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Estilista ensina como ser "chic"
LIvro já vendeu 30 mil exemplares
AJB 01/02/97 19h37
do Rio de Janeiro
Como fazer uma mala, qual o melhor decote para um pescoço curto
e o que dizer à vendedora que insiste em dizer que aquela roupa "é a sua
cara". Tudo isso a paulista Gloria Kalil ensina no livro Chic - Um guia
básico de moda e estilo, lançado quinta-feira no Rio em coquetel no
Copacabana Palace. Mas Glória pretende dar mais do que dicas de como se
vestir ou se comportar: quer dar confiança aos leitores para que criem um
estilo próprio. "O estilo é uma escolha pessoal. Na verdade, não tem
muito a ver com a moda. Ela passa, o estilo fica", ensina. Aparentemente,
tem muita gente precisando desta lição: a Editora Senac já imprimiu a
quarta edição de Chic, totalizando 30 mil exemplares
comercializados em São Paulo desde 12 de dezembro.
"Não havia um livro como este aqui, ligando moda e comportamento,
opinativo e com dicas absolutamente práticas", orgulha-se Glória. Ilustrado
com desenhos de Pinky Wainer e fotos de Nana Moraes, o livro é o resultado
da longa experiência profissional de Glória como jornalista de moda e dona
das confecções Fiorucci e Jeigikei. "Tenho 20 anos de janela", conta Glória,
que não aparenta os 52 anos.
Quando a Fiorucci italiana abriu falência, a griffe carioca, já
abalada por vários planos econômicos, acabou fechando as portas das suas 12
lojas e 20 franquias. De 1993 a 95, Glória segurou as pontas com a Jeigikei.
Em 95, contudo, ela entregou os pontos e decidiu prestar consultoria de moda
e estilo para empresas. Professora de moda do Senac, foi convidada pelo
serviço para fazer um vídeo sobre tendências de moda. "Fiz um projeto
tão grande que, quando apresentei, disseram que não era um
vídeo, mas um livro. Só faltava escrever."
Para compor Chic, Glória também se baseou nas imagens fisgadas nas
ruas, tentando estabelecer alguns limites mínimos de bom gosto. "Não
dá para admitir pessoas gordíssimas com fuseau branco e salto alto ou
calça jeans semibaggy com uma bainha que vem até a altura do joelho",
horroriza-se. Aliás, comenta, ela não sabe de onde a brasileira tirou
a preferência pelo jeans de pernas largas, estreito na boca. "A brasileira
já é semibaggy!", observa.
Apesar destes horrores, Glória acha que o brasileiro está se vestindo
melhor. "Moda é questão de informação: quanto mais
informação a gente tem, mais tem condições de optar", define,
lembrando que na imprensa a moda deixou os cadernos dedicados exclusivamente
à mulher para entrar nas seções que tratam de comportamento. Uma das
transformações mais curiosas, reflete, é que a pós-modernidade também chegou
ao vestuário. "Há 20 anos, Jacqueline Kennedy era um padrão de
elegância. Nesses tempos fragmentados, a moda é de tribos."
A própria Glória tem um estilo sóbrio e clássico, esbanjando do preto, do
branco e cru. "Meu guarda-roupa é de uma monotonia extraordinária", admite.
Ela suaviza o look sóbrio com acessórios engraçados ou diferentes.
Apesar de chique, adora fazer compras em lojas populares: "Pode-se encontrar
muita coisa boa", ensina. Verdade é que as lojas não ajudam. "Eles
amontoam os produtos de qualquer jeito e as vendedoras estão lá para
te impedir de roubar, não para informar. O comércio não mudou
em 50 anos. Todo mundo na Internet e as lojas iguaizinhas."
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