Filme milionário de Paul Verhoeven gera polêmica nos EUA

"Tropas Estelares", que estréia no Brasil no próximo dia 27, vem gerando polêmica nos EUA. A imprensa local diz que o filme exalta os valores da força e do militarismo de forma acrítica

Agência Folha 04/02/98 19h32
São Paulo

Uma ficção científica que quase enterra a carreira de seu diretor. ''Tropas Estelares'', o mais novo trabalho do cineasta Paul Verhoeven, custou cerca de US$ 100 milhões para chegar às telas -metade do valor de ''Titanic''- e poucas críticas para se tornar um caso.
O filme, com estréia prevista para o próximo dia 27 no Brasil, foi acusado por parte da imprensa de seu país de ser um libelo nazista, uma perigosa e radical metáfora da atual situação do poderio norte-americano no mundo, em que os valores da força e do militarismo são exaltados de forma acrítica.
''Tropas Estelares'' foi imaginado como o veículo para o retorno do holandês Verhoeven, que após ser celebrado em Hollywood pelos sucessos de ''Robocop'', ''O Vingador do Futuro''e ''Instinto Selvagem'', fracassou com a mistura de erotismo e perversidade de ''Showgirls'', de 1995.
A idéia era fazer do romance de Robert A. Heinlein uma diversão tão garantida quanto ''Guerra nas Estrelas''. O livro mostra a batalha interplanetária, no século 24, entre terráqueos e insetos gigantes que tentam dominar o planeta e exterminar a humanidade.
A luta é contada pelos olhos de um adolescente que decide combater os invasores e, para isso, integra o Exército.
O narrador recebe então treinamento e curiosas lições morais: a de que a tortura é um método aceitável de punição para a sociedade e que o século 20 foi decadente porque acreditou em valores como vida, liberdade e procura pela felicidade.
Verhoeven, em entrevistas, disse ter moldado o filme segundo o aspecto dúbio da história, acrescentando que todo o imaginário de ''Tropas Estelares'', em sua adaptação para o cinema, foi baseado nos filmes realizados pela alemã Leni Riefenstahl como propaganda nazista na Alemanha de Hitler.
Para se defender, Verhoeven declarou ao jornal francês ''Libération'' que ''o filme não trata do nazismo histórico, mas da sociedade norte-americana e algumas de suas tendências. O filme é sobre a idéia de imperialismo''. Uma resposta não menos polêmica.


 
   
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