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Robert Scheidt desafia juventude por outro ouro olímpico na vela

A volta à classe Laser, em 2013, foi surpreendente. Robert Scheidt se tornou, em Omã, o primeiro campeão mundial acima dos 40 anos em um dos barcos que mais exigem preparo físico.

O ouro foi o último dos 13 que acumulou ao longo da carreira em Mundiais. Depois disso, ficou fora do pódio nos três anos seguidos, uma sequência que nunca havia ocorrido em sua carreira, iniciada em 1993.

Para Scheidt, 43, isso não é um problema. Toda a sua preparação neste ciclo olímpico foi voltada para a disputa dos Jogos do Rio, quando poderá se isolar como o maior medalhista da história do país —com cinco pódios, está ao lado do também velejador Torben Grael.

Nas derrotas, buscou identificar limitações e pontos a serem aprimorados.

Sergio Moraes/Reuters
Brazilian Olympic team sailor Robert Scheidt sails his laser yacht during a training session in Rio de Janeiro, Brazil, June 22, 2016. REUTERS/Sergio Moraes ORG XMIT: SMS10
O velejador Robert Scheidt durante treinamento no RJ, no mês de junho

"É um ciclo diferente. Foi mais voltado para chegar ao auge na Olimpíada, sempre o meu foco. Neste ano, tinha dois objetivos: o Mundial e os Jogos Olímpicos. Tinha uma expectativa boa para o Mundial, mas acabei em décimo. O consolo é que não foi um problema de velocidade, lesão, preparação física ou queda de rendimento. Mas, sim, tático e estratégico da regata", disse Scheidt.

O bicampeão olímpico da Laser (Atlanta-96 e Atenas-04) escolheu as competições de que participaria ao longo dos últimos quatro anos. Abriu mão de torneios importantes, como a etapa da Copa do Mundo de Hyères (França). Passou a dosar os treinos para evitar lesões.

"A gente tenta dar mais espaço entre as competições e os treinamentos, para não cair num overtrainning [excesso de treinos]."

Há um ano, a equipe do atleta ganhou o reforço de um novo técnico, o canadense Lawrence Lemieux. Ele ajudou a aprimorar manobras específicas, como a largada e a volta nas boias que delimitam o percurso.

A ajuda parece ter funcionado. Scheidt ganhou na baía de Guanabara o Campeonato Brasileiro, competição que teve a participação do britânico Nick Thompson, bicampeão mundial e favorito da classe. Venceu também a Semana Internacional de Vela e foi segundo no tradicional Torneio Princesa Sofia.

EXPERIÊNCIA

Scheidt não chega como favorito à disputa. Contudo, os principais nomes da classe estreiam em Olimpíadas.

"O que conta é ter passado por todas as situações. Tem atletas que estão no auge da carreira, mas nunca participaram de uma Olimpíada. O fato de já ter definido medalha olímpica, já ter ganho e perdido na última regata, isso conta no final."

O velejador voltou para a Laser após disputar dois ciclos olímpicos ao lado de Bruno Prada na classe Star, retirada do programa olímpico após Londres-12.

"Eu fiquei sem saber o que fazer quando tiraram a Star do programa olímpico. Uns amigos me chamaram para uma competição [de Laser], eu acabei indo e ganhei todas as regatas. Aí pensei: 'Será que dá?'. Em 2013, fiquei no pódio em todas as competições e ganhei o Mundial. Os adversários acordaram e todo mundo melhorou muito."

Ele busca a sexta medalha numa classe cuja idade média não ultrapassa os 30 anos. Afirma não estar em desvantagem, mas dá sinais de que o esforço para se manter em forma não será repetido no próximo ciclo olímpico.

"Mantive uma doutrina muito espartana de sono. Dormir todos os dias na mesma hora, alimentação, preparação física. São muitas viagens, muito tempo longe da família. O que seria legal [depois da Olimpíada] é fazer uma viagem em família, sem ter de olhar no relógio." Portanto, o recorde não vai esperar Tóquio-2020.

Que esporte é esse? - Vela

Robert Scheidt é um atleta supersticioso. O bicampeão olímpico nunca deixa de carregar para as suas regatas um crucifixo, que usa desde o início de sua carreira, e um cavalo de xadrez que encontrou certa vez andando na rua.

No último ciclo olímpico, o velejador paulistano adquiriu uma nova superstição. Ele passou a desenhar as mãos dos dois filhos, Erik, 6, e Lukas, 3, na vela -copiando a sua mulher, a também velejadora lituana Gintare Scheidt. A nova mania, porém, depende dos fiscais da Isaf (federação internacional de vela) para poder ser colocada em prática nos Jogos.

"Vamos tentar colocar. O problema é que o material não pode sair de lá [lugar onde os barcos são guardados]. E eles não podem entrar lá. Então nós vamos ter de fazer um molde das mãos deles para colocar na vela."
As embarcações da classe Laser são cedidas pela organização dos Jogos. Qualquer mudança no barco depende do aval dos fiscais da federação internacional.

Scheidt afirma que a baía de Guanabara não deverá ser um problema para o desenvolvimento da competição, em razão da operação para retirada de lixo das águas.

"Para o aspecto técnico, que é o mais preocupante para os velejadores, o detrito que está ali flutuando, nós não estamos tendo esse problema. Estamos competindo e treinando em boas condições. Não vai ter o legado da baía limpa como foi prometido, mas não vai comprometer as provas de vela."

O Rio havia prometido tratar 80% do esgoto lançado na baía, mas a taxa está em cerca de 31% -esse índice era de 16% em 2009.

RAIO-X

ROBERT SCHEIDT
Velejador

NASCIMENTO
15/4/1973, em São Paulo (43 anos)

MAIORES CONQUISTAS
13 títulos mundiais, 2 medalhas olímpicas de ouro (Atlanta-96 e Atenas-04), duas de prata (Sydney-00 e Pequim-08) e uma de bronze (Londres-12)

Brasileiros na Rio-2016

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