O
que falta estudar na história brasileira
O
pós-Segunda Guerra
Angela de Castro Gomes
especial para a Folha
De
uma forma geral, sobretudo se comparados aos estudos sobre
o Brasil colonial e imperial, são recentes os textos
que contemplam o período republicano. Isto se deve
a uma antiga e atualmente não tão forte desconfiança
dos historiadores de ofício em relação
ao "tempo presente". Por essa razão, também
de uma forma geral, há muito o que pesquisar, sobretudo
quando se ultrapassam os anos do pós-Segunda Guerra,
quando os acontecimentos ganham enorme velocidade e densidade,
relacionando-se cada vez mais com as questões que nos
são contemporâneas.
Uma sugestão, contudo, tem importância particular.
Ela diz respeito à realização de estudos
que tenham como objeto a própria produção
do conhecimento histórico no Brasil: as instituições,
os autores e as obras que construíram nossa memória
e história. Aí o período republicano
ganha espaço especial e convida a todos a se debruçar,
diligentemente, sobre ele.
Critérios
da lista
A seleção de livros que realizei para esta edição
do Mais! seguiu alguns critérios. Aqui estão
livros de autores brasileiros, que analisam a experiência
de nossas várias repúblicas, desde a Proclamação
até o período posterior ao regime militar. Evitou-se,
assim, os títulos que contemplam a história
do Brasil de maneira geral.
Por outro lado, privilegiou-se tanto textos considerados,
hoje,
clássicos para a historiografia do período,
por seu pioneirismo e pelo debate que produzem, quanto textos
recentes que reúnem a contribuição de
vários autores. Também houve a preocupação
em contemplar a história política, econômica,
social e cultural, assumindo uma perspectiva multidisciplinar
para pensar a produção do conhecimento histórico.
Leia
mais: O que falta estudar: A
herança africana, por Manolo Florentino
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