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Thiago Braz surpreende e fatura o ouro com recorde olímpico no salto com vara

Uma noite épica.

Uma medalha histórica.

A medalha de ouro conquistada por Thiago Braz, 22, na prova do salto com vara traduziu o que é superação.

O paulista de Marília redimiu anos de frustração do atletismo nacional e de desilusões pessoais em um palco, o Engenhão, que viu de tudo um pouco nesta segunda-feira (15).

A competição se iniciou com cerca de uma hora de atraso devido à forte chuva que caiu no estádio pouco antes do início da sessão noturna. Depois que a água deu uma trégua, a disputa recomeçou para logo ser paralisada. O equipamento que eleva o sarrafo simplesmente quebrou. Os competidores esperaram por aproximadamente 15 minutos até que a solução, manual, fosse encontrada.

Adriano Vizoni/Folha de S.Paulo/NOPP
Salto de Thiago Braz que valeu a medalha de ouro na Rio-16
Salto de Thiago Braz que valeu a medalha de ouro na Rio-16

Depois disso, um embate de um nível técnico altíssimo se seguiu por duas horas perante um estádio parcialmente vazio que se tornou ensurdecedor a cada salto do brasileiro.

Thiago superou o sarrafo, na sequência, em 5,65 m, 5,75 m e 5,93 m. Conforme os rivais caíram, um a um, sobrou neste estágio somente o mais temido entre os oponentes: o francês Renaud Lavillenie, atual campeão olímpico na vara e recordista mundial (6,16 m).

O favorito acertou todos os seus saltos até chegar a 6,03 m. Aí Thiago fez mágica. Acertou sua tentativa para a marca, incendiou o Engenhão, bateu o recorde olímpico da prova e seu recorde continental.

"É campeão, é campeão, é campeão", saudou a arquibancada, absolutamente atônita.

A vitória história de Thiago, a primeira do atletismo brasileiro desde o triunfo de Maurren Maggi no salto em distância em Pequim-2008, não foi exatamente uma zebra.

Em 2010, ele foi vice-campeão olímpico nos Jogos da Juventude de Cingapura. Dois anos mais tarde, sagrou-se campeão mundial júnior. 

O ucraniano Vitaly Petrov, que treinou os dois maiores nomes da história do salto com vara, seu compatriota Sergei Bubka e a russa Ielena Isinbaieva, que trabalhava como consultor do Brasil, costumava chamá-lo de "novo Bubka".

Nesta segunda, Thiago confirmou a profecia de Petrov, que se tornou seu técnico em definitivo no final de 2014, após uma cisão dolorosa.

O saltador era treinado por Elson Miranda, também técnico por Fabiana Murer, que foi justamente quem trouxe Petrov ao Brasil. Quando soube que seu pupilo decidiu treinar com o ucraniano em Formia, na Itália, a relação azedou —e até hoje está estremecida.

Editoria de Arte/Folhapress

A escolha pela vida no exterior, respaldada pelo COB (Comitê Olímpico do Brasil) e pela CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo), o fez saltar mais alto. Mas, em grandes eventos, ele insistentemente ficava aquém da expectativa.

Foi assim no Pan de Toronto e no Mundial de Pequim, em 2015, e no Mundial indoor de Portland neste ano. Em todos Thiago ficou longe do pódio.

Para tirá-lo do foco e da pressão, a CBAt o enviou para terminar sua preparação olímpica em um centro de treinamento em Natal (RN), longe do restante da equipe, que se aclimatou no Rio e em São Paulo.

Quis o destino que sua reviravolta, sua ressurreição, ocorresse na competição mais importante da história do país.

Seu ouro se tornou a 15ª medalha olímpica do atletismo brasileiro, e a primeira dourada de um homem desde que Joaquim Cruz triunfou nos 800 m nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984. Em provas de campo, é a primeira medalha máxima desde que Adhemar Ferreira da Silva triunfou no salto triplo na Olimpíada de Melbourne, em 1956.

Thiago Braz. Guarde esse nome. Porque ele fez história.

Que esporte é esse? - Olimpíada - Folha de S.Paulo

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