Publicidade
Publicidade

Com 2,46 m, destaque do vôlei sentado do Irã deixou a vida de ermitão pelo esporte

O time iraniano de vôlei sentado masculino tem uma arma secreta difícil de esconder: o jogador Morteza Mehrzadselakjani, 28, de 2,46 m.

Com apenas cinco centímetros a menos do que o homem mais alto do mundo, o turco Sultan Közen, 33, Mehrzadselakjani é, em pé, mais alto do que o travessão do futebol, que fica a 2,44 m do chão.

O iraniano já atiçara a curiosidade do público na cerimônia de abertura da Paraolimpíada, quando sua entrada atraiu as atenções no Maracanã. Agora, ele assusta adversários com uma braçada muito maior do que qualquer esperança de bloqueio.

Yasuyoshi Chiba/AFP
Iran's tallest sitting volleyball player Morteza Mehrzadselakjani stands with teammates before a preliminary match against Ukraine in the Paralympic Games at Riocentro in Rio de Janeiro on September 14, 2016. / AFP PHOTO / YASUYOSHI CHIBA
Iraniano Morteza Mehrzadselakjani durante partida contra a Ucrânia

No vôlei sentado, jogadores com diversos tipos de deficiência nas pernas se arrastam pela quadra. A altura é um fator muito mais importante do que no vôlei convencional, no qual um atleta pode compensar a baixa estatura com uma boa impulsão.

Mehrzadselakjani é, sentado, quase uma cabeça inteira mais alto do que a rede, de 1,15 m. Seu alcance de ataque é de 2,30 m, 50 cm a mais do que o do maior jogador do Brasil, Anderson Ribas, que mede 2,12 m.

A altura é tão importante que, após o mau desempenho em Londres-2012, o Brasil trocou atletas habilidosos por outros mais altos. Tornou-se o time com a maior média de altura da competição.

Segundo em sua chave, o Brasil será o rival do Irã na semifinal desta sexta (16).

A presença de Mehrzadselakjani faz diferença. Na vitória sobre a China, no sábado (10), ele participou apenas de meio set, mas fez seis dos 25 pontos de seu time.

"Dá para notar que nos respeitam mais com ele", diz o técnico do Irã, Hadi Rezaei.

O grandalhão entrou para a seleção em março e está em sua primeira Paraolimpíada. Antes de vir ao Rio, ganhou o prêmio de melhor atacante do Mundial de Anji, na China, neste ano.

"Ele é hoje 50% do jogador que pode ser. Em dois anos, será o melhor do mundo", afirma Rezaei.

Não é pouca coisa para quem, até cinco anos atrás, nunca jogara vôlei. Mehrzadselakjani foi descoberto por Rezaei ao aparecer em um programa de TV sobre pessoas com anomalias físicas.

Em sua primeira entrevista coletiva na Rio-2016, Mehrzadselakjani pareceu tímido e ficou constrangido com as perguntas sobre sua vida pessoal, tanto que o treinador pediu aos repórteres que se ativessem ao vôlei.

Mas, de repente, ele pediu a palavra e contou um pouco da sua história. "Eu nunca havia tocado em uma bola de vôlei. No início, não levei muito a sério, fazia por diversão. Era difícil para mim."

Editoria de Arte/Folhapress
morteza
Comparação de altura de Mehrzadselakjani

VIDA INCLUSIVA

Antes de começar a praticar vôlei, Mehrzadselakjani vivia recluso, com medo da reação das pessoas.

"Passei anos sem sair de casa. Tinha muita vergonha. Há muita gente como eu pelo mundo. Eles têm de ter chances como a que eu tive."

O jogador tem acromegalia, doença que descontrola os hormônios de crescimento. Aos 16, um acidente de bicicleta fez a perna direita parar de crescer, e hoje ela é 15 cm menor do que a esquerda.

Ele tem dificuldades para andar. Após o jogo contra a China, foi o único do time a sair da quadra em uma cadeira de rodas, apesar de diversos membros de sua equipe não terem uma das pernas.

"Demos a ele uma razão para ter alegria. Antigamente, ele saía de casa e as pessoas olhavam estranho. Agora, recebe pedidos de autógrafos, fotos. Virou famoso, um campeão", diz o técnico.

POTÊNCIA

O Irã é uma das duas maiores potências mundiais do vôlei sentado entre os homens. A outra é a Bósnia-Herzegovina. Os dois países disputam a decisão dos Jogos Paraolímpicos desde a edição de Sydney-2000.

Cada uma das seleções conquistou a medalha de ouro paraolímpica duas vezes. O time iraniano levou a melhor em Sydney-2000 e Pequim-2008. Em Atenas-2004 e Londres-2012, foi a vez de a equipe bósnia superar seu principal rival.

Na Rio-2016, Irã e Bósnia-Herzegovina estão justificando seu favoritismo e já chegaram às semifinais. Nesta sexta-feira (16), os asiáticos jogarão contra o Brasil e os europeus vão enfrentar o Egito.

Caso vençam seus adversários, o que é bastante provável, os dois grandes rivais vão protagonizar o quinto confronto consecutivo em decisões paraolímpicas, que teria o sabor de um tira-teima.

Yasuyoshi Chiba/AFP
Iran's tallest sitting volleyball player Morteza Mehrzadselakjani (2nd-R) stands with teammates before a preliminary match agasint Ukraine in the Paralympic Games at Riocentro in Rio de Janeiro on September 14, 2016. / AFP PHOTO / YASUYOSHI CHIBA
Equipe do Irã de vôlei sentado antes da partida contra a Ucrânia
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade