"Isaquias não começou ontem, ele é resultado de dez anos de muito treino e trabalho".
As palavras são de Jefferson Lacerda, canoísta de Ubaitaba que fez parte da primeira equipe brasileira a disputar uma Olimpíada na modalidade em Barcelona, em 1992.
Ele foi um dos responsáveis pelos primeiros treinamentos de Isaquias Queiroz, primeiro atleta brasileiro a conquistar três medalhas em uma mesma edição dos Jogos Olímpicos após ganhar duas medalhas de prata e uma de bronze no Rio.
Seu parceiro na empreitada foi Figueiroa Conceição, atual técnico da seleção feminina da canoagem, e o "descobridor" de Isaquias como um atleta com potencial.
Foi em Ubaitaba, cidade natal de Isaquias e principal polo de formação de atletas da canoagem do país, que Figueroa e Jefferson começaram a treinar um grupo de cerca de dez garotos na canoagem em 2005.
Além de Isaquias, estava entre eles Erlon de Souza, que também ganhou medalha de prata na categoria C2 1000.
A rotina de treinamentos foi iniciada por meio do programa Segundo Tempo, do Governo Federal. Mas o programa durou apenas oito meses, mas continuou pelas mãos de Figueroa e de Jefferson, que na época era presidente da Associação Cacaueira de Canoagem.
Com experiência de técnico da seleção brasileira da canoagem, Jefferson era o responsável por preparar uma rotina de treinos para as crianças da região. Figueiroa tinha como função por aplicar os treinos e lapidar os garotos.
LUGAR CERTO, HORA CERTA
Modesto, Figueiroa minimiza seu papel na formação e diz que as conquistas de Isaquias são resultados do talento do atleta e de muito treinamento ao longo dos últimos dez anos:
"Não tem essa de que fui eu quem descobri. Eu fui só o cara que estava no lugar certo e na hora certa", diz.
Segundo dele, desde cedo era visível o talento do atleta: "A gente percebe. É como um jogador de futebol que se destaca entre os outros porque sabe passar a bota, chutar, driblar. Com o canoísta é a mesma coisa", diz.
Isaquias costumava disputar campeonatos em categorias acima da idade dele para ter competitividade: "Os outros aletas ficavam até meio chateados, porque chegava um menino mais novo atropelando e levava medalha", conta Jefferson.
Na época, seu principal oponente costumava ser Erlon, um ano mais velho e justamente o seu parceiro na conquista da medalha de prata no Rio na disputa com duplas.
"Eles merecem esta conquista. São meninos humildes que trabalharam muito para chegar onde estão hoje", diz Jefferson.