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Seleção feminina perde nas cobranças de pênaltis e vai disputar o bronze no futebol

De quatro em quatro anos o Brasil lembra que tem uma seleção feminina de futebol. E de quatro em quatro anos o país lembra que a seleção precisa de apoio para vencer. Entre a euforia da véspera e a decepção do resultado, a seleção de Marta repetiu o roteiro nesta terça (16), no Maracanã, para mais de 70 mil pessoas.

Sob sol muito forte e uma gritaria permanente da torcida, o Brasil perdeu para uma retrancada Suécia nos pênaltis. Gastou 120 minutos, como já havia feito na partida anterior contra a Austrália, sem conseguir fazer um único gol –seca que, na verdade, vem desde a fase de classificação, quando também empatou sem gols com a África do Sul após, ironicamente, fazer 5 a 1 na mesma Suécia.

As cobranças de Cristiane e Andressinha foram defendidas pela goleira Lindahl. E a reação das duas à derrota ilustra bem o momento sempre difícil, mas desta vez ainda mais complexo, pelo qual passa a seleção.

Cristiane, 31, duas vezes prata em Olimpíadas e vice na Copa de 2007, foi dura nas palavras. "Aquele era meu canto. Preferi bater e errar no meu canto do que me arrepender depois. A goleiro deles foi bem na bola, acontece."

Andressinha, 21, nona colocada na Copa do Canadá, chorando entre as palavras. "Nada vai fazer esse momento voltar. Elas [as jogadoras mais velhas] me disseram: 'Estamos juntos na vitória e na derrota'. Entramos na competição pensando em ouro, claro. Foi muito bonito uma nação inteira olhar para nós...", disse, quase sem conseguir terminar a frase.

Se o país do futebol está em baixa no masculino, tem um problema mais complicado para resolver no feminino. "Algumas atletas importantes estão encerrando seu ciclo. Nossa reposição é lenta, se não nos mexermos vamos ter uma lacuna de 5, 10 anos sem a reposição adequada para continuar", afirmou o técnico Vadão, repetindo um quase mantra de sua equipe. "No Brasil a gente vive de resultado, não de trabalho. Mas o resultado só vem do trabalho."

"O que desenvolve modalidade é clube, prefeitura. Se você pegar sua filha de 8 anos de idade, ela não tem onde jogar futebol hoje em dia, vai ter de jogar com meninos", disse o treinador, que prefere isentar seu empregador, a CBF, de maior responsabilidade. "A confederação dá todo apoio, mas está no fim da linha. A coisa tem que começar é da base."

Formiga, 38, que se aposenta da seleção no final do ano, também se diz preocupada com a situação. "A gente evoluiu muito. Mas precisamos acelerar esse processo. Nossos adversários conseguem renovar as equipes e de forma muito rápida. Conseguem fazer isso porque têm base. Se tiver trabalho sério, a gente consegue, mas tem que ter esse suporte, além do que já temos."

Marta, 30, a grande estrela da seleção, capaz de mobilizar o estádio inteiro a cada vez que toca na bola, limitou o futuro à próxima sexta (19), quando a seleção pega o Canadá, pelo bronze, às 13h, no Itaquerão. "O povo sabe o quanto a gente batalha, o quanto a gente se entregou nesse tempo todo. A gente tem uma chance ainda de subir no pódio, vamos fazer isso pelo povo", disse a atacante, festejada pelas adversárias, que a conhecem de perto. Marta atua na Suécia e até arrisca entrevistas em sueco.

Falar de qualquer coisa mais para a frente é perda de tempo. "Eu não consigo pensar nada agora, ainda está muito cedo", disse, sobre uma eventual participação na Olimpíada de Tóquio, em 2020, quando terá 34. E também é perda de tempo falar do passado, das duas pratas olímpicas e do "quase". "Não existe uma derrota doer mais que a outra, a decepção é a mesma. Deixar chegar a um ponto onde a gente não tem mais controle da situação.. Essa é a decepção", declarou a camisa 10.

Alemanha e Súecia, que têm campeonatos regulares e confederações que promovem categorias femininas de base, fazem a final, também nesta sexta, às 17h30, no Maracanã.

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