos aeroportos. Esse é o único atraso admitido por todas as cidades, por ser tratar de um tema do governo federal.

A ineficiência em atender à demanda de voos é visível. Os motivos para preocupação vão desde o pequeno número de fingers (corredores de acesso aos aviões) até a falta de espaço para a ampliação dos aeroportos, passando necessariamente pela escassez de recursos.

 

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