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Preparação para os Jogos Olímpicos vai bem, mas crise preocupa

A cem dias do seu início, os Jogos Olímpicos do Rio podem ser comparados a um barco no mar.

Olhando de perto, a embarcação está em ordem, seguindo o rumo certo ao seu destino. A observação mais ao longe, contudo, causa preocupação. Uma tempestade ameaça desviar o barco olímpico do seu caminho.

O Rio está mais adiantado na organização dos Jogos do que o Brasil estava nessa mesma marca antes da Copa do Mundo, em 2014.

Por outro lado, hoje o país como um todo e o Estado do Rio em particular vivem uma situação econômica muito mais grave que há dois anos, o que pode influenciar na venda de ingressos.

Além disso, a crise política projeta imagem negativa do país para o exterior, fato que pode levar turistas estrangeiros a desistirem de vir ao país.

Ricardo Borges/Folhapress
Campo de hóquei sobre a grama no complexo de Deodoro; veja galeria de fotos a 100 dias do início dos Jogos Olímpicos
Campo de hóquei sobre a grama no complexo de Deodoro; veja galeria de fotos a 100 dias do início dos Jogos Olímpicos|

Ponto positivo da preparação olímpica, as obras das principais instalações esportivas estão quase prontas.

Segundo a Empresa Olímpica Municipal (EOM), o Parque da Barra, que abrigará a maior parte das competições, está 98% concluído.

Dentro dele, a estrutura mais atrasada é o velódromo, onde serão disputadas as provas de ciclismo de pista, com 85% da obra realizada.

O levantamento da EOM, porém, não detalha a evolução das reformas de estádios já existentes. É o caso de duas obras que preocupam os organizadores: o Centro Nacional de Hipismo, em Deodoro, e o Estádio do Engenhão.

A Prefeitura do Rio, contudo, garante que tudo ficará pronto para os Jogos.

Nesse aspecto, quando comparada à Copa, a Olimpíada leva vantagem. A cem dias do Mundial de futebol, quatro dos 12 estádios ainda estavam em construção.

A organização olímpica, porém, enfrenta contratempos. Devido à recessão, em outubro de 2015, o comitê organizador teve de cortar gastos em cerca de 30%.

Olimpíada x Copa do Mundo - Como estava a preparação para a Copa e como está a dos Jogos Olímpicos a 100 dias do evento

"A gente demorou mais para vender os ingressos e ainda não vendeu todos. Algumas empresas ativaram menos seus patrocínios do que a gente imaginava ou menos do que normalmente ativam", afirma Mario Andrada, diretor de Comunicação do Comitê Rio 2016.

Até março, cerca de 50% dos ingressos para os Jogos Olímpicos tinham sido vendidos. No caso dos Paraolímpicos, a situação é mais preocupante, com a comercialização em torno de 10%.

"Não diria que a crise está atrapalhando, mas influenciou negativamente", completa Andrada, que acredita que o comitê não deva sofrer novos cortes.

O fornecimento de energia elétrica é outro tema que tem causado inquietude. Apagões nos eventos-teste recentes (natação e ginástica artística) foram alvos de queixas.

"A queda de energia enquanto os atletas competiam é um problema sério", disse Ron Froehlich, oficial da Federação Internacional de Ginástica na semana passada.

A Light, empresa responsável pelo fornecimento no Rio, afirmou que tanto a falta de luz na Arena HSBC, onde ocorrera a competição de ginástica artística, quanto no centro aquático foram ocasionadas por problemas nas instalações elétricas internas.

Ainda não está claro se as ocorrências foram casos isolados ou se há um problemas nos equipamentos olímpicos.

METRÔ

Em obras de infraestrutura, as chamadas "obras de legado", os Jogos também têm uma situação melhor que a da Copa. O dado é positivo, mas merece olhar atento no que diz respeito ao metrô.

A cem dias do Mundial, apenas 20% das obras deste tipo previstas na matriz de responsabilidade estavam completas, sendo que muitas delas foram abandonadas ou adiadas para depois da Copa.

No Rio, a principal obra de legado é a linha 4 do metrô.

Além do atraso na frente de trabalho, novo risco a ameaça. A Justiça determinou arresto de contas do Estado para pagar aposentados e pensionistas. O bloqueio pode atingir cerca de R$ 40 milhões em empréstimos carimbados para obra do metrô.

O Estado não sabia dizer, até a conclusão desta edição, se a conta referente à linha 4 estava entre as afetadas.

A Secretaria de Transportes, contudo, garantiu nesta terça (26) que a conclusão da obra será em julho.

"As obras de da Linha 4 chegam a 93% de conclusão. Todas as cinco estações, que estarão em operação antes dos Jogos, estão em acabamento", diz nota do governo.

IMAGEM SOB RISCO

Apesar da preparação em ritmo adequado, a crise política e episódios como a queda de parte da ciclovia Tim Maia afetam o prestígio da cidade-sede fora do Brasil.

"Está claro que a imagem do Brasil e do Rio já foi manchada pela Olimpíada e pela Copa do Mundo", diz Andrew Zimbalist, economista norte-americano que estuda grandes eventos esportivos.

Já para Andrada, o futuro reserva dias melhores para a imagem do megaevento.

"Grande parte do esforço de preparação vai começar a aparecer. A população passará a viver os Jogos Olímpicos e sentir a energia positiva que vem deles", disse.

Ricardo Borges/Folhapress
Circuito de canoagem slalom no complexo de Deodoro; veja galeria de fotos a 100 dias do início dos Jogos Olímpicos
Circuito de canoagem slalom no complexo de Deodoro; veja galeria de fotos a 100 dias do início dos Jogos Olímpicos
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