Modotti teve muitos homens durante sua vida

Fotógrafa apaixonou-se por vários revolucionários

Agência Folha 19/05/97 16h05
De São Paulo

Além de política e arte, não faltaram homens na vida de Tina Modotti. A própria artista não negava isso e certo dia escreveu: "Tina Modotti - profissão - homens!". O primeiro deles foi o artista e poeta Robo de Richey. É ele quem cria as estampas inspiradas em batique javanês que Tina usa para confeccionar roupas que usará nos filmes em que atua.

Ainda casada com Robo, Modotti conhece o fotógrafo norte-americano Edward Weston, de quem será aprendiz, modelo e amante. Mantém relações menos sérias com Pepe Quintanilha, irmão caçula do escritor e diplomata Luis Quintanilla, e com o pintor Diego Rivera, já casado com Lupe Marín.

Mas foram os revolucionários que mais cativaram o coração de Tina Modotti, como Xavier Guerrero, um dos responsáveis pelo jornal "El Machete", em que Modotti publicava suas fotografias.

Em um protesto contra a execução de Sacco e Vanzetti, em 1927, conhece dois de seus futuros amantes: o militante cubano Julio Antonio Mella, um dos líderes dos comunistas mexicanos (assassinado ao seu lado em 11 de janeiro de 1929), e o italiano Vittorio Vidali, com quem terminará seus dias.

Tina Modotti voltou a ser manchete em 1991, quando uma fotografia sua, "Roses" (1928), bateu o recorde mundial do setor ao atingir o preço de US$ 167 mil. O trabalho foi comprado por Susie Tompkins, que, assim como Madonna, é uma colecionadora de fotos de Modotti.

Também como Madonna, Tompkins tem patrocinado mostras da fotógrafa no MoMA de Nova York e em outros museus dos Estados Unidos, sendo uma das responsáveis pela divulgação da obra da artista no país.

O ano de 1928 foi um dos mais férteis na produção de Modotti. Foi quando realizou, além de "Roses", fotos como "Fios Telegráficos" e "Flor de Manita".

A biografia "Tina Modotti, Fotógrafa e Revolucionária", lançamento da editora José Olympio, vai ajudar o leitor a conhecer bem a vida da militante comunista italiana, mas pouco de sua obra fotográfica, já que as fotografias não estão bem reproduzidas e não fazem justiça à artista. Mas a autora compensou isso dissecando a vida da biografada em detalhes, recolhidos em quatro anos de pesquisas.

É possível saber, por exemplo, até as cores das roupas com que Julio Antonio Mella, amante de Modotti, foi assassinado. A linguagem usada, por vezes menos descritiva e mais romanceada, também facilita o envolvimento do leitor na saga de Tina Modotti.(Celso Fioravante)