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Rio-2016

Treinado pelos pais, brasiliense passa a colher resultados na marcha atlética

Sem perder o rebolado, Caio Bonfim, 25, marcha rumo a uma medalha no Rio-16.

Já classificado para as provas de 20 km e 50 km dos Jogos, o brasiliense ficou na oitava colocação no Mundial de marcha atlética no último sábado (7), em Roma, na Itália.

Mais um passo de um caminho que começou após a 39ª posição em Londres-2012, quando problemas gástricos comprometeram o desempenho do atleta na Olimpíada.

Em 2014, sem apoio, os pais João Sena Bonfim e Gianetti Sena –ela heptacampeã nacional na marcha–, montaram um projeto para o filho voltar à Olimpíada, desta vez, com chances de pódio. Eles são os técnicos de Caio.

Ele passou, então, a fazer mais provas na Europa. "Para ser mais conhecido e testado pela arbitragem internacional", diz à Folha.

Um parênteses. Na marcha, o atleta pode sofrer punições se não cumprir duas regras básicas: ter sempre um pé no chão, ou seja, não pode flutuar; e manter uma das pernas esticadas, sem dobrar os joelhos. Três punições e o atleta é eliminado. O que aconteceu com Caio nos últimos 50 m da prova no Pan de Guadalajara-2011.

Vida de atleta - Caio Bonfim

"Deu tão certo que a CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) entrou no projeto e começou a financiar passagens, hotel e alimentação".

Em 2015, os resultados vieram. Ele foi bronze no Pan de Toronto e sexto no Mundial de atletismo, na China. Definitivamente, estava entre os melhores do mundo.

"Sem resultado, você é invisível. Com esses resultados o radar do COB [Comitê Olímpico do Brasil] me descobriu e começou a me ajudar também", diz o marchador.

Nesta terça (10), mais uma conquista. O governo federal aprovou a indicação de Caio (e Erica Sena, quarta colocada no Mundial) para receber a Bolsa Pódio —projeto que auxilia a elite do esporte nacional com teto de R$ 15 mil.

A recompensa vem após o marchador fazer a melhor marca da carreira nos 20 km (sua prova favorita), no Mundial, com 1h20min20.

"Todo o meu potencial estará no Rio. Precisamos acertar o ritmo após os 15 km, que fica muito forte. Vou lutar pela medalha", afirma Caio.

Outro obstáculo é o preconceito que sofre na ruas de Sobradinho, cidade-satélite de Brasília, onde treina, devido a rebolada característica dos atletas da prova.

"Diminuiu muito, mas não tem um dia sequer em que eu não seja alvo de um comentário. Mas eu não ligo. Estou trabalhando", diz.

Ele não perde o foco: entrada do calcanhar, joelho estendido, trabalho do quadril, trabalho de braços. Repetição que pode levá-lo ao pódio.

TUDO EM CASA

Treinar em casa e com os país, segundo Caio, tem mais vantagens do que desvantagens.

"Gosto de treinar em Sobradinho, no nosso estádio e nas nossas ruas com subidas e descidas. Brasília é um centro de treinamento natural. Quase não acho desvantagens. Ainda tem a noiva [Juliana] que ajuda muito. Se perguntarem para os meus treinadores sobre treinar em casa, eles vão dizer que perco um pouco o foco. Mas estou sempre focado", diz Caio.

João, o pai, foi quem levou Caio para a marcha, após ser técnico da mãe, Gianetti, que ganhou sete vezes o Troféu Brasil na modalidade.

"Meu pai, em Sobradinho, é treinador 24h por dia. Quando viaja comigo é pai. Não me pressiona, sempre me proporcionando calma e tranquilidade. Minha mãe é o contrário, quando viaja vira uma treinadora exigente e quer que minha técnica seja a melhor possível. A desvantagem ou vantagem é que só falamos de marcha. Se isso é foco, estamos super focados", afirma o atleta.

RAIO-X

Nome completo: Caio Oliveira de Sena Bonfim

Nascimento: 19.mar.1991 (25 anos), em Sobradinho (DF)

Altura: 1,74 m

Peso: 60 kg

Técnicos: Gianetti Sena e João Bonfim (seus pais)

Provas: Marcha atlética 20 km e 50 km

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