Octavio Paz morre aos 84 anos no México

Presidente mexicano diz que país perdeu seu maior pensador

Agência Folha 20/04/98 19h22
De São Paulo

O escritor, poeta e ensaísta mexicano Octavio Paz, o mais celebrado autor da América Latina nos últimos anos, morreu às 23h35 de domingo, aos 84 anos, em sua casa na capital mexicana. O corpo do escritor foi velado a partir das 14h desta segunda no palácio de Belas Artes. A morte de Paz (autor de "Salamandra", entre muitos outros) foi anunciada publicamente na madrugada pelo presidente do país, Ernesto Zedillo, que afirmou que "o México perdeu seu maior pensador e poeta".

Octavio Paz, prêmio Nobel de literatura em 1990, tinha câncer e flebite (inflamação da membrana interna das veias), que o afastaram de atividades públicas nos últimos anos. Ainda assim, em dezembro de 1997, assistiu à abertura da fundação que recebe o seu nome.

Os últimos meses da vida do escritor foram marcados por uma série de incidentes. A começar pelo incêndio de sua casa na Cidade do México, em dezembro de 1996, que o abalou profundamente por destruir parte de sua biblioteca, onde guardava exemplares de obras raras e pinturas. Desde então, Paz foi internado várias vezes, em função de sua doença.

Em julho de 1994, o poeta foi submetido a uma operação cardíaca em Houston, nos Estados Unidos, e sua recuperação foi satisfatória. No ano passado, a Universidade Nacional Autônoma do México instituiu uma cátedra extraordinária para Octavio Paz. Foi a primeira vez que uma cadeira foi criada para homenagear um escritor ainda vivo.

Octavio Paz viveu e atuou em diversos países. Em 1938, mudou-se para Paris, onde entrou em contato com o surrealismo e o existencialismo. Entre 1945 e 1951, trabalhou na embaixada do México na capital francesa e, de 1962 a 1968, foi embaixador na Índia, cargo que abandonou por razões políticas. O poeta foi casado com a escritora Elena Garro, com quem teve uma filha, Helena, e com Marie José Tramini, artista plástica de origem francesa.

Em agosto de 1997, Paz afirmou, em entrevista para a televisão mexicana, que a poesia "é a memória dos povos e uma grande 'fabricante' de fantasmas". "A memória é criadora e, assim, paradoxo da poesia. Esta é a memória dos povos, mas também aquela parte secreta da alma na qual, de alguma forma obscura e ambígua, se reflete e perfila o futuro", disse o poeta.

Leia também


 
   
Pesquise em outras páginas através do Radar UOL

Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo
desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso,
sem autorização escrita do Universo Online ou do detentor do copyright.