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Brasil vira inspiração para seleção feminina de futebol
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MARCEL MERGUIZO
ENVIADO ESPECIAL A GUADALAJARA
Favorita na busca pelo tricampeonato pan-americano hoje, às 20h (de Brasília), contra o Canadá, a seleção feminina tem uma motivação extra para conquistar o ouro.
No último domingo, morreu Brasil Gonçalves, 72, pai da lateral direita Maurine. A morte tocou as jogadoras um dia depois do empate contra o Canadá em 0 a 0, única partida que a seleção brasileira não venceu neste Pan.
Maurine diz que pediu a Deus um gol para dedicar ao pai morto
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Veja os medalhistas do Brasil
Alejandro Acosta/Reuters | ||
Maurine levanta a mão para comemorar o seu gol, que classificou a seleção para a decisão |
Na semifinal, anteontem, o gol da vitória dramática de 1 a 0 sobre o México foi de Maurine, aos 33min do segundo tempo. Choro no vestiário, choro na concentração. E o ouro prometido para o pai.
"Antes de vir para o Pan, visitei meu pai no hospital e ele pediu para eu levar o ouro para ele", disse a lateral, que ficou no México e teve o apoio da família no Brasil.
Na semifinal, as atletas jogaram com uma pequena faixa preta de luto na camisa.
O Comitê Olímpico Brasileiro ofereceu apoio psicológico e passagem para Maurine voltar ao país. Ela não quis. "Não imaginávamos que ela fosse ficar", declarou o técnico Kleiton Lima.
Segundo o treinador, também não daria tempo para a jogadora chegar ao Brasil para o velório. "Não foi fácil, mas minhas companheiras sempre me ergueram. Quando o árbitro apitou [o início do jogo], deixei tudo o que tinha de tristeza para fora e disse que ia dedicar essa vitória ao meu pai", disse a lateral.
Companheira de quarto de Maurine, a atacante Thaís revelou que a colega de seleção havia prometido marcar um gol para o pai ainda na Vila Pan-Americana.
"O primeiro dia foi um baque. Todo mundo chorou, pegou um pouco a dor dela. Antes da semifinal, a Maurine falou que queria fazer um gol para o pai", declarou Thaís.
"A gente brincou com ela, tentou fazê-la esquecer um pouco. Mas todo mundo chorou de emoção no vestiário", completou a jogadora.
Brasil estava com uma infecção pulmonar e sofreu uma parada respiratória na noite de domingo.
"Não é por acaso que o pai dela se chama Brasil. Ele representa o pai de cada uma que está aqui", declarou o treinador brasileiro, que, como algumas jogadoras, como Maurine, referiu-se a Deus várias vezes na entrevista.
Kleiton Lima afirmou que usou a morte do pai da jogadora na preleção da equipe.
Sem oito titulares da última Copa do Mundo, na Alemanha, em junho e julho --e, principalmente, sem as estrelas Marta e Cristiane--, o treinador declarou que a união por Maurine foi fundamental para inspirar a equipe.
"Já chorei, me emocionei, não consegui aguentar. Levaremos o ouro para ele", prometeu Maurine, abatida
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