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Veja fatos da Copa de 1950 relatados pela imprensa do país e do exterior

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Sete seleções da América e seis da Europa disputaram a quarta Copa do Mundo –menos da metade das 32 equipes que estarão nesta 20ª edição.

Num planeta ainda marcado pela devastação da Segunda Guerra, o país escolhido estivera longe das principais batalhas. Uma terra que tinha 52 milhões de habitantes e o Rio como capital.

Os jornalistas daqui registravam descobertas sobre o futebol dos visitantes, e os estrangeiros anotavam impressões sobre esse tal de Brasil. Linhas que perpetuaram bem mais do que a arrancada de Ghiggia e o silêncio do Maracanã:

O brasileiro, esse marciano

- Meses antes da Copa, um árbitro inglês esteve no Brasil. De volta, Macpherson Dundas recomendou que nenhum juiz fosse mandado para cá novamente.

Sua explicação era algo premonitória: "Tenho pena de qualquer um que tenha que apitar a final da Copa se o Brasil chegar lá. Ele e qualquer torcedor do outro time terão muita sorte se conseguirem sair ilesos. O futebol no Brasil está cheio de suborno e corrupção. Um dos objetivos da nossa visita foi educar os brasileiros de acordo com as regras do futebol, mas serão necessários anos para livrar o futebol brasileiro da corrupção."

Ironia do destino, o Brasil chegou à final, e o juiz foi o inglês George Reader...

- Na imprensa espanhola, o esforço era para explicar por que os anfitriões chamavam João Ferreira de Bigode. "Os brasileiros e seus nomes de guerra: os jogadores têm seu nome de batalha da mesma forma que os artistas de cinema."

Welcome to Brazil

- Era 1950, ano de Censo. O espanhol "La Vanguardia" avisava: "Os jogadores e seus acompanhantes serão recenseados. Os jogadores estrangeiros que se encontram no Brasil não escaparão aos rigores do censo geral que acontece neste momento em todo o território."

- No Rio, os participantes da Copa ganharam posto privativo para banho de mar em Copacabana, com placa em três idiomas.

- O Rio já continuava lindo em 1950. Um repórter de Barcelona anotou: "Quero lhes dizer que Walt Disney não exagerou em nada ao desenhar os olhos do Pato Donald saltando ao lado de seu novo amigo Zé Carioca".

Já o relato de um jornalista inglês do "Daily Express" acabou ironizado: "A dez minutos do hotel em que se encontram os jogadores [em Copacabana] você pode se encontrar numa floresta virgem e ver pegadas de crocodilos junto aos brejos e bananeiras selvagens".

A taça

Nada de tour mundo afora. A Jules Rimet chegou de navio, trazida pela seleção italiana, que tinha vencido a Copa anterior, em 1938, ainda antes da guerra. No Rio, ela foi entregue, em um estojo de veludo azul, para a CBD (antecessora da CBF), que a levou para sua sede. Fez-se um seguro pelo equivalente a R$ 1,024 milhão atuais.

O Maracanã

Reprodução
Reprodução da capa do jornal espanhol "La Vanguardia" com destaque para o Maracanã
Reprodução da capa do jornal espanhol "La Vanguardia" com destaque para o Maracanã

A Folha da Noite sentenciou: "Tão bom como o de Wembley o Estádio do Maracanã". O cardeal Jaime Câmara o abençoou numa cerimônia que reuniu os presidentes do Brasil (Eurico Gaspar Dutra) e da Fifa (Jules Rimet). O estádio foi inaugurado oito dias antes da abertura, num amistoso entre as seleções paulista e carioca. A bilheteria, inédita no país, equivaleu a R$ 2,6 milhões (cabia muito mais gente no Maracanã). Já no primeiro jogo a Comissão de Arrecadação da CBD apontou irregularidades nos ingressos.

O espanhol "La Vanguardia" apontou um probleminha: "Os arquitetos se esqueceram totalmente de construir uma tribuna para a imprensa. Isso foi descoberto nesta noite pelos redatores esportivos que visitaram o estádio. Os dirigentes brasileiros demonstraram sua surpresa e disseram que um setor especial da arquibancada será reservado para os jornalistas".

Em "O Globo", o escritor José Lins do Rego criticava a propaganda nos muros: "Dirão os que impingiram aquela publicidade que o estádio precisa de dinheiro. Há, porém, um limite à carência de dinheiro".

A arbitragem

Numa época em que os jogos de um país não eram vistos em outro, havia muita preocupação com o padrão de arbitragem. Em reunião no Clube Ginástico Português, no Rio, os juízes encenaram diferentes situações de jogo para discutir o que fazer. O presidente da Comissão de Arbitragem, um italiano, pediu que a imprensa não desse grande espaço à discussão, que considerava "coisa íntima".

A Fifa

- Os ganhos da entidade já chamavam a atenção da imprensa. A Folha da Manhã dizia que "a Fifa espera que a quarta disputa da Taça Jules Rimet alcance êxito sem precedentes". A entidade tinha direito a 5% da renda bruta da fase inicial e a 10% da renda do quadrangular final. Nas contas de "O Globo", resultava no equivalente hoje a R$ 2,9 milhões.

- Em 1950, o Congresso da Fifa foi feito no hotel Quitandinha, em Petrópolis (neste ano, a sede é o Transamérica Expo Center, em São Paulo). Havia debate sobre a sede de 1962, e o Congresso serviu para afundar a candidatura da Argentina, que havia boicotado a Copa de 1950; melhor para o Chile. No Quitandinha, decidiu-se também que os membros da Fifa reatariam relações com Alemanha e Japão, barrados por causa da Segunda Guerra. O Brasil defendia uma causa hoje soterrada: a abolição dos hinos nacionais e das bandeiras nos jogos.

Reprodução
Em 1950, o Congresso da Fifa aconteceu no hotel Quitandinha, em Petrópolis, no Rio de Janeiro
Em 1950, o Congresso da Fifa aconteceu no hotel Quitandinha, em Petrópolis, no Rio de Janeiro

A abertura da Copa

O jogo inicial foi Brasil x México, em 24 de junho, no Maracanã. A programação de duas horas de festa foi cumprida com pontualidade. Uma banda tocou por uma hora antes da chegada do presidente Eurico Gaspar Dutra.

O britânico "Sunday Post" imprimiu: "Uma manada de milhares de torcedores brasileiros entrou no novo estádio branco e azul aninhado ao pé das montanhas cobertas de pinheiros. Tinham vindo assistir à abertura do Mundial. Fazia muito calor. Sopros de vento às vezes levantavam muita poeira no meio desse grande bacia oval com uma superfície de jogo de bilhar. Os brasileiros trataram o evento como se fosse o Carnaval. Fogos de artifício ecoavam pelo estádio e faziam os torcedores pularem da cadeira. Diversas bandas tocaram música. A primeira delas, de cem pessoas, parecia ter saído de um livro de desenhos. Tinha flanelas brancas, jaquetas azuis, cintos brancos e chapéus com plumas vermelhas e douradas. Um avião deu rasantes e jogou milhares de panfletos. Uma imensa salva de fogos de artifício foi dada quando o time brasileiro entrou em campo. Cerca de 100 mil pessoas estavam presentes quando o jogo começou. Antes disso 5.000 pombas foram soltas de dentro de caixas verdes guardadas pelos militares brasileiros. Houve mais fogos, e no pontapé inicial foi dada uma salva de 21 tiros."
Na rodada seguinte, a polícia do Rio decidiu proibir fogos de artifício.

A publicidade

Reprodução/Folha da Manhã/25.jul.1950
Anúncio da Coca-Cola, que era patrocinadora da seleção brasileira em 1950, na Folha da Manhã
Anúncio da Coca-Cola, que era patrocinadora da seleção, na Folha da Manhã de 25 de julho de 1950

Nossa antiga língua portuguesa

Termos usados pelos jornais brasileiros na época:
peninsulares = italianos
orientais = uruguaios
guaranis = paraguaios
escandinavos = suecos
ibéricos = espanhóis
nacionais = brasileiros
estádio Municipal = estádio do Maracanã

Os EUA

Não é verdade que os americanos só descobriram o soccer em 1994. Já em 1950 o técnico da seleção, William Jeffrey, defendia que país se candidatasse a sede da Copa. E o NYT soube da existência da final da Copa de 1950 e a noticiou assim:

Reprodução
Notícia do 'New York Times' sobre a derrota do Brasil na Copa de 1950
'New York Times' informa que o Uruguai conquistou o título da Copa de 1950

A maior zebra da história

Inventores do futebol, os ingleses se dignavam pela primeira vez a medir sua força numa Copa. A equipe foi recebida aqui por Stanley Rous, futuro presidente da Fifa, e o jornal britânico "Evening Telegraph" apontou: "O time inglês está se tornando franco favorito para levantar a taça Jules Rimet na Copa que começa amanhã. Não apenas fizeram treinos impressionantes como seu comportamento tem sido perfeito -são a mais popular de todas as equipes. Os brasileiros particularmente gostam dos treinos abertos feitos pelo time, enquanto a maior parte dos rivais tem feito o máximo para despistar a imprensa e o público com treinos secretos."

O segundo jogo dos ingleses era contra os EUA, em Belo Horizonte. "O Globo" descreveu os preparativos: "Os ingleses nem foram treinar no [estádio] Independência, apenas correram nas Quintas dos Ingleses. O técnico Winterbotton disse que não havia 'qualquer preocupação maior do que colocar os jogadores em movimento'".

Pois na hora do jogo os EUA venceram por 1 a 0. Torcedores mineiros saltaram o alambrado e carregaram os vencedores pelo campo.

O enviado especial do jornal escocês "Aberdeen Journal" não economizou palavras: "Diante de uma das torcidas mais propensas a um lado só da história, o futebol inglês sofreu um grande revés ao ser batido por jogadores amadores. Foi patético ver o futebol inglês ser derrotado por um time que a maior parte das equipes amadoras do país venceria, e não houve nenhum golpe de sorte nisso. É verdade que o campo estava esburacado, mas isso valia para os dois times. Os americanos venceram porque estavam preparados para correr riscos; não só pareciam mais rápidos como tinham mais estamina. A torcida, favorável aos EUA desde o começo, delirou ao ver a eficiência da máquina americana. Os americanos surpreenderam a todos, inclusive a eles mesmos, exibindo um futebol bom e rápido. A torcida vaiou a tática conservadora da Inglaterra".

Os ingressos

A Copa de 2014 não será o primeiro Mundial brasileiro com tumulto na venda de ingressos. Sob o título "Os torcedores num pandemônio", "O Globo" trouxe o seguinte relato do penúltimo jogo do Brasil, contra a Espanha: "O que ocorreu ontem teria sido ainda consequência das explorações, dos vexames e da angústia que se expôs o povo durante 48 horas, nos quatro postos de vendas de ingressos. A decepção depois de longa espera, 45 horas na fila, para não conseguir nada, o tripúdio dos cambistas fazendo negócios às escâncaras e, pior do que isso, a venda à mesma pessoa de centenas e às vezes de milhares de ingressos, tudo contribuiu para criar a indignação geral. Aquelas 50 mil pessoas que compareceram sem ingresso ao Maracanã estavam movidas por um sentimento como de espoliação."

A confusão do jogo resultou em um morto e 206 feridos.

Para os torcedores adversários, a vida tinha sido bem mais fácil. Os jornais anunciavam que cidadãos espanhóis podiam reservar entradas diretamente em seus consulados.

Os ingressos eram bem mais baratos do que hoje. E em São Paulo eram mais caros do que no Rio: na geral, custavam o equivalente a R$ 20, contra R$ 15 para os jogos no Maracanã.

A infra

- O Rio não tinha todos os hotéis lotados, segundo a imprensa brasileira. Havia poucos turistas europeus, e quem chegava se concentrava em Copacabana. Na Europa dizia-se algo diferente. Escreveu o italiano "La Stampa": "No Rio, a febre aumenta dia a dia. Já foi anunciada a chegada de 40 mil torcedores de toda a América do Sul. A disponibilidade de alojamento está exaurida, e as autoridades fazem um apelo aos cidadãos para que colaborem hospedando todos esses apaixonados."

- Ao cobrir o desembarque do time italiano em Santos, o mesmo jornal trazia o seguinte relato sobre a via Anchieta, inaugurada três anos antes: "Os azzurri partiram de Santos em ônibus para São Paulo. As duas estradas estão ligadas por uma magnífica estrada asfaltada".

- Houve ponto facultativo no Rio no dia de Brasil x Espanha, uma quinta-feira. Em Porto Alegre, o comércio fechou as portas para facilitar a realização de México x Iugoslávia.

A imprensa

Já em 1950 os jogadores não podiam dar entrevista em campo, segundo as regras da Copa, e o acesso dos jogadores não era simples, a julgar pelo relato da imprensa. Espanhóis e italianos não davam entrevistas. No caso dos italianos, segundo a Folha da Noite, "havia ordem expressa para que não falassem aos repórteres".

Fora de campo acontecia o primeiro Congresso Mundial dos Cronistas Esportivos, organizado pela Associação Brasileira de Imprensa.

A seleção

Como se sabe, o time brasileiro era incensado. Na Folha da Manhã, o relato do jogo contra a Espanha, que antecedeu a final, tinha o título: "Impressionante demonstração de poderio e técnica demonstrou a seleção brasileira". Flávio Costa, técnico da seleção e também do Vasco, era cogitado para vereador. Um grupo de associados do Flamengo tentava levantar o equivalente a R$ 818 mil para pagar em luvas e levá-lo ao clube. No Mundial, o treinador reclamava da presença de iugoslavos e italianos nos treinos da seleção.

Já os estrangeiros diziam que o Brasil tinha o caminho facilitado ao título: podia treinar no Maracanã, o que não era permitido aos demais, e contava com o privilégio de não precisar sair do Rio no quadrangular final. O bicho pelo título era equivalente a R$ 51 mil por jogador.

Los gringos

- A Iugoslávia. Segundo "O Globo", eram "atletas perfeitos, os iugoslavos. Soberba demonstração no treinamento de ontem; variedade de exercícios dos mais perigosos adversários brasileiros na chave semifinal. Ginástica, medicine-ball e hand-ball durante uma hora. Espantosa a resistência física dos cracks iugoslavos". O time, que acabou não passando da primeira fase, teve uma dificuldade extra: a alimentação. O presidente iugoslavo, Tito, havia rompido dois anos antes com Stálin, o líder soviético, e a equipe temia um atentado de algum aliado comunista. Por causa disso, parou de comer no hotel e passou a fazer suas refeições na embaixada.

- A Itália. O time veio de navio. Os relatos dão conta da presença de um multidão em Santos. Os treinos eram no estádio Palestra Itália. A direção do Palmeiras promoveu uma confusão ao ceder os estádio também aos paraguaios, que chegaram para treinar, encontraram os italianos no vestiário e foram embora depois de protestar. Em São Paulo, o time esteve na igreja Nossa Senhora Achiropita para rezar pelos jogadores do Torino, mortos num desastre aéreo um ano antes, e no instituto Butantã. Para Leônidas da Silva, o Diamante Negro, que inventou da bicicleta e disputou as Copas de 1934 e 1938, a Itália era o grande adversário do Brasil.

- A Espanha. A curiosidade dos brasileiros sobre o time era tanta que antes da Copa foram enviados, por avião, fotografias e relatos dos últimos jogos e tabelas da primeira e da segunda divisão espanholas. "Foram pedidos urgentes do Brasil, os torcedores desse país demandam isso constantemente", relatou a "Vanguardia".

- O México. A julgar pelos relatos, a passagem do time não foi muito tranquila fora de campo. Dentro das quatro linhas não conquistou nenhum ponto. Na volta, dez jogadores acabaram suspensos.

- A Suécia. Skoglund, o destaque do time, ganhou em São Paulo o apelido de "Espiga de Milho".

- A Suíça. O time ficou em Belo Horizonte, onde foi impedido de treinar no estádio Independência. Responsável pelo estádio, o Sete de Setembro se irritou porque o clube convidado como adversário fora o América-MG e não ele.

- A França. O país desistiu da Copa 19 dias antes. Argumentou que teria que viajar muito num curto período de tempo e que os brasileiros haviam se recusado a rever a tabela. Eles tinham jogos previstos com o Uruguai em Porto Alegre (dia 25) e depois com a Bolívia no Recife (dia 29).

- O Uruguai. O futuro campeão foi o último a chegar. Viajou em voos da Pan American World Airways, em dois Clippers (modelo da Boeing). Desembarcou no Rio e treinou em São Januário. Foi apontado como favorito pelo técnico da Inglaterra. Sua explicação era bem simples: com a desistência de Argentina e França eles teriam apenas um fraco adversário na fase inicial, a Bolívia. "Vão estar como tinta fresca no final", disse Walter Winterbottom. Para o derradeiro quadrangular, a base de treino do time foi o Canindé, em São Paulo.

O Maracanazo

O clima de já ganhou não era exclusividade dos brasileiros. O britânico Gloucestershire Echo titulou: "Copa do Mundo no bolso do Brasil".

A atmosfera do Maracanã depois da virada não podia ser traduzida em palavras, segundo o jornal "La Vanguardia": "Os três últimos minutos são indescritíveis, pela emoção que tomou os 170 mil espectadores"

Após a tragédia, o meia Danilo foi último a sair do gramado. Disse: "Foi uma desgraça! Por Deus ainda não acredito como isso me sucedeu. Quisera que a terra se abrisse e me tragasse de uma vez". O repórter de "O Globo" tentou consolá-lo: "Mas você não jogou tão mal assim, Danilo".

O inglês o Evening Telegraph sentenciou: "O samba da vitória brasileira foi cancelado"

Enquanto isso...

Fora das páginas da Copas, o noticiário dos jornais brasileiros estava tomado pelo início da a Guerra da Coreia e pelo lançamento da candidatura de Getúlio Vargas às eleições presidenciais de outubro daquele ano.

- Fontes: arquivos dos jornais Folha da Manhã, Folha da Noite, "O Globo", "The New York Times", "La Vanguardia", "La Stampa", "Sunday Post", "Dundee Courier", "Gloucestershire Echo", "Aberdeen Journal". "The Press and Journal", "Evening Telegraph"

- Valores atualizados pela calculadora do Banco Central, segundo o IGP-DI

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