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Martine Grael e Kahena interromperam estudos e contaram com força de Açaí

A campanha do ouro olímpico exigiu que Martine Grael, 25, e Kahena Kunze, 25, trancassem a faculdade de engenharia ambiental que cursavam. A primeira, matriculada na UFF (Universidade Federal Fluminense), perdeu sua inscrição –universidades públicas não autorizam a ausência por mais de dois anos.

Amigas desde a adolescência, as militares da Marinha mantêm certo ar juvenil. Um dos hábitos da dupla é dar a todo e qualquer mastro que usam em competições nomes de comidas típicas do local de prova. Acerola, Manga, Manuca Honey (Nova Zelândia), Maple Syrup (Pan de Toronto-15) e Kombucha (Miami) fazem parte da lista. A maioria dos equipamentos é alugada para provas no exterior.

Na Rio-16, a "dupla de três" ficou completa com Açaí, que superou a concorrência com Pitanga por sua rigidez, melhor para as condições de vento da baía de Guanabara. Os velejadores podiam escolher os próprios mastros e quilhas na Olimpíada.

O ciclo olímpico, porém, provocou desgaste até mesma numa dupla tão afinada. O último ano de preparação foi dedicado à comunicação dentro da água.

"Nesses quatro anos, nos conhecemos melhor. Éramos amigas, mas não tínhamos essa noção de 24 horas por dia. Notamos coisas uma na outra e passamos a ceder e a trabalhar em cima disso", disse Kahena à Folha, dois meses antes dos Jogos.

Que esporte é esse? - Olimpíada - Folha de S.Paulo

As duas foram campeãs mundiais júnior na classe 420, em 2009. Martine decidiu fazer dupla com Isabel Swan na classe 470 para tentar, sem sucesso, classificação para Londres-12. Kahena se dedicou aos estudos na PUC-Rio.

As duas voltaram a competir após a Olimpíada passada, quando a classe 49er FX entrou no programa dos Jogos para 2016.

O recomeço foi fulminante. Elas ficaram em segundo no primeiro Mundial da classe que disputaram. Em 2014, assumiram o topo do ranking —de onde não saíram mais— e foram eleitas as melhores velejadoras do mundo pela World Sailing e as melhores atletas no Prêmio Brasil Olímpico.

"Fomos as primeiras a entrar nessa classe. Tivemos um salto muito grande. As duas queriam muito tirar a diferença", disse Martine à Folha em junho.

Em fevereiro, as duas ficaram fora do pódio pela primeira vez num Mundial, em Clearwater (Estados Unidos). Terminaram na sexta colocação.

"Se você for olhar de fora, vai notar que tivemos uma caída. Mas é muito difícil manter um top numa classe tão nova e as meninas sempre correndo atrás da perfeição. A gente caiu desde 2014, quando tivemos um ano difícil de repetir. Mas caímos no sentido de resultado, porque dentro [da água] nós só crescemos", disse Kahena.

Nas águas da baía de Guanabara, elas mostraram que ainda estão no topo.

Editoria de Arte/Folhapress
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