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Dono de 24 medalhas paraolímpicas, Daniel Dias largou a bateria pela piscina

Antes de começar a carreira que fez dele o maior para-atleta da história da natação paraolímpica masculina, Daniel Dias, 28, queria ser baterista.

Evangélico, Dias tocava, quando adolescente, na banda da igreja que frequentava, em Camanducaia, Minas Gerais.

"Chegou um momento em que tive que optar entre bateria e natação. Acho que escolhi certo", brinca o recordista mundial, que conversou brevemente com a Folha durante um evento de patrocinadores neste domingo (18).

Como não tem mãos, tocava com uma espécie de munhequeira desenvolvida pela mãe.

Gosta de todo tipo de música, mas na adolescência curtia mais rock progressivo. Hoje, o artista de música cristã Fernandinho está entre os seus favoritos.

Devido ao apoio de patrocinadores, Daniel Dias é um dos raros casos de atletas paraolímpicos que podem viver exclusivamente do esporte.

"No início, tive paitrocínio", brinca. "Aí, aos poucos, Deus foi me abençoando e os patrocinadores começaram a vir."

Se tornou, na noite de sábado (17), o oitavo maior medalhista da história da Paraolimpíada e o maior medalhista masculino da história da natação paraolímpica. Desde então, mal descansou, e diz que a ficha da conquista ainda não caiu.

"Não consegui dormir, estava com a adrenalina a mil. Fiquei rolando na cama, vi as redes sociais um pouco, mas ainda tem muita mensagem para responder."

Quer comemorar o feito descansando com a família. Ele é casado com Raquel, que conheceu na igreja, e tem dois filhos, um de dois anos, Ashaf ("é um nome hebraico. Quer dizer 'o que junta'") e outro, Daniel, de dez meses.

"Quero tirar um tempo para mim e para ficar com eles. Nos últimos meses não consegui fazer isso. Talvez viaje, mas, principalmente, quero voltar para a minha casa, dormir na minha cama, deitar no meu sofá, ver a minha televisão", diz ele, que treina todos os dias.

Na história do esporte, Dias perde para duas mulheres, a norte-americana Trischa Zorm, que teve 55 pódios, a francesa Béatrice Hess e a alemã Claudia Hengst – as duas ganharam 25 medalhas, enquanto Dias tem 24.

Acha que não consegue superar a norte-americana. "Estes Jogos mostraram como o esporte paraolímpico mudou. O alto rendimento chegou de verdade. Ela foi uma excelente atleta, mas, devido à evolução do esporte, você conseguir esse número de medalhas hoje é muito difícil."

Mas quanto às outras duas, o futuro está em aberto. Seu objetivo agora é ir aos Jogos de Tóquio, em 2020. Se conseguir, será sua quarta Paraolimpíada.

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