RONALDO
VAINFAS
O
Abolicionismo (1883), de Joaquim Nabuco (Ed. Nova Fronteira)
- Livro engajado na causa abolicionista de forma moderada,
um clássico do pensamento liberal à moda brasileira.
O melhor do livro é o fato de Nabuco ter percebido
a especificidade da escravidão brasileira em relação
à norte-americana, salientando que, entre nós,
ela não correspondia exatamente às hierarquias
raciais.
Sobrados
e Mucambos (1936), de Gilberto Freyre (Ed. Record) - O
segundo grande livro de tantos quanto escreveu Freyre, neste
caso desvendando o cotidiano da escravidão no cenário
urbano do Rio de Janeiro no século 19. Complementa
seu livro maior, "Casa-Grande & Senzala", de
1933.
Formação
da Literatura Brasileira (1957), de Antonio Candido (Ed.
Itatiaia) - Clássico do maior crítico literário
brasileiro e historiador de nossa literatura. Com máxima
acuidade e erudição, desvenda a constituição
de um sistema literário no Brasil desde 1750 até
1880. Combina análise estética com interpretação
histórica, atento à formação da
nacionalidade e suas representações.
Da
Senzala à Colônia (1966), de Emília
Viotti da Costa (Ed. Unesp) - O título não é
bom, mas o livro é clássico sobre o complexo
jogo de interesses envolvido na abolição do
tráfico e da escravidão no Brasil.
Homens
Livres na Ordem Escravocrata (1969), de Maria Sylvia de
Carvalho Franco (Ed. Unesp) - O primeiro livro que, estudando
a sociedade escravista, pôs em cena os brasileiros que
não eram senhores nem escravos, utilizando-se pioneiramente
de processos-crime como fonte histórica.
Nordeste
1817 (1972), de Carlos Guilherme Mota - Um grande livro
sobre o conflito de classes e suas representações
na Revolução de 1817, umas das várias
insurgências da história pernambucana. Incluo
o livro no período imperial porque trata do contexto
joanino, pré-emancipatório.
Rebelião
Escrava no Brasil (1985), de João José Reis
(Ed. Companhia das Letras) - O melhor livro de um dos melhores
historiadores brasileiros atuais, na minha opinião
o melhor. É livro sobre a Revolta dos Malês,
na Bahia, em 1835: uma lição de como estudar
o conflito social em conexão com o poder, a cultura
e as religiosidades, além de ligar a história
brasileira à africana.
Tempo
Saquarema (1986), de Ilmar Mattos (Ed. Access) - A melhor
interpretação sobre a formação
do Estado imperial numa perspectiva de luta de classes, explicando
a hegemonia alcançada pelo Rio de Janeiro escravocrata
no século 19.
Bahia,
Século 19 - Uma Província no Império
(1992), de Kátia Mattoso (Ed. Nova Fronteira) -
Reúne resultados de pesquisas realizadas desde os anos
60. Historiadora "greco-baiana" de forte formação
braudeliana, foi uma das primeiras a valorizar as relações
entre geografia e história, as fontes seriais e a demografia
histórica. Utilizou números sem prejuízo
da narrativa e a favor de uma história social global.
Na
Senzala, uma Flor (1999), de Robert Slenes (Ed. Nova Fronteira)
- Apesar de publicado somente em 1999, reúne pesquisas
e textos que o autor realiza há décadas. É
o principal historiador da cultura banto na diáspora
da escravidão brasileira. Explica a recriação
de identidades culturais africanas, apesar e através
da escravidão.
Leia
mais: O que falta estudar: A
Independência e a Regência, por Evaldo Cabral
de Mello
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