Publicidade
Publicidade

Decisão de comitê da Rio-2016 leva Guga a recorrer a entidade internacional

O comitê organizador da Olimpíada do Rio aceitou um pedido do presidente da CBT (Confederação Brasileira de Tênis), Jorge Lacerda, desagradando a Gustavo Kuerten, o maior nome da história do esporte no Brasil.

Após dois anos de reuniões com a jornalista Diana Gabanyi, que seria responsável pelas operações de imprensa no Centro Olímpico de Tênis, a organização dos Jogos decidiu não contratar a ex-assessora de Guga devido à pressão da CBT.

A decisão incomodou o tricampeão de Roland Garros, que entrou em contato com a ITF (Federação Internacional de Tênis) em busca de uma intervenção. Diante do pedido, o presidente da entidade, o norte-americano David Haggerty, procurou Carlos Arthur Nuzman, presidente do comitê organizador e do COB (Comitê Olímpico do Brasil), mas a decisão foi mantida.

A reportagem teve acesso ao e-mail enviado por Lacerda a Agberto Guimarães, diretor-executivo de esportes do comitê organizador da Rio-2016, em 3 de fevereiro deste ano. No texto, o dirigente do tênis afirma que Gabanyi "faz parte de um grupo em que agride constantemente a CBT", revela ter vetado a presença da jornalista em um confronto de Copa Davis e ameaça não emitir credenciais para os Jogos Olímpicos caso o comitê seguisse adiante com a contratação.

Nesse e-mail, Lacerda ainda compara Gabanyi à ex-jogadora de vôlei Ana Moser, dizendo que a participação de alguns profissionais no tênis seria "o mesmo que contratar a Ana Moser para um evento em parceria com o COB. Ou seja, impossível ou mesmo um insulto à entidade."

Não é a primeira vez que a CBT toma medidas contra a ex-assessora de Gustavo Kuerten. Em 2012, ela estava prestes a ser contratada pela ITF para trabalhar no confronto da Copa Davis entre Brasil e Rússia, em São José do Rio Preto. Lacerda, então, vetou o nome e pediu outro profissional.

Em 2014, quando o Brasil recebeu a Espanha, também pela Davis, Gabanyi teve sua credencial negada e não pôde acompanhar o confronto no Ibirapuera. Na ocasião, a CBT respondeu à jornalista que recebeu muitos pedidos de credenciamento e não pôde atender a todos. Entretanto, no e-mail que escreveu ao comitê, Lacerda afirma: "Já barrei a mesma nos nossos eventos de Copa Davis."

Divulgação
Diana Gabanyi, ex-assessora de Gustavo Kuerten
Diana Gabanyi, ex-assessora de Gustavo Kuerten

A jornalista, que comanda as operações de imprensa do Aberto do Rio, maior torneio de tênis no país, e já exerceu o mesmo cargo no WTA Championship, chefiando a comunicação no principal torneio do circuito mundial feminino, afirma não ter demandas judiciais contra a CBT. Também diz não ter se manifestado contra a direção do órgão que comanda o tênis nacional.

"Deve ser algo pessoal, mas não entendo o porquê. Nunca fiz nada contra a CBT, não participo de nenhum grupo e, pelo contrário, trabalho com tênis há 20 anos e sou super bem recebida em qualquer lugar do mundo", diz Gabanyi.

A jornalista foi procurada inicialmente pelo comitê da Rio-2016 há dois anos por indicação da ITF. Desde então, manteve conversas com a chefe de operações de imprensa do Rio 2016, Lucia Montanarella. Gabanyi participou de reuniões na sede do comitê, no Rio, e acompanhou o planejamento para os Jogos, visitando o centro olímpico de tênis para avaliar as instalações de imprensa.

O salário já estava acordado, e o início do trabalho estava previsto para o último dia 2 de maio.

Guga, que foi assessorado por Gabanyi até o fim da carreira como atleta, confirmou ter enviado dois e-mails em defesa da jornalista: um a Haggerty e outro ao ex-presidente da ITF Francesco Ricci Bitti, atual chefe da Associação de Federações Internacionais dos Jogos Olímpicos de Verão. O ex-tenista, no entanto, não quis comentar o caso.

Guga teve participação essencial no boicote à Copa Davis de 2004, que terminou com a saída do então presidente da CBT, Nelson Nastás. Em seguida, ele apoiou o conterrâneo Lacerda para o cargo.

FATO 'SEM RELEVÂNCIA'

A reportagem procurou a CBT e indagou o que teria motivado o e-mail de Lacerda. A entidade não disse quais foram as atitudes de Gabanyi que teriam prejudicado o tênis nacional. Tampouco negou a veracidade do e-mail. Respondeu, via assessoria de imprensa, com um e-mail afirmando que "o presidente da Confederação Brasileira de Tênis prefere não se manifestar por entender que o fato não tem qualquer relevância para o tênis brasileiro, tampouco para a preparação olímpica do Time Brasil de tênis."

O Comitê Rio 2016 confirmou, por meio de sua assessoria, o recebimento de um e-mail enviado por Lacerda a Agberto Guimarães, mas informou que seu diretor-executivo estava viajando na ocasião e não teve influência na decisão contratual.

Sobre o contato do presidente da ITF, David Haggerty, o presidente do comitê da Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman, respondeu, via assessoria: "Recebi a solicitação do presidente da ITF, como recebo várias de outras federações, mas tenho por hábito não meter nesses assuntos".

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade