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Primeira negra campeã da natação diz que não quer ser lembrada como exceção

Simone Manuel sabia que teria de responder a questões sobre sua cor. Não tem problemas com isso, orgulha-se dela, mas a cada resposta é como se fosse lembrada que é uma exceção, cenário que acha que pode ajudar a mudar com a conquista dos 100m livre nos Jogos do Rio.

A nadadora norte-americana se tornou nesta quinta-feira a primeira negra a conquistar um ouro olímpico na natação.

"Isso significa muito. Não só por mim, mas por todos os afrodescendentes que vieram antes de mim. Espero que possa inspirar muitos mais nesse momento em que tantas coisas acontecem no mundo, como a brutalidade da polícia. Um feito como esse ajuda a trazer esperança", afirmou a jovem de 20 anos.

Simone, no entanto, afirmou que se incomoda com o fato de sempre ressaltarem a sua cor.

"Fico feliz por trazer diversidade ao esporte, também queria que houvesse mais de nós e eu não fosse sempre chamada 'Simone, a nadadora negra'", afirmou. "Isso dá a impressão de que eu não deveria estar aqui, ser capaz de quebrar recordes, de ganhar ouros. Eu treino e quero ganhar como qualquer um", disse.

Nascida em Houston, no Texas, Simone chegou à equipe dos EUA em 2013. No Mundial, nadou as eliminatórias do 4 x 100 m livre que ganhou a medalha de ouro.

EMPATE

Simone demorou a perceber que não estaria sozinha no pódio. Quando bateu a mão na parede, viu que havia uma luzinha acesa no seu bloco de partida, e percebeu que estaria no pódio -na chegada, são acesas uma, duas ou três luzes nos blocos dos três medalhistas.

Só quando se virou para o placar ela percebeu que havia empatado com a canadense Penny Olekisiak. As duas marcaram 52s70. A sueca Sarah Sjostrom, 52s99, foi bronze.

"Ela é ótima, a conheci hoje", brincou Simone. "Estar com outra jovem no pódio significa muito."

Penny é bem mais nova, tem apenas 16 anos e, em sua primeira Olimpíada, quebrou o recorde canadense de quatro medalhas em uma mesma edição dos Jogos. É a primeira atleta nascida nos anos 2000 a ganhar um ouro.

"Eu sabia da pressão nos meus ombros [pelo recorde do Canadá], mas não pensei nisso quando caí na água", disse ela, que já tem uma prata nos 100 m borboleta e dois bronzes no 4 x 100 m livre e 4 x 200 m livre.

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