O
que falta estudar na história brasileira
A
unidade nacional
João José Reis
especial para a Folha
Permanece um enigma a transformação da América
portuguesa em um só país chamado Brasil, enquanto
a América espanhola se dividiu em numerosas nações.
A luso-monarquia parlamentar e a afro-escravidão generalizada
não bastam para explicar a unidade, embora não
sejam elementos desprezíveis.
Ao longo das duas décadas que se seguiram à
Independência, tanto a monarquia como a escravidão
foram contestadas em rebeliões que poderiam redundar
no esfacelamento da recém-criada nação.
Por que, como, quando, onde exatamente foram vencidos esses
movimentos?
Quem vivia no Brasil do período regencial, por exemplo,
não dormia com a certeza de que o país acordaria
unificado e, em alguns lugares, sob controle dos brancos.
Existem estudos sobre movimentos separatistas e/ou republicanos
específicos e sobre a política imperial desde
Pedro 1º, mas não uma obra ao mesmo tempo abrangente
e profunda, com pesquisas feitas, articuladamente, no centro
e nas diversas periferias do Império.
Pesquisa desse porte provavelmente demanda trabalho em equipe.
Mas por que não? O importante é concordar sobre
uma estratégia sistemática de levantamento de
fontes comparáveis, a partir de um elenco de problemas
a serem investigados e hipóteses a serem testadas,
em torno da questão dispersão/unidade. Seria
um bom projeto sobre como e quando o Brasil realmente nasceu.
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