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Ex-pedreiro, Maicon Andrade vence britânico e é bronze no taekwondo

O brasileiro Maicon Andrade, 23, mineiro de Justinópolis, conquistou neste sábado (20) a medalha de bronze na categoria acima de 80 kg do taekwondo.

No combate final, ele derrotou Mahama Cho, que apesar de competir pela Grã-Bretanha, é natural da Costa do Marfim. Ele deu o golpe que lhe deu vantagem no placar a cinco segundos do final.

Ao vencer o combate decisivo por 5 a 4, o lutador se enrolou na bandeira do Brasil e ficou assim até sair do ginásio.

"O meu clube, a minha família, os meus amigos e todo o país que torceu por mim estão juntos nesta medalha", afirmou Maicon logo após a conquista da medalha de bronze. "Não é a de ouro, é a de bronze, mas para mim tem o mesmo peso", admitiu.

Durante todo o dia, que começou para Maicon às 9h15, quando ele lutou pela primeira vez, a mãe dele, dona Vitória, estava no ginásio prestigiando o filho. Ela criou Maicon e mais sete filhos sozinha.

Com a derrota nas quartas de final, o brasileiro teve de ficar nos bastidores torcendo para o nigerino Abdoulrazak Alfaga. Se ele passasse pela semifinal e chegasse à final, Maicon teria uma segunda chance.

A história de vida do atleta, como ele mesmo disse depois da conquista, é igual a de todo brasileiro. O mineiro Maicon, caçula de oito irmãos, chegou a trabalhar de pedreiro para sustentar a família.

É a primeira vez o taekwondo masculino ganha uma medalha de bronze nos Jogos. A brasileira Natália Falavigna também havia ganho o bronze em Pequim-2008.

DIA DE MEDALHA

Logo após vencer a primeira do luta do dia, às 9h30, Maicon, já trocado, apareceu nas arquibancadas da Arena Carioca 3, com o uniforme da delegação brasileira procurando, ansioso, por alguém.

É barrado em uma das passagens do ginásio mas, mesmo assim, consegue avançar. Ele senta ao lado de uma senhora e dá um beijo nela. E conversa com a psicóloga Cristina Nunes.

Como não poderia ser diferente, dona Vitória, a mãe do atleta, era uma dos torcedoras do filho que, à noite, entraria na história olímpica.

O resto, a partir da conquista, é história.

Aos 23 anos, um dos oito filhos da dona Vitória conseguiu subir ao pódio olímpico e pendurar uma medalha de bronze no peito.

Que esporte é esse? - Olimpíada - Folha de S.Paulo

ASCENSÃO

Ascensão meteórica é o que melhor define a vida esportiva de Maicon Siqueira.

Há pouco mais de três anos, ele foi convidado para mudar de Minas Gerais, deixar a mãe e os irmãos, e ir para São Caetano do Sul.

Recebeu apoio da prefeitura local, dos treinadores Clayton e Reginaldo dos Santos, e passou a conquistar vitórias. Começou a fomentar o sonho de ser campeão olímpico. Conquistado, em parte, agora.
Mas, em São Caetano, não foi só treinar e treinar.

Em 2014, quando os repasses públicos ao time de taekwondo foram interrompidos, nada de voltar para casa.

O agora medalhista fez até bico de garçom em um buffet infantil para sobreviver.

Nas seletivas do ano passado, o famoso Anderson Silva, lutador de MMA, anunciou que iria buscar uma vaga nos Jogos no Rio-2016.

"O taekwondo é aberto para todos. O fato de ele ter anunciado aquilo até deixou o esporte mais conhecido", disse Maicon, hoje. Segundo ele, a expectativa que ele tem também é que essa medalha ajude a trazer mais dinheiro para o esporte.

"Já deixamos de ir a competições porque não havia dinheiro", disse ele.

Maicon, neste ano, conseguiu passar um mês de intercâmbio no exterior, como preparação para os Jogos do Rio.

"A confederação ajuda, mas poderia ajudar ainda mais", disse Maicon, que também agradeceu às Forças Armadas pela conquista do bronze.

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