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Obras para seleção da Alemanha levam receio e esperança à Bahia

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São 2h da madrugada e o silêncio característico da pequena vila de Santo André, município de Santa Cruz Cabrália, sul da Bahia, é rompido por gritos. Numa das casas do distrito, 16 homens envolvem-se numa briga.

A polícia só chega no dia seguinte, assim como a notícia de que os brigões eram funcionários da obra do "Campo Bahia", empreendimento com 14 casas e 65 cômodos que está sendo erguido para abrigar a seleção da Alemanha durante a Copa.

O episódio, que ocorreu há cerca de um mês, reflete a nova realidade dos 800 moradores de Santo André, que tiveram suas rotinas alteradas depois da escolha do local como QG da seleção alemã.

O empreendimento –orçado em R$ 35 milhões– vinha sendo construindo há cinco anos, mas ganhou ritmo acelerado a partir de dezembro.

Na ocasião, foi firmada a parceria entre a federação alemã e três empresários alemães, sócios do complexo.

Após a Copa, o local será transformado em condomínio, com a venda das casas.

Encravada em uma área de proteção ambiental, onde só é possível chegar atravessando um rio em balsas, Santo André atrai muito turistas, sobretudo no verão, quando a vila recebe pessoas em busca de um local tranquilo e isolado.

A vila tem uma rua principal e meia dúzia de transversais. Mas há seis meses passou a ter até engarrafamentos, por causa do vaivém incessante de caminhões.

Toda semana, 300 sacos de cimento cruzam o rio para atender à demanda de uma obra cujos trabalhos duram ao menos 16 horas por dia.

A população local cresceu cerca de 30% com a chegada de 200 operários para o empreendimento.

Entre os moradores locais, o complexo que será usado como centro de treinamento e a chegada da seleção são vistos com reservas.

"Afora os empregos, não vimos nenhum benefício. Nosso medo é que essa exposição da vila mude o nosso modo de vida e a gente perca a nossa liberdade", diz o marinheiro José Borges, 41.

A pouco mais de dois meses da Copa, a expectativa sobre o que irá acontecer durante o torneio só aumenta.

A Polícia Militar já confirmou a interdição de uma área no entorno do "Campo Bahia" onde poderão circular só os moradores, que serão devidamente identificados.

Das três balsas que fazem a travessia entre a sede da cidade e a vila, uma passará a ser de uso exclusivo da delegação alemã. Por outro lado, a presença da seleção deve praticamente dobrar a população da vila durante a Copa.

PREOCUPAÇÕES

Com a escalada no número de turistas, a segurança passou a ser uma das principais preocupações na vila em que todos se conhecem pelo nome.

Os nativos também temem o avanço da especulação imobiliária. "Em dez anos, pobre não vai conseguir morar mais aqui. A maioria irá para as favelas de Porto Seguro e Cabrália", diz o comerciante Jonas Santana, 61, dono de um bar.

A população, porém, vê a chegada dos alemães com esperança de melhorias.

A falta de energia é constante, a água vem de poços e chega às torneiras com barro. O descarte do lixo é irregular, em um terreno a 5 km do CT. É nesse lixão, isolados de tudo, que vivem Elenilda Santos, 58, e José Bonfim, 36.

Sem nenhum tipo de proteção, coletam resíduos que vendem para reciclagem. Até agora não ouviram falar em Copa, muito menos nos futuros vizinhos ilustres.

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